quinta-feira, março 30, 2006





1.

escrevo-te cartas que nunca irás receber.

a morada desaparece

sempre que tentamos encontrar

não uma porta, mas uma casa inteira.

desligo tudo dentro deste quarto.

ouço, incompleto, - com a janela

entreaberta ao fresco da noite –

cada pequeno ruído,

como se fosse um código para nos entendermos.



2.

carregas contigo o peso da noite que não termina.

que maior peso poderias suportar?

o silêncio retalha-nos,

sempre que tentamos suturar as feridas.

como a água do mar?

repuxa-nos a pele,

para que possamos sará-la.



3.

todas as cartas te pertencem.

sobre a mesa,

sem selo nem endereço.

chegarão, com certeza.

não ao destino.

mas à residência da primeira palavra.



4.

reservo esta frase

para esse ponto no horizonte onde fixas os olhos.

escondo(-me).

as árvores do jardim

fazem o mesmo à cidade.

não consigo esquecer

a estrada em frente.



5.

como os plátanos, escondo uma viagem.

por terminar.

o automóvel avança.

o ponto de fuga não prolonga o horizonte.

apenas suspende essa imagem –

por revelar.



6.

nenhuma melodia

é possível perante a noite.

embora tente criá-la em todos os momentos.

procuro reconstituir, na água,

essa pauta desaparecida no início.



7.

encontras

no corpo

o trajecto possível

para decompores a noite.

movimento e repouso

sucedem-se.

a respiração

tenta dissolver a viagem.

a primeira etapa não terminou

ainda.



(...)


(Ruy Ventura)



(in sete capítulos do mundo, Black Sun Editores, 2003)

terça-feira, março 28, 2006





Com um beijo para a Lena da CABANA DE PALAVRAS . Convido os amigos a visitar este blog.



É URGENTE QUE AS PESSOAS SE AMEM


É urgente que as pessoas se amem
sem vergonha e sem tristeza
Que se amem com orgulho
Com a alegria pagã da joie grega


É urgente que as pessoas não se escondam
por detrás das outras pessoas
das idéias das outras pessoas
dos muros espessos do medo


É urgente que as pessoas se amem


É urgente partilhar o pão e o corpo
com a claridade da terra molhada
nas manhãs de sol


É urgente assumir a verdade


***** ******


MULHER, em tempo de hoje


Mulher encontrada
na minha memória


Meu tempo-de-hoje


Instante de agora



***** *****


FORÇA TELÚRICA


De mim tu és mulher
nascida em minha força.


***** ******


MULHER-TU


Mulher rasgada
no meu sonho aberto


Mulher alerta
no meu estar em tudo.




***** ******

MULHER BASTANTE


Eu sei quem és porque em ti decubro
a mulher que foste em mim bastante


****** ******


DIZER AMOR


Queria subir às palavras
e gritá-las
E ter o privilégio de inventar
formas diferentes
de dizer amor




****** ********


PALAVRA POR DIZER


Só agora sou poeta
na poesia que não escrevo
Só agora me transmito
Só agora me transcrevo


Eu silabo no teu corpo
a palavra que não digo


***** *****


INSACIEDADE


A minha fome é de dentro
e a minha sede é palavra


***** ******


REBELDIA


Soltem-me
as algemas


Quero
a minha alma livre
meu corpo livre
meu pensamento livre


Esbofetear o mundo
e cuspir
na vida


***** *******


DEUS REINCARNADO


Tenho
um deus
só para mim
incarnado na loucura
da minha lucidez




***** ******





DE NÓS EM LIMITE


Na luta da posse

meu corpo guerreiro

batalha no teu

Meus beijos em seta

percorrem a meta

atingem loucura

No espaço liberto

da minha procura

tu és o limite





(Manuela Amaral)

sábado, março 25, 2006

Canção da Esperança

Foto de Francis Toussaint





É urgente que as rosas
deixem de ser
prisioneiras dos canteiros,
e subam no espaço
entornando
nas nossas cabeças
perfumes e pétalas
com aromas cheirando a mãos dadas.


