quarta-feira, outubro 26, 2005



Venha visitar a Feira dos Santos/Frutos Secos


Esta é a última feira que se realiza em cada ano na região alentejana. Tal facto, aliado à sua intensa actividade comercial, contribui para o enorme prestígio de que desfruta na região.

Numa altura em que a grande maioria das feiras se tem gradualmente transformado em mero local de diversão, a Feira dos Santos/Frutos Secos tem conciliado, a par desta característica, as vertentes de comércio tradicional e de local de encontro de amigos, particularidades reveladas ano após ano.

Frutos secos, vestuário, utensílios agrícolas, artigos domésticos, são exemplos do intenso comércio que caracteriza a Feira dos Santos, contribuindo para que nos dias de Feira afluam a Alvito milhares de pessoas vindas de todo o País.


Entretanto, tem também havido um grande empenho no sentido de dotar a Feira de actividades de carácter cultural e recreativo que estejam ao nível do seu prestígio.

Visitar a Feira dos Santos/Frutos Secos, é pois, uma “obrigação” e um óptimo pretexto para conhecer Alvito, a sua beleza e o seu património.









PROGRAMA


29 Outubro (Sábado)




Inicio da Semana Gastronómica da Caça (nos restaurantes aderentes do Concelho de Alvito)

9h30 – 2º Passeio Equestre “Feira dos Santos”

10h00 – Torneio de Ténis de Mesa e Corrida de Patins em Linha

10h00 – Abertura de exposição de Antiguidades e Velharias para leiloar na Galeria de Arte (Largo das Alcaçarias, 3A)

16h00 – Abertura da exposição de cerâmica e pintura “O Cante Alentejano”, de António Duro no Centro Cultural de Alvito

17h00 – Abertura oficial da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais, com a presença da Banda Filarmónica dos Bombeiros Voluntários de Alvito, no Quintalão

21h30 – Espectáculo musical com SUDOESTE no Palco da Feira

24h00 – Fecho da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

02h00 – Fecho dos Bares da Feira



30 Outubro (Domingo)



9h00 - Reabertura da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

9H30 – Prova de Atletismo

10h00 – Abertura de exposição de Antiguidades e Velharias para leiloar na Galeria de Arte (Largo das Alcaçarias, 3A)

16h00 – Leilão de Antiguidades e Velharias na Galeria de Arte (Largo das Alcaçarias, 3A)

17h00 – Espectáculo musical com CAMPOS DO ALENTEJO no Palco da Feira

21h30 - Espectáculo musical com grupos de Música Popular Portuguesa

24h00 – Fecho da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

02h00 – Fecho dos Bares da Feira




31 Outubro (2ª Feira)




(Dia com actividades patrocinadas pelo INATEL)

9h00 - Reabertura da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

15h30 – 1º Festival Etnográfico dos Santos com:
· Chocalheiros de Vila Nova de S. Bento (pelo recinto)
· Bicicleta Gigante (70 ciclistas)
· Rancho Folclórico Verdes Campos (Palco da Feira)
· Grupo de Jogo do Pau (Palco da Feira)

21h30 - Espectáculo musical com Rastemenga (INATEL) no Palco da Feira

24h00 – Fecho da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

02h00 – Fecho dos Bares da Feira



01 Novembro (3ª Feira)



9h00 – Reabertura da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

10h00 – Arruada pela Banda Filarmónica dos Bombeiros Voluntários de Alvito

15h00 – Actuação de grupos corais, no Palco da Feira

17h00 - Actuação dos Ganhões de Castro Verde, no Palco da Feira

24h00 – Encerramento da X Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Que fizeram dos nossos sonhos, Manuel ?





Que fizeram dos nossos sonhos, Manuel?





Estou no meu cantinho a escrever as minhas coisas, longe da ribalta. Mas agora tem que ser.

Meu nome é António Mesquita Brehm, tenho 78 anos, e escrevo este depoimento como simples cidadão português e não como Vitório Káli, escritor.



As traições não são apenas de agora e transformam sempre o destino dos homens.



Em 1962 encontrei-me, pela primeira vez, com Manuel Alegre em Luanda. Sacámos o santo e a senha da algibeira para nos identificarmos e, a partir daquele breve instante, metemo-nos numa das maiores aventuras das nossas vidas. Combinámos formar um único grupo com armas na mão e derrubar o regime de Salazar.



