domingo, maio 27, 2007

LENDA DO MILAGRE DE OURIQUE






A Batalha de Ourique é um episódio simbólico para a monarquia portuguesa, pois conta-se que foi nela que D. Afonso Henriques foi pela primeira vez aclamado rei de Portugal, em 25 de Julho de 1139. Foi no campo de Ourique que se defrontaram o exército cristão e os cinco reis mouros de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja e os seus guerreiros, que ocupavam o sul da península. A lenda conta que um pouco antes da batalha, D. Afonso Henriques foi visitado por um velho homem que o rei já tinha visto em sonhos e que lhe fez uma revelação profética de vitória. Contou-lhe ainda que "sem dúvida Ele pôs sobre vós e sobre a vossa geração os olhos da Sua Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão. Mas nela, assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá." O rei deveria ainda, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho logo que ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia, o que aconteceu. O rei foi surpreendido por um raio de luz que progressivamente iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir aos poucos o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado. O rei emocionado ajoelhou-se e ouviu a voz do Senhor que lhe prometeu a vitória naquela e em outras batalhas: por intermédio do rei e dos seus descendentes, Deus fundaria o Seu império através do qual o Seu Nome seria levado às nações mais estranhas e que teria para o povo português grandes desígnios e tarefas. D. Afonso Henriques voltou confiante para o acampamento e, no dia seguinte, perante a coragem dos portugueses os mouros fugiram, sendo perseguidos e completamente dizimados. Conforme reza a lenda, D. Afonso Henriques decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos ou quinas em cruz representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de cristo, carregadas com os trinta dinheiros de Judas.

A Morte do Lidador num dia longínquo de 1170.

Gonçalo Mendes da Maia, nomeado Lidador pelas muitas batalhas travadas e ganhas contra os Mouros, decidiu celebrar os seus 95 anos com um ataque ao famoso mouro Almoleimar. Da cidade de Beja saiu o Lidador naquela manhã com trinta cavaleiros fidalgos e trezentos homens de armas, sabendo de antemão que o exército de Almoleimar era muitas vezes superior. Perto do meio-dia, pararam os cavaleiros para descansar perto de um bosque onde emboscados aguardavam os mouros. A primeira seta feriu de morte um guerreiro português, o que fez com que o exército cristão se pusesse em guarda. Frente a frente se mediam a destreza e perícia árabes, invocando Allah, e a rudeza e força cristãs, clamando por Santiago. A batalha começou e ambos os exércitos se debateram com coragem, até que num dado momento Gonçalo Mendes e Almoleimar cruzaram espadas em cima dos seus cavalos. Um dos vários golpes desferidos atingiu Gonçalo Mendes que, mesmo ferido, atacou com raiva Almoleimar, que ripostou. O resultado foram dois golpes fatais, um dos quais matou o mouro e outro que deixou Gonçalo Mendes Maia ferido de morte. O Lidador, moribundo, perseguiu com os seus homens os mouros que debandavam em fuga até que o esforço de um último golpe sobre um cavaleiro árabe lhe agravou os ferimentos. O Lidador caiu morto na terra juncada de mais de mil corpos inimigos. Os cerca de sessenta cristãos sobreviventes celebraram com lágrimas esta última vitória do Lidador. Um sacerdote templário disse em voz baixa as palavras do Livro da Sabedoria: "As almas dos justos estão na mão de Deus e não os afligirá o tormento da morte".

(Fonte: Lendas de Portugal
(Quadro de Domingos Sequeira : llustre e distinto artista, o pintor mais notável não só de Portugal como de toda a Europa, e talvez o maior do seu tempo. N. em Belém a 10 de Março de 1768; fal. em Roma a 7 de Março de 1837).)

quinta-feira, maio 24, 2007

FURTO EM BEJA




Furtaram essa máquina na loja de Zé Espinho.
Se alguém souber alguma coisa, que ligue para o nº 284 321 192.
Obrigado

GRAVURA ALENTEJANA




Por entre casas brancas
Sol e distância
Por entre oliveiras e vinhedos
Ânsias e medos
Por entre espigas e bolotas
A espuma dos olhos
Na terra seca e no calor
O sabor a suor
Nas almas sem mistério
A luz apenas como refrigério
E na dor das horas imoladas
Silêncio e nada.