É urgente que os pássaros
desçam dos céus,
e poisem nas crianças
gorgeando árias suaves
e ensinando-lhes futuros
que só eles sabem,
porque voam alto
como todos os pássaros livres.


É urgente que o arco-íris
com génio de pintor,
dispa algumas das sete cores
e tinja de azul celeste
ou de verde esperança
o cinzento preocupante
das armas apontadas
ao peito dos vencidos.


É urgente acreditar
que o mundo…ou a vida
pode um dia acordar
feita rio cristalino,
onde para além dos salgueiros,
veremos reflectida nas águas
a imagem fraterna
dos homens reconciliados!









(Orlando Fernandes in Alentejo…e Outros Poemas)

quinta-feira, março 23, 2006






O Pax Julia – Teatro Municipal de Beja organizará, entre 25 de Março e 01 de Abril, um Ciclo Jazz no Feminino. Trata-se de uma ideia inovadora no panorama dos Festivais de Jazz em Portugal já que se dedica, especificamente, a um tema – as mulheres.



O Programa do Evento é o seguinte:



· Dia 25 de Março: 16h00: Colóquio O Papel das Mulheres na História do Jazz – algumas considerações com António Branco e Paula Oliveira.



· Dia 25 de Março: 21h30: Espectáculo Lisboa que Adormece com Paula Oliveira e Bernardo Moreira.



· Dia 30 de Março: 21h30: Espectáculo Uma Noite com Ella pelo Lisboa Ballet Contemporâneo.



· Dia 01 de Abril: 21h30: Espectáculo DayDream com Jacinta.




Gravado nos Estados Unidos, o novo disco desta grande cantora, há muito consagrada no meio jazzístico internacional, tem direcção de Greg Osby e nele se encontram um conjunto de músicos verdadeiramente excepcional, além de Jacinta e Osby, James Weidman (piano), Matt Brewer (contrabaixo) e Rodney Greene (bateria). É um álbum com um reportório baseado em temas de Duke Ellington (com poemas de Tiago Torres da Silva), Thelonius Monk, Tom Jobim , Djavan e ainda de José Afonso.


Em paralelo decorrerá uma Feira do Cd e DVD em colaboração com a editora Trem Azul, uma Exposição Fotográfica de João Henriques e ainda uma exposição/ venda e prova de vinhos da Região.



O preço dos espectáculos é de 8€ / 5€ para menores de 25 anos, maiores de 65 e reformados. Existe ainda a possibilidade de adquirir uma assinatura para os 3 espectáculos pelo valor de 20€ ou 12€ mediante as mesmas condições de desconto. Os restantes eventos são de entrada livre.



O Ciclo Jazz no Feminino conta com a colaboração de António Branco, especialista em assuntos de Jazz. António Branco é colaborador da única revista portuguesa especializada em Jazz: a Jazz.pt e do jornal Alentejo Popular, é radialista, blogger e, acima de tudo, um apaixonado pelo jazz !



Este Ciclo conta com o apoio da Antena 1, da Sociedade Agrícola Monte Novo e Figueirinha, da Herdade dos Grous e do Vila Galé - Clube de Campo.



Mais informações em www.paxjulia.org



Sónia Ferreira / José Carlos Pereira

C.M.Beja / Pax Julia – Teatro Municipal

Comunicação e Marketing

284315092 e 3 / 969660253

comunicacao@paxjulia.org



terça-feira, março 21, 2006





ODE ALENTEJANA

Alentejo mal amado,
Solo agreste, meu irmão;
Teu sonho não é ceifado,
Enquanto houver um montado,
E quem cultive teu chão.


Nesse teu cantar dolente,
Grito da terra esquecida,
Há uma queixa pendente,
Adiada eternamente
Pela madrasta da vida.


Vives sonhos de abastança,
Na planície sem fim;
E tens espigas de esperança,
Que calam na tarde mansa,
A dor dum viver ruim.

Não há suão que te vença,
Nem seca que te amedronte,
Nem chuva a mais é sentença,
Que te alague a fé imensa.
De haver fartura no monte.