A guerra colonial havia começado tempo antes, centenas de colonos portugueses tinham sido cruelmente abatidos nas matas do norte de Angola e alguns milhares de negros sofriam agora perseguições e morte nos musseques de Luanda. A vergastada emocional paralisou os nervos da população. Mas toda a gente lúcida sabia que se tornara imperioso estancar aquele martírio inútil dos nossos povos.

Se tomássemos o poder em Luanda e controlássemos Angola, faríamos um ultimato a Salazar e encetaríamos negociações com os movimentos de libertação para discutirmos as condições da independência do território protegendo não só os direitos naturais dos angolanos como ainda de todos os portugueses que ali viviam.



Foi então, às vésperas do golpe militar, que um oficial nosso compatriota nos traiu (ele e alguns mais) e nos denunciou à PIDE acusando-nos de estarmos a vender Angola às forças de Satanás. Toda a cabeça do grupo revolucionário foi presa e encurralada na Prisão de São Paulo de Luanda. Nas celas pegadas às do Luandino Vieira, do António Jacinto e do António Cardoso, cujos nomes ficaram bem gravados na literatura angolana.



Hoje, na proximidade de grandes decisões para o nosso país, afinal também o mesmo acontece. A traição tem sempre um preço.



Estes factos foram determinantes para a evolução da guerra de Angola. E ela continuou por mais onze anos provocando milhares de mortos e estropiados ao exército português e genocídios aterradores de populações angolanas, a fuga em massa dos nossos colonos que lá deixaram os seus haveres, tudo aquilo que era afinal o resultado de muitos anos de trabalho e esperanças. E a destruição de toda uma economia regional que deveria sustentar o futuro de um dos países africanos mais poderosos, e possibilitando o assalto das elites angolanas e dos oportunistas desta lusa terra ao domínio dos grandes negócios e dos empregos milionários enquanto o povo humilhado sofria a fome, a doença, o estropiamento e o abandono.



Pois isto aconteceu muitos anos antes da revolução do 25 de Abril. E teria certamente apontado novo caminho ao futuro de Portugal e de todas as nossas antigas colónias africanas. Os poderes oficiais, e aquela cáfila que deles se aproveita, fizeram uma lavagem da História. Nunca falaram sobre o golpe militar de 1963 em Luanda. Mas o nosso processo policial está fechado a sete chaves, desde há muito, nos Arquivos da PIDE e um dia será detalhadamente revelado para espanto de muita gente. Também eu publicarei mais tarde meu livro de memórias sobre este período da nossa vida colectiva.



Neste momento da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, é meu dever recordar a nossa saga de Angola, a figura lendária do Silva Araújo com o seu esquadrão de 500 guerreiros africanos, o major José Ervedosa que, no comando dos aviões de bombardeamento das bases da Ota e do Montijo da Força Aérea Portuguesa lançou as bombas de napalm nos sítios desertos da região de Malange para desrespeitar as ordens de massacrar os milhares de trabalhadores em greve da Baixa do Cassange, o Felisberto Lemos, gerente da Livraria Lello de Luanda, onde se organizaram também muitos encontros clandestinos, o comandante Jeremias Tschiluango dos guerrilheiros do Norte que logo se dispôs a levantar esquemas logísticos para nos ajudar a ocupar Luanda, o chefe Matifoge que roubou armas e munições nos quartéis portugueses.

E aqueles homens como o Vítor Barros, deputado da nossa Assembleia Nacional, que no Huambo nos abriu as portas dos gabinetes dos chefes militares das tropas da cidade, e o engenheiro Fernando Falcão que no Lobito havia preparado o levantamento da sua população contra o regime de Salazar.

E tantos outros oficiais e praças do nosso exército colonial e incógnitos civis que, desde a primeira hora, se integraram no movimento para a defesa da Liberdade.



E também muitos poetas e intelectuais (que palavra horrível) como o Alexandre Dáskalos, o Cochat Osório, o Adolfo Maria, o Henrique Abranches, o Mário António, o Aires de Almeida Santos, o Neves e Sousa, e os nossos camaradas do 1º Encontro de Escritores de Angola realizado no Lubango em Janeiro de 1963. Porque as revoluções também se preparam com poetas, escritores e artistas.



Mas a hora chegara.

