quinta-feira, agosto 03, 2006

Foto de A. M. Catarino - 1000 Imagens




À Beira-Mar Plantada


A casa até parece não ter dono!
Sem portas, sem janelas e sem telhas,
Já nem é casa, são paredes velhas
Nas insensíveis mãos do abandono.


Não satisfeito com a pouca sorte
Daquilo que foi casa e são ruínas,
Atira-lhe palavras assassinas
Durante toda a noite o vento norte.


Os mochos, e outras aves agoirentas,
Vêm ferir, nas horas sonolentas,
O sono que era bem que fosse um grito…


E entre palhuço, terra e velhos cacos,
As ratazanas criam nos buracos
Das míseras paredes que eu habito.



António Celso

7 comentários:

Anónimo disse...

Visito o seu blogue já não por obrigação, mas pelo desejo de o apreciar pela sua estética, onde me delicio e repouso para beber estes fragmentos poéticos. Até breve. Jofre Alves

Isabel Filipe disse...

Não conhecia . Belo poema.
Bom fim de semana
Bjs

Miss Trouble disse...

Beja.. a minha terra!

José Leite disse...

Bem conseguido. Uma casa assim dá gosto de ter...

Mas a casa é o espírito...

Anónimo disse...

Lu

Tudo bem?
Passei pra te desejar um bom fim de semana e uma boa semana

beijos
della

wind disse...

Estive a ler os poemas em atraso.
Este soneto está belo e fortíssimo!
beijos

Anónimo disse...

A propósito do poema do António Celso, apetece-me dizer que a "CASA" é Portugal, não me parece estar enganado!
- Isabel F., diz: "não conhecia, belo poema". Eu digo-lhe que todo o livro de poemas do António Celso tem belos poemas, o livro pode ser comprado na livraria Nazaré, em Évora (onde já o vi) ou na Câmara de Alvito, tive a sorte de receber um exemplar de oferta, no dia do lançamento, no salão dos Bombeiros de Alvito, há já alguns anos, foi um momento lindo com declamação de alguns poemas a cargo do Sr Carrageta e da Drª Fernanda Seno (ambos de Évora e já falecidos. O António Celso teve nesse dia um grupo de amigos e admiradores à sua volta que o emocionaram, como eu nunca o tinha visto. Foi lindo.

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