Os homens alentejanos,
Não renegam a raiz.
Podem viver desenganos,
Separá-los oceanos…
Que Alentejo…é seu país.



Orlando Fernandes in Alentejo…e Outros Poemas





CORREIO ALENTEJO

Um novo jornal vai aparecer no Alentejo.

O "Correio Alentejo" distribuirá o seu primeiro número no próximo dia 24 de Março.

Este semanário terá como Director António José de Brito, sairá às 6ªs Feiras e

custará 70 cêntimos.

António José de Brito explica que o novo semanário será "um jornal alternativo e

influente, fora da esfera da política e das directivas partidárias. Por isso adopta

um espírito editorial regionalista sem ser provinciano, com identidade e uma visão

plural, moderna e culturalmente sólida da nossa região".



O "Beja" deseja os maiores sucessos ao novo semanário e a todos os colaboradores.






TV ALENTEJO

A TV ALENTEJO iniciou a sua emissão em Janeiro passado. Projecto promocional do Alentejo tem tido a melhor aceitação e um número apreciável de visitantes.

O "Beja" envia os melhores votos de sucesso.








TV BEJA

Em 10 deste mês também a TV BEJA iniciou, a título experimental as suas emissões.

Disse o JORNAL DE NOTÍCIAS:

"A TV Beja, a segunda televisão on-line no Alentejo e a quinta em Portugal, arranca sexta-feira com emissões experimentais para oferecer o "melhor do distrito".

Miguel Correia, da "Campo dos Média", empresa alentejana de comunicação responsável pelo projecto, explicou à agência Lusa que o canal on-line será "uma alternativa aos tradicionais órgãos de comunicação social".

"Através das potencialidades da Internet, como a interactividade, queremos oferecer, sobretudo, conteúdos sobre o melhor do distrito de Beja".

Defendendo que as emissões contínuas "não fazem sentido na Internet", Miguel Correia adiantou que a programação da TV Beja, em fase experimental até 15 de Maio, vai ser "flexível" baseando-se em "conteúdos por pedido". Quem entrar na página de Internet, em "www.tvbeja.com", poderá escolher "o que quer ver e quando". Os espectadores vão ter um "papel decisivo" na definição da programação. "Ao sabermos quais os conteúdos mais acedidos, vamos poder definir estratégias em termos temáticos", disse, assegurando, porém, que o canal "não vai andar atrás das escolhas dos espectadores".

Segundo Miguel Correia, em termos informativos, a programação da TV Beja vai disponibilizar notícias e reportagens "a vulso". Ao nível do entretenimento, o canal vai apresentar programas de natureza cultural, social e desportiva, que serão paulatinamente lançados em Abril e Maio. A emissão já prepara programas "âncora", que irão abordar temáticas como as freguesias, as escolas e a música do distrito, os desportos radicais e os livros.

O primeiro "desafio" vai ser assegurar as emissões da TV Ovibeja, a "grande novidade" da edição deste ano da maior feira de ovinos e caprinos do Sul do país. A TV Ovibeja irá funcionar nos dias do certame, entre 29 de Abril e 7 de Maio, das 13 às 23 horas.

Sedeado em Beja, o canal dispõe de um estúdio com cenários virtuais e de uma equipa residente de 10 profissionais.

A TV Beja é o quinto canal de televisão on-line em Portugal, depois da TV Ciência, do Instituto de Investigação Científica Tropical, da TV Famalicão, da açoriana TV Net e da TV Alentejo, também sedeada em Beja."

O "Beja" também se associa aos votos de êxitos para esta iniciativa.

segunda-feira, março 20, 2006





GASTR’EAT
Um blog diferente.

No dia 16 de Março fez um ano que nasceu o Gastr’eat.

Dina, Inês e Luís deitaram mãos à obra e assim nasceu um sítio diferente na blogosfera

A sua finalidade é estudar, promover e publicitar tudo quanto se relaciona com o turismo.