E o nosso Manuel Alegre, o nosso grande poeta da gesta portuguesa e da nossa Resistência, foi também então um dos grandes líderes desta revolta armada. E muito deverá contar aos portugueses sobre aquelas horas transcendentes.



Por fim desejo contar dois episódios acerca dele nesse período que nunca esqueci. O primeiro aconteceu no pátio da nossa prisão na hora do recreio quando, de repente, recebemos a visita de São José Lopes, Director Geral da PIDE, que vinha "inspeccionar" o nosso comportamento. Perguntou diversas futilidades sobre a prisão, estacou diante do meu companheiro e disparou: – "Diga lá, senhor Alferes, se esta situação estivesse invertida e você me tivesse preso, o que faria?". Manuel Alegre não vacilou um segundo e respondeu-lhe com firmeza: – "Olhe, senhor Director, mandava-o prender sem hesitações para ser julgado e depois condenado, sem dúvida". São José Lopes, o senhor todo-poderoso da polícia secreta em Angola, ficou perplexo. Não esperava por tal desafio, esteve algum tempo calado e depois sentenciou: – "O senhor Alferes é um homem de coragem". Qual seria o preso, naquelas condições, que o enfrentaria com tal dignidade?



O segundo passou-se em minha casa quando fomos libertados, muitos angolanos nos vieram saudar. Recordo que nessa noite de alegria os funcionários negros da Texaco (a estação de serviço ao lado) nos bateram à porta para nos entregar duas galinhas vivas e era essa a singela homenagem de agradecimento pela luta que sempre travámos junto deles. Foi um bonito ritual de que só, muitos anos depois, entendi no seu verdadeiro significado. Madalena, minha fiel lavadeira da Vila Alice, a pequena Lídia que se esgueirava pelos becos com nossas mensagens, Simão, o carpinteiro do Rangel, que dirigia o grupo dos batedores do bairro e alguns outros, lá estavam presentes à nossa espera, as bocas rasgadas no melhor sorriso que vi até hoje. Manuel Alegre ficou com as lágrimas a brilhar de emoção quando eles o abraçaram. – "Somos todos irmãos", lhes disse. "Um dia os nossos povos caminharão sempre juntos".



Então, senhores historiadores, que é feito dos vossos conhecimentos e da vossa memória?

A juventude portuguesa terá que saber da verdade histórica que, nos subterrâneos do tempo, fundamentou o nascimento das nações africanas que falam a nossa língua e nos deu então a liberdade. A liberdade que ainda temos.



Que fizeram dos nossos sonhos, Manuel?



Decorridos tantos anos, o que vemos?

A nossa revolta de 63 foi enterrada, o 25 de Abril morreu há muito, os velhos conceitos políticos transfiguraram-se do dia para a noite (não apenas simbolicamente), já não existem esquerda e direita mas uma nova linha ética que marca plenamente dois territórios, o mundo dos homens que defendem o povo, os humildes e os pobres, o imperativo categórico da verdade, a igualdade de oportunidades e, do outro lado, aqueles que se defendem a si próprios, as suas fortunas, os seus privilégios, as suas leis ultrapassadas na justiça, na educação, na saúde, na administração, provocando a miséria do pão-nosso de cada dia, a insegurança nas ruas, a destruição das nossas florestas e os incêndios programados, a corrupção nos serviços, os compadrios dos partidos políticos (em que todos se ajeitam), as incompetências dos serviços públicos, os discursos vazios de dirigentes partidários, o negocismo que manda construir estádios megalómanos em detrimento da construção de novos hospitais, o absurdo despesismo com os nossos soldados no estrangeiro, a aquisição de material de guerra que ninguém sabe contra quem, enfim, o crescente divórcio entre o povo e o Estado.

A lista não tem fim.



Compete ao futuro Presidente da República corrigir estes desmandos e vigiar o comportamento ético do Estado. Sim, Ético. E estamos em cima do fio da navalha:

Se o povo português não compreender que estas eleições são as mais importantes em Portugal depois do 25 de Abril e não souber votar com a consciência de que é o futuro da nossa juventude (o futuro do país) que está em causa, então jogará a pátria nos braços e nas garras de soberanias alheias.

Basta.

Que não se fale tanto em democracia a torto e a direito mas que a pratiquem de coração aberto.

Não são os partidos que elegem o Presidente.

O povo é que deve dar a sua Voz.



