terça-feira, setembro 06, 2005

À Beleza








Não tens corpo, nem pátria, nem familia,

Não te curvas ao jugo dos tiranos.

Não tens preço na terra dos humanos,

Nem o tempo te rói.

És a essência dos anos,

O que vem e o que foi.



És a carne dos deuses,

O sorriso das pedras,

E a candura do instinto.

És aquele alimento

De quem, farto de pão, anda faminto.



És a graça da vida em toda a parte,

Ou em arte,

Ou em simples verdade.

És o cravo vermelho,

Ou a moça no espelho,

Que depois de te ver se persuade.



És um verso perfeito

Que traz consigo a força do que diz.

És o jeito

Que tem, antes de mestre, o aprendiz.



És a beleza, enfim. És o teu nome.

Um milagre, uma luz, uma harmonia,

Uma linha sem traço...

Mas sem corpo, sem pátria e sem família,

Tudo repousa em paz no teu regaço.



À Isabel Filipe que me ofereceu a imagem que abre o post de hoje retribuo com todo o carinho ofertando este poema de Miguel Torga.



6 comentários:

O Turista disse...

O "Turistar" faz 1 ano...
:)
Há bolo! Aparece...

o Turista - www.turistar.blogspot.com

Isabel Filipe disse...

Oi Lumife...

Bom dia...
e Obrigada... fiz com carinho...
o poema é lindissimo... Torga é um dos meus escritores favoritos... apaixonei-me por ele quando li a obra "A Criação do Mundo"...são vários volumes...todos fantásticos..

1 beijo

batista filho disse...

Beleza de poema, beleza de imagem! Parabéns aos 3: Torga, Isabel e Lumife.

wind disse...

Lindo:))))) beijos

Nilson Barcelli disse...

Boa combinação, isto é, texto e imagem estão em sintonia, o que não é fácil.
O Torga já se consagrou e nem comento, mas a Isabel foi uma agradável descoberta que fiz há uns meses. Ela é mesmo uma Artista.
Abraço.

Cristina disse...

Olá lumife,

O poema é lindissimo e acompanhado com a arte da Isabel ainda mais lindo fica

:)
Beijinhuu

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