Autor: José A. Palma Caetano
Foto de Aguinaldo Vera-Cruz

quarta-feira, maio 16, 2007

ALVITO - 7º ENCONTRO TRANSNACIONAL - 22 a 27 DE MAIO





Território i9tur volta a ser palco de Encontro Transnacional

PORTUGAL, ESPANHA, ESLOVÁQUIA E ITÁLIA COOPERAM NO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DE ALVITO, CUBA, FERREIRA DO ALENTEJO E VIDIGUEIRA

A decorrer entre os próximos dias 22 e 27 de Maio, o 7º Encontro de Trabalho Transnacional trará mais uma vez ao Alentejo o grupo de trabalho responsável pela iniciativa CreaTour.
Fundada num Acordo de Cooperação estabelecido entre a parceria do projecto i9tur e outras 3 parcerias de Espanha (Avia Crea Futuro), Eslováquia (Nadacia Skola dokoran) e Itália (STAF), esta iniciativa junta organizações públicas e privadas dos vários países, empenhadas em explorar e partilhar boas práticas de promoção e estímulo à criação de empresas e de emprego.
De entre várias acções de apoio e promoção do empreendedorismo turístico, o programa do encontro prevê a apresentação oficial do Prémio Melhores Ideias de Negócio (Best Business Ideas Award), um concurso internacional aberto a todos aqueles que queiram implementar as suas ideias de negócio de base turística. (hora e local a confirmar)
Na sessão estão ainda previstos o lançamento de um programa de estágios transnacionais para jovens empreendedores (CreaTour Stages) e a promoção de um portal Internet, que se encontra ainda na sua fase de implantação, mas que já pode ser visitado em www.creatour.eu. O portal disponibiliza toda a informação sobre a iniciativa e sobre os parceiros, e permitirá a divulgação e a promoção integrada das empresas turísticas dos quatro Municípios que compõem o i9tur (Alvito, Cuba, Ferreira do Alentejo e Vidigueira).

Durante a actividade "CREATOUR - Promovendo o Empreendedorismo (Stages, Awards, Site)" com início às 17,00h do mesmo dia (24-05-07/Pousada de Alvito), será igualmente assinado um Protocolo com a NDRIVE - Software de Navegação (http://www.ndriveweb.com/) para a inclusão dos 4 territórios i9tur (Municípios de Ferreira do Alentejo, Cuba, Vidigueira e Alvito).


Dada a temática turística da intervenção, e como é exemplo o Foreign Eyes Photo Quest, a organização do encontro pretende ainda proporcionar aos participantes uma experiência única de aprendizagem intercultural através do contacto directo que promoverá entre estes e as comunidades locais durante o período do evento. Desta forma, usufruindo das singulares paisagens, da cultura e do património, os participantes poderão apreciar e avaliar activamente a região e os valores que esta oferece.




(fotos de Luis Milhano)

ALVITO - 04 a 10 JUNHO -AS ERVAS DA BARONIA





“ As Ervas da Baronia”, é a designação Ciclo das Ervas na Cozinha, que teve início no concelho de Alvito, em Fevereiro, com uma semana gastronómica especialmente dedicada aos pratos confeccionados à base de Espargos , Catacuzes e Carrasquinhas.

A segunda semana é dedicada às Beldroegas e decorrerá no concelho, entre os dias 4 e 10 de Junho.

Pratos como: Sopa de Beldroegas, Açorda de Beldroegas com Queijo e Ovos, Açorda de Beldroegas com Bacalhau, Açorda de Beldroegas com Camarão e Amêijoas, entre outros, poderão ser apreciados nos seguintes restaurantes aderentes: "O Buraco da Zorra" , "O Feio" e "A Markádia" , em Alvito e "Avenida", "Bica Nova", "O Camões" e "O Casão", em Vila Nova da Baronia.

A última semana do ciclo será dedicado às hortelãs, coentros e poejos -"Aromas campestres à Moda da nossa Gente", e decorrerá de 29 de Outubro a 4 de Novembro.

O Município de Alvito, enquanto entidade organizadora desta iniciativa, conta com o apoio da Região de Turismo da Planície Dourada e pretende que o ciclo das Ervas na Cozinha aconteça anualmente no concelho, perspectivando-se no próximo ano a introdução do cante alentejano de forma a enriquecer este evento e a torná-lo ainda mais atractivo para quem visitar os nossos restaurantes nestas alturas.