Esta é a mensagem que te deixo nesta hora dramática da vida dos portugueses. A nação procura um homem sério, corajoso, leal, abnegado, generoso e honrado. Com a dignidade das íntimas convicções.

Avança, Manuel.



Publicado em:

www.manuelalegre.com

quarta-feira, outubro 19, 2005

Agenda de Outubro - II

ALJUSTREL







FEIRA NOVA DE OUTUBRO





Os frutos secos da época voltam a ser reis e senhores na edição 2005 da Feira Nova em Aljustrel. Trata-se de uma tradição que se repete, entre os dias 21 e 24 deste mês de Outubro, no recinto exterior do Parque de Exposições e Feiras da Vila Mineira.

Este ano a Câmara Municipal de Aljustrel, a entidade promotora, volta a apostar neste certame que, a cada ano que passa, cresce em número de visitantes e de feirantes. Um crescimento positivo que não é de estranhar já que a autarquia tem apostado no entretenimento e na cultura.

No que toca ao certame principal as tradicionais barraquinhas dos feirantes vão, mais uma vez, marcar forte presença nesta feira de Outubro onde se podem adquirir os mais variados produtos desde roupa, sapatos, enchidos, queijos, produtos artesanais entre muitos outros artigos.

Os frutos da época são um dos principais atractivos desta feira que “convidam” todos os anos centenas de pessoas a visitar o certame. Tanto as nozes, como os figos secos, as amêndoas, os pinhões e as castanhas assadas quentinhas, anunciadas pelo cheiro e pelo pregão característico dos vendedores, fazem as delícias de todos.







IV FEIRA DO LIVRO E MULTIMÉDIA




Mais de meia centena de editoras marcam presença em Aljustrel



À semelhança do que tem sucedido nos últimos anos a Câmara Municipal de Aljustrel promove, em simultâneo com a Feira Nova de Outubro, a Feira do Livro e Multimédia. Uma mostra a visitar no Pavilhão do Parque de Exposições e Feiras de Aljustrel de 21 a 26 de Outubro.

Trata-se de uma iniciativa da Biblioteca Municipal de Aljustrel que reúne mais de meia centena de editoras que apresentam nesta mostra cerca de 5 mil livros. Neste universo imenso de géneros literários pode encontrar-se obras para todos os gostos dos mais variados autores portugueses e estrangeiros. Uma mostra com livros infantis, policiais, culinária, livros técnicos, jardinagem, filosofia, decoração, romance, poesia, prosa entre muitos outros.

Marcam também presença nesta feira editoras discográficas que trazem até à vila mineira as últimas novidades em CD, vídeos e DVD`S. Tudo a preços convidativos.

Para animar ainda mais este certame, do ponto de vista do entretenimento, actuam, sexta-feira à noite, o grupo de música tradicional “Serões do Alentejo” e grupos corais e etnográficos do concelho de Aljustrel.

Integrado na programação da Feira do Livro e Multimédia vai ainda estar patente ao público uma exposição de pintura do NAVA, Núcleo de Artes Visuais de Aljustrel.




ALVITO-FEIRA DOS SANTOS




BEJA





PAX JULIA - Teatro Municipal


Visite o site PAX JULIA que lhe dá todas
as informações sobre cinema, teatro, música, dança, multidisciplinares, exposições.

Insensatez




Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi tão fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado

Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado.



Vinícius de Moraes

terça-feira, outubro 18, 2005

Arrojos





Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.



Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.



Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos nocturnos.



Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.



Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.



Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.



Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.



E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
Às mesas espelhentas do Martinho



Cesário Verde

segunda-feira, outubro 17, 2005

Se minhas mãos pudessem desfolhar





Pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
a beber na lua
e dormem as ramagens
dos arvoredos ocultos.
E sinto-me vazio
de paixão e música.
Louco relógio que canta
antigas horas mortas.

Pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante do que todas as estrelas
e mais dolente do que a mansa chuva.

Tornarei a te querer como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?

Se a névoa se dissipa,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!



*


Para A Dizzie e Romero


*


Si mis manos pudieron deshojar


Yo pronuncio tu nombre
en las noches oscuras,
cuando vienen los astros
a beber en la luna
y duermen los ramajes
de las frondas ocultas.
Y yo me siento hueco
de pasión y de música.
Loco reloj que canta
muertas horas antiguas.

Yo pronuncio tu nombre,
en esta noche oscura,
y tu nombre me suena
más lejano que nunca.
Más lejano que todas las estrellas
y más doliente que la mansa lluvia.