Encontra-se aqui a melhor descrição de lugares turísticos, onde encontrar as melhores receitas, apreciação de restaurantes , indicação de alojamentos.
Ainda pode encontrar indicações sobre Escolas de Turismo, Bebidas, Fumaças, Instituições Nacionais e Internacionais de Turismo, Regiões de Turismo, etc.,etc.

Melhor do que estar aqui a falar deste sítio é visitá-lo e conhecê-lo mais aprofundadamente.

Os meus parabéns aos Autores do Gastr’eat com quem tenho a honra de partilhar mútua amizade.

domingo, março 19, 2006








TRECHO DO POEMA "O PAI".


Certa vez, como os irmãos

pusessem em mim trinta apelidos

querendo me degradar

chamando-me de "guga"

"tora", "manduca" e "júpiter",

certa noite, notando-me a tristeza

levou-me pro quintal

entre couves e chuchus:

mostrou-me Júpiter, a enorme estrela

e outras constelações: peixes

touros, centauros, ursas maiores e menores

tudo a brilhar em mim

estrelas que com ele eu distinguia

e desde aquela noite

nunca mais pude encontrar


Textamentos

Autor
Affonso Romano de Sant'Anna

sábado, março 18, 2006




EM BUSCA DO AMOR



O meu Destino disse-me a chorar:

"Pela estrada da Vida vai andando,

E, aos que vires passar, interrogando

Acerca do Amor, que hás-de encontrar."



Fui pela estrada a rir e a cantar

As contas do meu sonho desfiando...

E a noite e dia, à chuva e ao luar,

Fui sempre caminhando e perguntando...



Mesmo a um velho eu perguntei: "Velhinho,

Viste o Amor acaso em teu caminho?"

E o velho estremeceu... olhou...e riu...



Agora pela estrada, já cansados,

Voltam todos pra trás desanimados...

E eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!..."



(Florbela Espanca)

sexta-feira, março 17, 2006





O MEU CAMINHO

Caminhando no verso e no reverso
Que busco entre penumbras e tristezas?
Se de todas as mais duras incertezas
Até a mim confundo e me disperso?

Se cheguei até aqui, foi por te amar!
Para quê então todos os meus passos
Se na hora de chegar para te abraçar
Não puder ter-te nos meus braços?

És a parte de mim que falta e dói
De ti distante, a outra parte sou eu.
Sou cada sorriso que de mim se foi
Sou a parte de mim que se perdeu.

Mas nesta vã e pressentida incerteza
O poema diz que o meu longe é aqui.
Mesmo tendo contra mim a natureza
Eu sei que o meu longe está em ti…

Outra Voz do Frog



Nota: Agradeço ao Frog este momento de inspiração.
Espero que não leve a mal a colocação do seu poema no meu blog sem a sua prévia autorização.

quinta-feira, março 16, 2006

terça-feira, março 14, 2006

Regresso

Flor-conversando...Foto de Paulo Nogueira-1000 Imagens





Um dia, eu hei-de ser pássaro azul
que voará, em louco desatino,
numa alvorada branca, rumo ao sul
para cumprir de vez o meu destino.


Irei, à sombra fresca dum chaparro,
deitar toda esta dor que há no meu peito,
e quero na terra rubra, cor de barro
viver os velhos sonhos, ao meu jeito!


Nas searas maduras e douradas,
quando colher papoilas encarnadas,
hei-de esquecer os trilhos da má sorte.


Meu Alentejo,…hino de pureza,
trago comigo sempre esta certeza,
que te hei-de amar até,…para além da morte!


Orlando Fernandes in Alentejo…e outros poemas








A L J U S T R E L




Dia 21 de Março pelas 21H30 -À VOLTA DA LÍNGUA NO DIA MUNDIAL DA POESIA



“Inscrever a poesia na cena, escrever a poesia em cena, tomar emprestadas as palavras dos outros e torná-las nossas” é esta a concepção do espectáculo À Volta da Língua, com o qual a Biblioteca Municipal de Aljustrel comemora, uma vez mais, no dia 21 de Março, o dia Mundial da Poesia.

A homenagem ao dia dedicado ao trabalho de todos os poetas, da autoria da Associação Artística Andante, irá realizar-se pelas 21:30, no Auditório da Biblioteca Municipal.