O Ciclo das Ervas na Cozinha é para apreciar...devagar !

Alvito Apetece!

ALVITO - 29 JUNHO - V FESTA DO BARÃO





A Câmara Municipal de Alvito realiza no dia 29 de Junho (sexta-feira), a partir das 19h, no Largo das Alcaçarias, em Alvito a 5ª Festa do Barão.

A Festa do Barão é uma recriação tardo-medieval, à moda da Baronia de Alvito, que inclui teatro, malabarismo, música e danças, torneio a cavalo, falcoaria e um grandioso repasto pela noite dentro.

Venha passar a noite em Alvito!

Inscrições até ao dia 22 de Junho:
Posto de Turismo
Tel.: 284 485 440
turismo @cm-alvito.pt



Alvito um concelho à sua espera...

sábado, maio 12, 2007

S. Leonardo de Galafura




"Aquele poema de Torga não lhe saía da cabeça. O autor dos Contos da Montanha nasceu ali ao lado e a sua visão telúrica sempre o impressionara. Algo terá este lugar para tanto ter fascinado o poeta."(palavras e foto de A Desenhar a quem dedico este "post" desejando rápida e franca recuperação)









À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.


Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.


Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e rosmaninho!

Miguel Torga – Ordonho, 2 de Outubro de 1961 (Antologia Poética)




quarta-feira, maio 09, 2007

BEBIDO O LUAR

Salvador Dali






Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Porquê jardins que nós não colheremos
Límpidos nas auroras a nascer,
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.



(Sophia de Mello Breyner Andresen)

sexta-feira, maio 04, 2007

Homenagem a Adriano Correia de Oliveira, no 65º aniversário do seu nascimento





Programa Comemorativo do 65º Aniversário
do Nascimento de Adriano Correia de Oliveira




5 de Maio 2007

15,30 horas

Auditório Municipal de Gaia




Actuação:

Uxia
Zeca Medeiros
Brigada Vítor Jara
Balada de Outono
Grupo Coral dos Professores
e Educadores de V. N. Gaia
Coro da Justiça
Orfeão de Oliveira do Douro

Comissão Organizadora:

Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira
ACMA
A.R. Restauradores Avintenses
Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto
C. Concelhia do PCP de V. N. Gaia
Onda Verde
União Académica de Avintes
UPP - Universidade Popular do Porto
Apoios:

Plebus Avintenses
Câmara Municipal de V. N. Gaia

------------------------


Agradeço a divulgação deste evento e, se possível, a vossa presença no próximo sábado, pelas 15,30 horas, no Auditório Municipal de Gaia.

Para qualquer informação:

centroadrianocorreiaoliveira@gmail.com

Conheci hoje e saúdo com amizade o CHUVISCOS

quinta-feira, maio 03, 2007

2º ENCONTRO DE BLOGS EM ALVITO






Conforme prometido aqui apresentamos o trabalho que a Drª Paula Silva nos enviou para ser lido no 2º Encontro de Blogs em Alvito. Na altura não foi possível ser transmitido aos Participantes mas aqui o deixamos para leitura e análise e para ser comentado.

"Cara organização, caros colegas, cara assistência,
Compromissos laborais impedem-me de estar presente neste segundo encontro na histórica vila de Alvito. No entanto, tenho o enorme prazer de partilhar convosco uma reflexão acerca dos resultados da minha tese de mestrado sobre a blogosfera portuguesa.

Prometendo ser breve, porque não há maior aborrecimento do que não estar presente e mesmo assim ser abusiva, vou directa ao assunto.



O último século viu os media impressos, a rádio e a televisão tornarem-se objectos de consumo massificados e hoje, a cada minuto que passa, há novos computadores a interligarem-se, novas pessoas a entrarem na Rede e novas informações a serem aí colocadas, ao alcance de “todos”.
Algo de profundo está a acontecer. Se a web 1.0 estava centrada nos negócios, a web 2.0 está organizada em torno de pessoas anónimas, do cibernauta. E o que quer isto dizer? A consolidação da autonomia individual, palavras de ordem que indicam o rumo da nova “web social” baseada numa Rede global, cujo substrato está assente na partilha de sons, textos, vídeos…
Pela primeira vez na história humana, a opinião pode tornar-se pública. Pública como consideramos a opinião de alguém que utilizou meios de comunicação como veículos, mas também pelo facto de poder dizer respeito a todos e que todos podem fundamentar ou rebater.
Neste sentido, os blogues são uma ferramenta imprescindível de promoção da racionalidade e de fomento da discussão. Abolidos os intermediários, amplia-se uma oferta de informação que até há pouco tempo estava confinada aos jornalistas e opinion makers.
É neste contexto que as “notícias” estão a ser produzidas pelo antigo público, por pessoas comuns, e não apenas por quem tradicionalmente costumava produzir a primeira versão da história.