Te querré como entonces
alguna vez? Que culpa
tiene mí corazón?

Si la niebla se esfuma,
qué otra pasión me espera?
Será tranquila y pura?
Si mis dedos pudieron
deshojar a la luna!!



Federico García Lorca

sexta-feira, outubro 14, 2005

Agenda de Outubro




Castro Verde





14 – 15 e 16 de Outubro – Feira de Castro


O ritual repete-se todos os anos. É a azáfama ensurdecedora, que num ambiente outonal, confere às ruas um colorido único. Um cheiro já característico invade as ruas. De um lado, o polvo assado, do outro o algodão doce e o torrão de alicante. Há ainda o vendedor de castanhas e os algarvios com os frutos secos.

No âmbito deste evento secular, em parceria com associações e colectividades do concelho, a Câmara Municipal de Castro Verde, preparou um conjunto de iniciativas culturais que procurarão enaltecer o valor deste momento histórico.







Ferreira do Alentejo





Até 16 de Outubro – “O CORPO” – Exposição de Pintura

e Escultura de Nazareth Moreira.


De 20 de Outubro a 20 de Novembro – Exposição de

trabalhos do Centro de Convívio de Aldeia

de Rouquenho


29 de Outubro – 21h30 – No Auditório da Biblioteca

Municipal – Espectáculo do Grupo de Teatro Arte

Pública:

“CAMÕES é um poeta RAP”


VII Jogos Culturais do Concelho de Ferreira do

Alentejo –

Temática : Ambiente –proteger, preservar, partilhar.

Prosa – Poesia – Artes Plásticas – Música – Fotografia

Entrega de trabalhos até 30 de Novembro de 2005.






Alvito - 29 - 30 -31 de Outubro e 01 de Novembro

A última feira do Baixo Alentejo. Acontecimento

centenário.

Festejam-se 710 anos de tradição.

Preenche todo o Rossio e diversas ruas

desta Vila.

Nela se encontram os mais diversos produtos,

marcando presença significativa a fruta e os

frutos secos. Aqui se pode encher a dispensa

para o Natal.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Saudades do Alentejo




Sou filho da terra quente,
das searas, do montado …
Trago das canções dolentes,
o passo cadenciado.


Saudoso das leiras trigo,
vivendo em terra emprestada,
nas longas noites sem sono,
perdido neste abandono,
vou desfiando comigo,
contos perdidos na estrada …


Tenho na pele marcados
os traços de mil suões,
e os olhos tristes, magoados,
que eu herdei dos ganhões.


Guardo raízes profundas
dum campo velho, cansado,
onde mesmo em tempo agreste,
nascia uma flor silvestre,
naquelas terras fecundas,
de Alentejo ignorado.


Eu nasci p’ra lá do Tejo,
guardo da terra a lembrança …
Eu pertenço ao Alentejo,
que me conheceu criança!


Voltarei um destes dias,
com um bando de pardais …
hei-de voar pelos montes,
beber as águas das fontes,
cantar velhas melodias,
e embebedar-me em trigais.


Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho

“O poeta é natural do país-do-Sonho. Entre o país-Comum e o país-do-Sonho existe uma fronteira a que chamamos condição-humana. Só é possível passar tal fronteira com um cavalo-alado. Para o país-do-Sonho não é preciso levar bagagem material. No país-do-Sonho as grandes cidades são construídas com Amor, Liberdade, Infinito e Eternidade.
Que num qualquer mágico dia-físico nos possamos lá encontrar!”

Ângelo Rodrigues


O “BEJA” tem o grato prazer de editar estes trabalhos de Orlando Fernandes e, em breve, de novo voltaremos às Fronteiras do Sonho.
Bem haja !




VOLTAVA A GOSTAR DE TI




Sonhos perdidos na bruma,
Quimeras feitas de espuma
São rendas que a vida tece;
Dá-se às vezes por cegueira
Uma vida toda inteira
A quem depois nos esquece.


Olho as linhas desenhadas
Em rotas desencontradas
Que as pombas traçam no ar;
Lembram-me os caminhos meus
Que por destino dos céus
Percorri p’ra te encontrar.


Hoje estou de alma serena,
Pois sei que valeu a pena
Cada hora que vivi;
E se por destino ou fado
Voltasse atrás ao passado…
Voltava a gostar de ti!



Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho










SOLIDÃO



Quero mergulhar no fundo dos teus olhos,
Este amor gritar perdidamente;
Esquecer que a minha vida é mar de escolhos,
Barco solto levado p’la corrente.


Sentisse uma só vez o teu carinho,
Um gesto de ternura ou de afeição,
E não me quedaria tão sozinho
Na minha louca e triste solidão.


Dou vida em cada dia à falsa imagem
Dum sonho renovado, uma miragem
Que se esfuma para lá do horizonte.


Falho de amor, de esperança e de coragem,
Caminheiro perdido na viagem,
Morto de sede … à beira de uma fonte!



Orlando Fernandes-in Fronteiras do Sonho

quarta-feira, outubro 12, 2005

Compreensão




Deixaste que o meu olhar
te escorregasse pelos cabelos longos!
Consentiste que a minha voz
te envolvesse docemente os sentidos!
Não lutaste quando os meus braços
cingiram teu corpo delicado!


Porque me esperavas havia muitos anos …
E sabias que eu viria!


Não choraste quando te murmurei
que teria que te deixar!
Não tentaste prender-me
quando parei de acariciar a tua pele macia!
Sorriste, numa compreensão amargurada
quando te acenei na despedida!


Porque me conhecias havia muitos anos …
E sabias que eu partiria!





Orlando Fernandes - Natural de Ferreira do Alentejo -

terça-feira, outubro 11, 2005

ALVITO-Um fim de semana prolongado II



O prometido é devido. Faltava contar alguns eventos que decorreram em Alvito mas as
eleições autárquicas cortaram um pouco a
resenha. No entanto aqui fica um resumo.


I Encontro de Turismo de Alvito

“Baixo Alentejo: Que Turismo?”

Em parceria com a Região de Turismo
Planície Dourada a Câmara Municipal de Alvito
promoveu o I Encontro de Turismo de Alvito.

Esteve presente a Arquitecta Fernanda Vara
Adjunta do Secretário de Estado do Turismo.

Participaram de manhã:

Catarina Vilaça de Sousa – Coordenadora do Projecto Rota do Fresco-

Rafael Alfenim – IPPAR

José Manuel Simões – Coordenador Plano de Desenvolvimento Turístico Alentejo-Universidade Lx/CEDRU

Francisco Ramos – Presidente Dep. Sociologia da Universidade de Évora

Foi moderador Pedro Cravo – Coordenador Curso Estrat. Gestão Turísticas- ESTIG

De tarde participaram :

Luís Castanheira Lopes – representante do Grupo Pestana Pousadas

Jaime Serra – Docente do Curso de Estratégia e Gestão Turísticas-ESTIG

Manuel Maria Barroso – Gab. Relações Internacionais – Ministério da Educação

Foi moderador José Manuel Nunes – Presidente da Assoc. Desenv. Terras do Regadio





Este Encontro pretendeu reunir vários especialistas em matéria de turismo num programa que visou igualmente a divulgação do património e do turismo do concelho de Alvito e dos outros concelhos da Região de Turismo Planície Dourada.

Procuraram-se respostas para perguntas que se prendem com o turismo actualmente desenvolvido na região e o turismo que se gostaria de incrementar.

Foi um programa bem conseguido com algumas excelentes exposições perante uma assistência interessada. Um único senão foi a estranha ausência
de elementos responsáveis das autarquias na parte da tarde.




No Espaço Multiusos do Centro Cultural de Alvito foi inaugurada a Exposição de Fotografia “Retrospectivas” de João Espinho.

Foi com imensa alegria que aí nos deslocámos para ver e sentir a excelente mostra de alguns trabalhos do nosso amigo Nikonman .

Foi um momento especial pois tive finalmente oportunidade de conhecer pessoalmente o João Espinho, a Mad e uma sua Filha.

Aproveito a ocasião para de novo recomendar a visita ao seu site onde podem avaliar os seus trabalhos. Daqui retirei mais estes belìssimos retratos para vos aguçar o apetite.








Ainda houve oportunidade, a partir da Igreja Matriz de Alvito, de percorrer a Rota do Fresco ao Luar, brilhantemente apresentada pela Doutora Catarina Vilaça de Sousa ( Coordenadora do Projecto Rota do Fresco).Terminou na Ermida de S. Sebastião esta Rota.