À Volta da Língua pretende dar vida aos textos de autores como Luís Vaz de Camões, Eça de Queirós, Mário Cesariny, Eugénio de Andrade, Manuel Alegre, Vinícius de Moraes, Sophia de M. B. Andresen, Agostinho Neto, Mia Couto, entre outros, num elogio à língua portuguesa.

O espectáculo de teatro sobre poesia vai além da simples declamação de poemas, apresenta em palco um cenário onde as palavras se cruzam com a música, procurando mostrar diferentes leituras dos textos, evidenciando-os na sua forma, conteúdo e sonoridade.

Esta “peça” pretende surpreender e despertar a atenção dos mais desinteressados ao recorrer a temas do quotidiano como o amor, a amizade, o poder.



Dia 23 de Março a partir das 10H00-ENCONTRO DE TÉCNICOS DOS GABINETES MUNICIPAIS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO

A Câmara Municipal de Aljustrel irá promover o 1.º Encontro de Técnicos dos Gabinetes Municipais de Apoio ao Desenvolvimento, no próximo dia 23 de Março, a partir das 10 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal de Aljustrel.

Este encontro surge na sequência de sugestão feita no decurso das acções de formação, “Ciclos de Encontros Temáticos” promovida pela Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, ficando expressa a vontade de se realizarem, em cada município, reuniões com o objectivo de estreitar as ligações e incentivar a partilha de experiências entre os técnicos municipais de apoio ao desenvolvimento.

Com estas iniciativas procura-se criar parcerias de trabalho em projectos, formar e informar os técnicos em temas-chave para o desenvolvimento da sua actividade, dar-lhes apoio contínuo no sentido de melhorar o seu nível de desempenho e ainda auxiliá-los a ultrapassar da melhor forma as dificuldades sentidas.

A importância de que se podem revestir os mecanismos de apoio às empresas, nomeadamente os sistemas de incentivos, na dinamização e revitalização do tecido empresarial da região, motivaram o tema desta primeira sessão de trabalho, a ser realizada em Aljustrel, que procura dar um contributo para o melhor conhecimento destes instrumentos e a articulação de intervenções entre instituições.





B A R R A N C O S





21 de MARÇO - 2.ª CONFERÊNCIA DE TURISMO DE NATUREZA

Dia 21 de Março 2006 (Barrancos) - A 2ª edição da Conferência de Turismo de Natureza, uma iniciativa da EDIA, é este ano dedicada ao marketing e decorrerá mais uma vez no Parque de Natureza de Noudar.


Porque acreditamos que o sucesso dos empreendimentos de turismo de natureza está associado ao marketing, convidámos conferencistas cuja experiência profissional contribua para uma discussão útil sobre o tema.

A Conferência realiza-se na sala de conferências do Parque de Noudar, próximo de Barrancos, no dia da sua abertura ao público. Os participantes na conferência poderão observar a concretização de um projecto de Turismo de Natureza, passar um dia no campo e participar na celebração do Dia da Floresta.

Existirá um serviço de transportes contínuo entre Barrancos e o Parque de Noudar disponível para os participantes (a partir das 13:00).

A sua presença é importante para o sucesso da Conferência.

Inscrições:
Secretariado da Conferência - ERENA
e-mail: turnatureza@erena.pt
tel.: 21 799 11 00
fax: 21 799 11 19


B E J A

CICLO JAZZ NO FEMININO

De 25 de Março a 1 de Abril







O Pax Julia – Teatro Municipal de Beja organizará, entre 25 de Março e 01 de Abril, um Ciclo Jazz no Feminino. Trata-se de uma ideia inovadora no panorama dos Festivais de Jazz em Portugal já que se dedica, especificamente, a um tema – as mulheres.



O Programa do Evento é o seguinte:



· Dia 25 de Março: 16h00: Colóquio O Papel das Mulheres na História do Jazz – algumas considerações com António Branco e Paula Oliveira.



· Dia 25 de Março: 21h30: Espectáculo Lisboa que Adormece com Paula Oliveira e Bernardo Moreira.