Os media deixaram de ter o monopólio da informação, embora os blogues não procurem competir com os gigantes da comunicação. Até porque essa não é a sua intenção.

A blogosfera portuguesa não vive da informação original, o âmago do jornalismo, mas funda-se na opinião, a sua grande arma. Indivíduos privados discutem agora assuntos do interesse público e podem funcionar como vigilantes da acção dos media e dos que têm o poder.
Antes do surgimento da rede de comunicação de extensão planetária que é a Internet, a maioria dos seres humanos era invisível. Mas nas actuais circunstâncias é fácil ser-se ouvido, devido à facilidade de publicação de informação imediata. Os tão apregoados 15 minutos de fama de Andy Warhol transformaram-se em 15, 20, 30 ou muitos mais megas de notoriedade.
As massas chegaram à Rede, depois de terem tentado sem sucesso os meios impressos, apenas remetidos para as “Cartas dos Leitores”, e que tão bem se deram no formato mais popular de certos programas televisivos… não estimam a intimidade, divulgam-na a um público com os mesmos interesses e as mesmas angústias.

Opinativos por natureza, os blogues configuram-se antes como espaços de confirmação de identidades. São as idiossincrasias - a voz individual - que fazem um blogue.

Num jornal, rádio ou televisão seria impensável que se falassem de assuntos pessoais enquanto, por toda a parte e a todos os instantes, os acontecimentos se sucedem e o público deseja informação sobre eles. Em contrapartida, na Internet, falar sobre assuntos “intimistas” não tira espaço aos que desejam informação sobre o mundo.

Neste sentido, os blogues são também um ponto de inflexão na história dos meios de comunicação. Se os media apelam a um público mais vasto, os blogues, que abrangem toda uma gama de assuntos e estilos de escrita, são excelentes para gerarem descobertas fortuitas ou programadas, destinadas ao individual.

Autênticos best-sellers da Internet e verdadeiros êxitos de nichos informativos, os blogues vêm preencher o vazio criado pelos meios de comunicação tradicionais. São das melhores fontes para encontrar artigos menos conhecidos e sítios perdidos na web, com a oferta de fontes fidedignas a fazer muito pela conquista de seguidores dedicados.
Porém, com a entrada em cena do cibernauta como produtor de informação, é inegável o aumento de informação (desordenada mas substancial, sendo que a esmagadora maioria tem um interesse reduzido).
Por isso, os motores de busca terão, cada vez mais, um papel essencial de filtros, e os blogues uma palavra cada vez mais pujante a dizer acerca da fácil etiquetação por temas.
Sobretudo urge ainda reconhecer que mais do que meros produtos de lazer, os blogues são dos espaços onde se refaz a cadeia simbólica da comunidade. A Internet inaugura portanto um novo capítulo, quer no terreno da comunicação, quer no das relações pessoais.

Os blogues são, antes de mais, espaços comunicacionais, “lugares” de fronteiras simbólicas cujos editores se configuram à volta de comunidades de interesses e/ou práticas comuns produzidas ainda que por “desconhecidos”.

Experimentamos quotidianamente a comunicação que é um bem de primeira necessidade nas relações interpessoais e do homem consigo próprio. No entanto, recorremos cada vez mais a mediadores como os telefones e os computadores, que servem, também eles, de instrumentos de sociabilidade. As duas esferas (o encontro presencial e as conversas mediadas) tendem, cada vez mais, a combinar-se nas práticas diárias.

No mundo “pós-modem”, as amizades entre pessoas estão cada vez mais independentes da geografia. A crescente mobilidade das sociedades contemporâneas é caracterizada por uma sociabilidade que também se reclama mais autónoma.