Fazemos votos para que não se concretizem as notícias do afastamento desta estudiosa do Projecto que iniciou e a que se dedicou de alma e coração.






Terminaram estes eventos com a apresentação, na Praça da República, de três Grupos Corais de Alvito,
perante uma boa assistência.


segunda-feira, outubro 10, 2005

V-I-T-Ó-R-I-A





O MOVIMENTO INDEPENDENTE - M.I.- ganhou as

eleições autárquicas em Alvito.


Eis os resultados:

M I -----------------------549 votos--33,76%-Mandatos-2

P S---------------------------354votos------21,77------1

PCP-PEV-------------------339votos------20,85-------1

PPD/PSD.CDS/PP.PPM—330votos----20,30------------1


O Presidente da Câmara é João P. A. Lança Trindade.
.




Alvito acreditou no Movimento Independente.Aceitou

o programa de candidatura. Facultou a possibilidade

de levar a bom termo as suas propostas.

O Movimento Independente vai ter uma tarefa muito

difícil dadas todas as contingências actuais mas como

acreditou no projecto que defendeu com muita luta e

sacrifício também agora será capaz de levar

por diante e cumprir as promessas que fez

ao Povo de Vila Nova da Baronia e Alvito.



Confiança plena nos elementos desta Equipa.

Esperança que se consigam concretizar as linhas

prioritárias do seu Programa.


O “Beja” envia felicitações ao M I e votos dos maiores

sucessos na caminhada que ora se inicia.

sábado, outubro 01, 2005

MOVIMENTO INDEPENDENTE - ALVITO e VILA NOVA DA BARONIA


Trabalho - Rigor - Seriedade - Isenção - Humildade



Uma equipa para trabalhar com todos e para todos!!!

A sua (única) alternativa de mudança !












"A todas as pessoas do Concelho de Alvito; jovens e anciãos, mulheres e homens, com ou sem partido e ou de todos os partidos, de todas as religiões ou sem religião, ricos ou pobres, a todos...SEM EXCEPÇÃO ALGUMA, dirigimos este esclarecimento.

Nós: o ( pedro, a maria, o antonio o manel ) somos aqueles que vocês encontram desde há muito pelas ruas de Vila Nova e Alvito, conhecem as nossas famílias e as nossas historias de vida, têm ideia das nossas qualidades e defeitos, sabem que somos diferentes uns dos outros, que temos opiniões diversas sobre muitas coisas, sabem que entre nós, mesmo no campo político partidário, as simpatias são muito diferenciadas.

Sabem tudo isto e, por isso, é normal que se perguntem o que é que nos une, ao ponto de vos propor que confiem nesta equipe para, com a vossa participação e empenho, transformar o Município de Alvito, numa terra onde muita gente gostaria de viver.

O que nos une...é a vontade firme de ficar... ficar e lutar para que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos tenham condições para continuar a povoar estas terras que são a referência da nossa identidade.

Ficar...para que a diminuição constante e progressiva do número de habitantes não leve ao desaparecimento do Município.

Ficar...para tentar ser exemplo de não resignação, de não aceitação do fatalismo de ter de partir para poder governar a vida.

O que nos UNE....é a vontade de nos unirmos para travar a batalha da sobrevivência deste Município."


"....
A maneira de governar um Concelho desta dimensão, pode, por si só, ser a âncora chave do seu desenvolvimento, basta ousar inovar e investir inteligência, persistência e determinação nesse objectivo.

Viver numa terra onde “ a governação é um apelo pedagógico à participação dos cidadãos no quotidiano das decisões formais e informais da comunidade” pode ser motivo suficiente para atrair a esse espaço as pessoas que tanta falta fazem à sustentação do seu desenvolvimento.

Ser capaz de conceber e desenvolver um tal processo, é bem mais importante que elaborar linhas programáticas baseadas em listas de obras a fazer, cada qual a ver quem mais obras promete, quer haja ou não recursos materiais e financeiros para as executar !."

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Embora estejamos conscientes da necessidade, (dados os condicionalismos da tradição), de também proceder a uma listagem de intenções de realização de iniciativas e obras, queremos deixar bem claro que, para as pessoas de Alvito e Vila Nova da Baronia, o mais importante não devia ser dizer que obras ou iniciativas nos propomos fazer, mas sim, COMO VAMOS FAZER ESSAS COISAS...com as pessoas ou sem elas.