Não deixa de ser significativo que Lisboa nos surja logo evocada no título deste disco tão belo, onde tudo nos soa tão português. Como que querendo dizer-nos da certeza – e não já da possibilidade – da existência de um jazz nosso, com uma identidade própria.

Manuel Jorge Veloso



· Dia 30 de Março: 21h30: Espectáculo Uma Noite com Ella pelo Lisboa Ballet Contemporâneo.







Porque me devolve a minha infância (5/6 anos) no Niassa e as tardes em que o meu pai insistia em pôr música para toda a família.O meu pai persistia, eu crescia, e fui aprendendo a ouvir e amar Ella. A sua voz de anjo ainda me transporta para esse mundo de Amor que é tão inspirador quanto mágico.

Benvindo Fonseca





· Dia 01 de Abril: 21h30: Espectáculo DayDream com Jacinta.




Gravado nos Estados Unidos, o novo disco desta grande cantora, há muito consagrada no meio jazzístico internacional, tem direcção de Greg Osby e nele se encontram um conjunto de músicos verdadeiramente excepcional, além de Jacinta e Osby, James Weidman (piano), Matt Brewer (contrabaixo) e Rodney Greene (bateria). É um álbum com um reportório baseado em temas de Duke Ellington (com poemas de Tiago Torres da Silva), Thelonius Monk, Tom Jobim , Djavan e ainda de José Afonso.


Em paralelo decorrerá uma Feira do Cd e DVD em colaboração com a editora Trem Azul, uma Exposição Fotográfica de João Henriques e ainda uma exposição/ venda e prova de vinhos da Região.



O preço dos espectáculos é de 8€ / 5€ para menores de 25 anos, maiores de 65 e reformados. Existe ainda a possibilidade de adquirir uma assinatura para os 3 espectáculos pelo valor de 20€ ou 12€ mediante as mesmas condições de desconto. Os restantes eventos são de entrada livre.



O Ciclo Jazz no Feminino conta com a colaboração de António Branco, especialista em assuntos de Jazz. António Branco é colaborador da única revista portuguesa especializada em Jazz: a Jazz.pt e do jornal Alentejo Popular, é radialista, blogger e, acima de tudo, um apaixonado pelo jazz !



Este Ciclo conta com o apoio da Antena 1, da Sociedade Agrícola Monte Novo e Figueirinha, da Herdade dos Grous e do Vila Galé - Clube de Campo.



Mais informações em www.paxjulia.org



Sónia Ferreira / José Carlos Pereira

C.M.Beja / Pax Julia – Teatro Municipal

Comunicação e Marketing

284315092 e 3 / 969660253

comunicacao@paxjulia.org



domingo, março 12, 2006

Recusa

Fa-24-Rayfresh"






Quando mergulho no lago
Que vejo no teu olhar,
Vou suplicando um afago
Que te recusas a dar.


Percebo angústias passadas
Nesse olhar distante e vago,
E agito as águas paradas
Quando mergulho no lago


Procuro em ti a ternura
Que já deixaste secar
E perco-me na lonjura
Que vejo no teu olhar.


De sempre me olhares sem ver,
A mágoa em meu peito trago.
Antes de tudo perder
Vou suplicando um afago.


Meu coração não se cansa
De tanto te mendigar,
A derradeira esperança
Que te recusas a dar.



(Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho)

sábado, março 11, 2006

foto de Ricardo Machado-1000 Imagens



AUSÊNCIA

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.


(Vinicius de Moraes)

sexta-feira, março 10, 2006






Saudade






lembranças

boas e ruins

todo mundo tem



do instante que passou

ou duma época

muito além



mas

por que pensava que sabia

que era saudade

o que sentia?



saudade

é lembrança

mas não qualquer lembrar

ter

por um instante

alguém

(mãe, colo de mãe)

que não mais se tem



será por isso

que pensava que sabia

que era saudade

o que sentia?!






Batista Filho

quarta-feira, março 08, 2006

Olhares-foto de David Caretas




Mulher

No dia que aceitares
Aquilo que a vida te der,
Nunca mais terás revolta,
Serás, juro, uma mulher.