Quem utiliza a Internet, não se limita a processar solitariamente a informação, interage também socialmente. A necessidade humana pela sociabilidade é tão indispensável quanto a necessidade de informação, pelo que existem tecnologias que permitem a satisfação de ambos os objectivos e os blogues parecem ser um desses casos. Encorajam o diálogo e são uma via para vozes que, na maioria das vezes, não têm como ser ouvidas.

Por outro lado, outro axioma básico para a minha investigação é que numa sociedade pós-moderna não se concebem produtos sem públicos, sendo notória a construção a priori de uma intencionalidade. Porque toda a comunicação tem como horizonte último um determinado efeito, é intencional, tem um objectivo.

Os seus editores preocupam-se com os números, estudam as estatísticas e não temem as críticas, sujeitando-se à avaliação de um público que pretendem conhecer.
A maioria colabora desinteressadamente para o crescimento do maior depósito de informação existente. Em última análise, esta mesma maioria quer a confiança do público, que será conquistado pela credibilidade do autor, e esta última será avaliada pelos leitores.
Novas promessas relacionadas com a interactividade aliadas ao facto da actualização poder ser contínua (várias vezes ao dia) faz com que se crie e se mantenha agarrada a audiência. Por detrás destas páginas pessoais está toda uma lógica que ultrapassa o simples lazer. Os blogues são apropriados de distintas formas porque distintos são também os objectivos de quem a eles acede.
Não é o meio que lhes dá a legitimidade, mas o discurso que no dia-a-dia apresentam. A coerência, o respeito e a argumentação fazem o resto. É por isso que se a confiança é difícil de se ganhar é também muito fácil de se perder.
Uma nova democracia participativa digital está a surgir. As novas ferramentas de edição criadas para a Internet vieram democratizar a Rede. Os novos desenvolvimentos tecnológicos estão ainda a fazer com que o anonimato se torne menos automático e mais uma escolha consciente dos internautas, isto apesar da Internet ter vindo potenciar (consciente ou inconscientemente) os danos respeitantes ao Direito de Autor, tendo em conta a livre circulação e a facilidade de copiar informação.

Num mundo fortemente dominado pelo paradigma da globalização e em constante mudança tecnológica, não se deve negligenciar também o potencial de capacidade das novas tecnologias de informação na renovação do debate e da comunicação pública. Tema este, aliás, que é o fio condutor desta tese.

Longe do tempo dos locais de sociabilidade onde se debatiam interesses comuns, o espaço público contemporâneo é um espaço mediatizado porque é funcionalmente dependente dos media.

Actualmente, uma parte importante da esfera pública está na Rede, contribuindo os blogues para a sua manutenção e crescimento constante. Espaço público esse que funciona como uma ágora universal cujo acesso é mais democrático que outrora e, por isso, promotor da cidadania, fazendo uso público da razão por pessoas privadas.

A informação aí disponibilizada, em consonância com um meio que não deixa de ser um fórum de debate, tem implicações para um ressurgimento da esfera pública, lugar da divergência e do heterogéneo.

Se, como afirma Françoise Zonabend, o silêncio só é de ouro para quem o excesso da palavra se tornou luxo sufocante, fica o desafio para os blogues, seus editores e seus mais fervorosos críticos, de rebaterem ou aceitarem a grande premissa que atravessa toda esta tese, a de que as palavras não estão gastas e ainda mantêm a sua força operativa."

terça-feira, maio 01, 2007

1º M A I O





1º. MAIO

Há Maio em cada rosto
em cada olhar
que passa pelo asfalto da Avenida
Há Maio em cada braço
que se ergue
há Maio em cada corpo em cada vida

Há Maio em cada voz
que se levanta
há Maio em cada punho que se estende
há Maio em cada passo
que se anda
há Maio em cada cravo que se vende

Há Maio em cada verso
que se canta
há Maio em cada uma das canções
há Maio que se sente
e contagia
no sorriso feliz das multidões

Há Maio nas bandeiras
que flutuam
e mancham de vermelho
o céu de anil
Há Maio de certeza
em cada peito
que sabe respirar o ar de Abril

Mas há Maio sobretudo
no poema
que se escreve sem ler o dicionário
porque Maio há-de ser
mais do que um grito
porque Maio é ainda necessário

Canto Maio e se canto
logo existo
que o meu canto de Maio é solidário
com o canto que escuto
e em que medito
e que sai da boca do operário

(Fernando Peixoto)



Com a devida vénia ao Movimentum

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...