INOVAR....romper com a velha maneira de “Governar como se o poder dado pelo voto fosse um poder que pode dispensar a participação cívica de todos os cidadãos e o diálogo democrático com a as entidades da Sociedade Civil organizada”... é possível. POSSÍVEL e necessário, até para a salvaguarda da Democracia e da LIBERDADE.

Governar para as pessoas, sem que elas participem dos processos de discussão e decisão, é governar contra elas. À escala Local...este é o grande desafio do nosso tempo...têm futuro os territórios que o compreenderem e assumirem !

Bem sabemos que -“palavras leva – as o vento”- e que, palavras de candidatos, raramente significam actos.

Nós já não somos apenas candidatos, para lá dos resultados eleitorais, assumimos a nossa condição de militantes activistas para que Alvito seja “ Terra onde muita gente gostará de viver”.

OLHOS NOS OLHOS, MÂOS NAS MÂOS...PELA NOSSA TERRA."




(Excertos de um texto de um apoiante do Movimento Independente)

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- ALVITO - Um fim de semana prolongado


Passei uns dias em Alvito onde tanta coisa acontece.

Posso dizer que aproveitei bem cada momento ali passado. Assisti aos mais diversos eventos que tentarei resumir para deles vos dar conhecimento.

Antes, porém, devo ressaltar o “matar as saudades” dos muitos amigos e conhecidos que encontrei passados tantos anos. E como, por vezes, se tornou difícil identificar aqueles rostos… Muitos só lá fomos ouvindo os nomes de família ou as alcunhas que quase todos tínhamos na altura.
Também o conhecer pessoalmente quem só através dos blogs contactava , foi uma nova experiência. Foi uma sensação muito agradável.

Em todos os casos encontrei a maior simpatia, amizade e o melhor acolhimento.

Merece neste ponto incluir duas quadras da amiga Olinda:

A amizade é beleza,
É viver com alegria,
Reparte-se a gentileza
Vive-se bem dia a dia.


Ter amigos é viver,
Sentir o tempo passar,
Sem amigos é morrer
Sentindo a vida parar.


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Tive a oportunidade de assistir a um debate entre os 4 candidatos às Autárquicas, cabeças das listas dos partidos políticos CDU, PS, PSD e do MOVIMENTO INDEPENDENTE.

O salão estava repleto e sei que através da Rádio Planície (promotora do encontro) muitos foram os habitantes do Concelho que seguiram o desenrolar da sessão.

Bom sinal de cidadania.

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Participei num almoço dos naturais desta terra que estiveram no Ultramar.

Ponto de encontro onde se reviveram momentos já passados mas ainda tão vivos e que nos trouxeram
todo o género de lembranças.

Foi bom recordar e rever alguns amigos de então.


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(Foto retirada do Alvitrando)




Foi-me impossível estar presente na entrega de prémios de Poesia Raul de Carvalho e dos vencedores da IV edição dos Jogos Florais na Biblioteca Municipal de Alvito. Conto, no entanto, com a amiga Dina para vos dar essas notícias.

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Seguiu-se em Vila Nova da Baronia, na Igreja Matriz, o Concerto “A Música (en)canta o Património” com o St. Dominic’s Gospel Choir.

Novidade musical para estes lados foi aceite com entusiasmo pela assistência.

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Outra iniciativa, esta do Clube Natureza de Alvito – Competição de Orientação Pedestre - integrada na Taça de Portugal FPO, congregou à sua volta, segundo me informaram, cerca de 600 presenças (entre atletas e técnicos) e decorreu nos dias 24 e 25 nas ruas de Alvito tendo as metas de controle na Praça da República.


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No Domingo, correspondendo ao amável convite dos Ludinais, (maravilhosas pessoas de trato e simpatia) jantámos na Vidigueira, no restaurante Vila Velha que recomendo vivamente.
Saboreei uma açorda alentejana com bacalhau como já há muito não o fazia. O vinho da Herdade dos Pinheiros acompanhou soberbamente este manjar.
Voltarei certamente a visitar esta casa em próxima oportunidade.

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Ficamos por aqui, por hoje. Mas muito mais vos tenho para contar :

-I Encontro de Turismo de Alvito.

-Exposição de Fotografia "Retrospectivas" de JOÃO ESPINHO.

-Rota do Fresco ao Luar.

-Alvito em Concerto.

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...