Aquela que não se importa
Que o Mundo grite de si,
Mostrando aquilo que é,
Tornará alguém feliz.


Darás ajuda a qualquer,
Sem esperares recompensa,
Porque tu és consciência
És bondade e paciência.


És uma alma liberta
Procurando vida aberta,
Porque no teu coração
Não mora a ingratidão.



Olinda
Março/05






Flores para as Mulheres que me visitam.




PENSO EM TI (eu sei)


Eu sei
Lá fora a chuva cai
O sono já lá vai
Outra vez eu te amei
Eu sei
(Penso em ti, penso em ti)
Quando o sol nascer
(Penso em ti, penso em ti)
Vou ter que perder
O medo de te dizer

Sou eu que vai mudar
Sou eu quem vai sair
Talvez até‚ chorar
Não sei
O que está p'ra vir
Talvez eu vá mentir
O que lá vai, lá vai
Lá fora chuva cai...

Eu sei
(penso em ti, penso em ti)
Que a tristeza vem
(penso em ti, penso em ti)
Ao deixar alguém
A quem tanto me dei
Eu sei
(penso em ti, penso em ti)
Talvez eu vá perder
(penso em ti, penso em ti)
Doa a quem doer
Vou ter que te dizer: Não!

Sou eu quem vai mudar
Lá fora chuva cai
Sei
Sou eu quem vai mudar
Sou eu quem vai sair
Talvez até‚ chorar
Não sei
O que está p'ra vir
Talvez eu vá mentir
O que lá vai, lá vai
Lá fora chuva cai...

(Adelaide Ferreira)

segunda-feira, março 06, 2006

Retorno

VD VALERIJ-Photo SIG



Fenece o pôr-do-sol no horizonte,
Tingido em tons de rosa e de carmim,
E a tarde, escorregando pelo monte,
Envolve-me num manto de cetim.


Se pudesse, virava eu este momento,
Em ondas de amizade e de ternura
Que viessem, trazidas pelo vento,
Pôr cobro a esta minha desventura.


Profunda é a saudade no meu peito,
Dum sonho que acendi, e jaz desfeito,
Perdido nos caminhos do cansaço.


Quisera eu possuir mãos milagrosas,
Para entornar em ti, um mar de rosas…
E em troca, ter de novo o teu abraço.




Orlando Fernandes-Alentejo e outros poemas



































domingo, março 05, 2006

Esteja onde estiver

Photonet-Lee Ladouceur





Esteja onde estiver,
Enviar-te-ei o meu adeus
Por todos os barcos do mar,
Que o transportarão no cimo das velas brancas,
Juntamente com a brisa suave
Do eco da minha voz
Que perdida na lonjura do espaço,
Te dará novas de mim!


O longe da distância
Que me separar de ti,
Será sempre encurtado
Pelas gaivotas esguias
Que desenharão nos ares
A mensagem dum aceno breve
Que perdida na lonjura do espaço,
Te dará novas de mim!


No regresso, os dois seremos um
E partiremos de mãos dadas
Como adolescentes apaixonados
A caminho do nada que nos resta;
Resignados e puros
Como este meu poema,
Que perdido na lonjura do espaço,
Te dará novas de mim!


Orlando Fernandes (Fronteiras do Sonho)

quinta-feira, março 02, 2006

Por ti

Foto de Ricardo Machado-1000Imagens







Com pedaços de céu,
inventei estrelas cintilantes,
para uma galáxia só nossa,
onde pudéssemos viver em paz.


Agarrei uma porção de azul,
e embrulhei nela todas as ondas
que se espreguiçavam nas praias,
para podermos olhá-las em silêncio.

Numa qualquer planície castanha,
pintei milhões de espigas douradas,
onde espreguiçámos cansaços,
e saciámos a nossa fome de pão.

Com os sons que descobri nos ventos,
compuz árias que as aves cantaram
e te ofereceram em breves serenatas,
quando assomavas à janela do sonho.

Gritei a minha enorme paixão,
embrulhando-te em mantos de ternura,
que negligente, deixavas cair,
para ficares desnudada e liberta.


Por ti…
Inventei, sonhei, pintei, compuz e gritei!

E mil vezes adormeci ébrio de ilusões!
E mil vezes não consegui acordar!





Foto de Paulo Afonso-Paulo Jorge-PhotoSIG



ROUXINOL


Rouxinol, irmão, amigo,
deixa-me cantar contigo,
canções que soltas no vento
Quero voar e aprender,
como se canta a sofrer,
como se acalma um tormento.


Ensina-me o teu trinar,
que feliz, deixas no ar
quando pousas na ramagem;
Se não queres voar sozinho,
indica-me o teu caminho,
que eu vou seguir-te a viagem.


Rouxinol de asas abertas
com teu cantar te libertas,
desse correr peregrino;
Sonho com o teu voar,
invejo-te o teu cantar …
troca comigo o destino !




Orlando Fernandes in Alentejo… e outros poemas

quarta-feira, março 01, 2006

COMO QUEM ESCREVE COM SENTIMENTOS

Foto de L Du Lac-Olhares




Como quem escreve com sentimentos



Estou sujeito ao tempo sou este momento
perguntam-me quem fui e permaneço mudo
o tempo poisa-me nos ombros em relento
partiu no vento essa mulher e perdi tudo

Já não virá ninguém por muito que vier
em vão esperei a rosa da minha roseira
quando um pássaro sai dos olhos da mulher
é porque ela é de longe e não da nossa beira

Resta-me um sonho desconexo e desconforme
Na haste da camélia que o vento quebrou
jamais a vida branca como ela dorme
Eu era essa camélia e nunca mais o sou

A minha vida é hoje um sítio de silêncio
a própria dor se estreme é dor emudecida
que não me traga cá notícias nenhum núncio
porque o silêncio é o sinónimo da vida

O mundo para além dessa mulher sobrava
tudo vida vulgar tumultuária e cega
o brilho do olhar equilibrava a chuva
nas suas costas hoje toda a luz se apaga

Mulher que um golpe de ar me pôde arrebatar.
enfim não existia ou só ela existia
Asas que ela tivesse deixou-as queimar
e tê-la-á levado estranha ventania

Daqueles traços fisionómicos de pedra
não quero já ouvir a voz que às vezes vem
na calma destacada por um cão que ladra
Não há ninguém perto de mim sinto-me bem

Cada casa que roço é escura como um poço
se sou alguma coisa sou-o sem saber
sossego solitário sem mistério isso
talvez tivesse sido o que sempre quis ser

As flores vinham nela e era primavera
mas tanto a nomeei e tanto repeti
erros numa estratégia imprópria para ela
tamanho amor expus que cedo a consumi

A noite quando ao fim descer decerto há-de
ser certa solução. Foi há muito a infância
Ao tempo o que tu tens tu bem o sabes cede
estendo as mãos talvez te fique a inocência

A vida é uma coisa a que me habituei
adeus susto e absurdo e sobressalto e espanto
A infância é uma insignificância eu sei
e apenas por a ter perdido a amamos tanto

Estou sozinho e então converso com a noite
das palavras que nos subjugam nos submetem
As coisas passam e em vez delas é aceite
o nosso sistema de signos onde as metem

Esta minha existência assim crepuscular
devida àquela que é rastos destroços restos
acusa hoje alguma intriga consular
de quem não tem cabeça a comandar os gestos

Foi uma rosa rubra a autora desta obra
aberta e arrogante grácil flor do instante
que triunfante não há coisa que não abra
para ferir quem a viu e morrer de repente

E noite sou e sonho e dor e desespero
mero ser sórdido e ardido e encardido
mas já não tarda a abrir-se na manhã que espero
um arco com vitrais aos vendavais vedado

E embora a minha fome tenha o nome dela
e da água bebida na face passada
não peço nada à vida que a vida era ela
e que sei eu da vida sei menos que nada



(Ruy Belo
Despeço-me da Terra da Alegria)





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