terça-feira, outubro 30, 2007
segunda-feira, outubro 29, 2007
1-Fotos do Alentejo
segunda-feira, outubro 22, 2007
domingo, outubro 21, 2007
As ondas
sábado, outubro 20, 2007
Uma dor fina...
Foto de Reno
Uma dor fina que o peito me atravessa,
A escuridão que envolve o pensamento,
Um não ter para onde ir cheio de pressa,
Um correr para o nada em passo lento,
Um angustiante urgir que não começa,
Um vazio a boiar no alheamento,
Uma trôpega ideia que tropeça
No vácuo de um estranho abatimento.
É tédio? É depressão? Talvez loucura?
É, para um além de mim, passagem escura?
Um ir por ir que não tem outro lado?
É, sem máscaras, a esperança enfim deposta,
Ou no extremo da verdade exposta
A ironia feroz de um deus calado?
Natália Correia
(in Sonetos Românticos)
sexta-feira, outubro 19, 2007
BLOG SOLIDÁRIO
MARIA amiga que encontrei nas voltas da net e a quem por motivo de nossas sensibilidades se aproximarem na leitura e no sentir da poesia, pois esta MARIA quis mais uma vez distinguir o "Beja" com o prémio e o carinho do "BLOG SOLIDÁRIO". Ainda que o considere imerecido aceito-o com todo o prazer, dado de quem vem, retribuindo com um beijo amigo.
Vou, seguindo as regras, distribuí-lo por outros 10 blogs enviando as minhas saudações aos que não pude agora nomear.Provavelmente alguns blogs agora indicados já terão recebido este prémio mas esse facto mais reforçará esta atribuição.
1 - BLOG DO ZIG
2 - ADESENHAR
3 - ALÉM TEJO
4 - BLOG DO CANTINHO
5 - CHUVISCOS
6 - PALAVRAS AO VENTO
7 - PECISCAS
8 - POEMAS DE AMOR E DOR
9 - EREMITÉRIO
10- MOENDO CAFÉ
quinta-feira, outubro 18, 2007
Canção Grata
Por tudo o que me deste:
- Inquietação, cuidado,
(um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
- Obrigado, obrigado!
Por aquela tão doce e tão breve ilusão,
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!
Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
- Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: - Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!
Carlos Queirós
1907-1949
Carlos Queirós de seu nome completo José Carlos Queirós Nunes Ribeiro nasceu em Lisboa em 1907 e faleceu em Paris em 1949. Um dos seus livros mais conhecidos é Desaparecido e Outros Poemas.
Foi através dele que Fernando Pessoa conheceu Ofélia a quem escreveu as suas cartas e poemas de amor.
quarta-feira, outubro 17, 2007
Reflexão
Foto de Denisse Herrera
Nas longas horas vividas,
procuro as rotas que perdi.
Prisioneiro de causas inúteis,
componho poemas à pressa
e descubro pétalas murchas
em diários de infância.
Há histórias nunca lidas
que um dia te escrevi.
Adormeço recordações
em leito de flores,
moldo-lhe formas,
sorvo-lhe a fragrância.
Irreais e já sem vida,
restam imagens a falar de ti.
Ao bom ou mau passado
jamais alguém regressa;
daí ter-me perdido,
no tempo… no sonho… e na distância!
Orlando Fernandes (Fronteiras do Sonho)
terça-feira, outubro 16, 2007
Adriano Correia de Oliveira
Foto do CHUVISCOS onde vos convido a uma visita.
Adriano Correia de Oliveira
25 anos depois da sua partida
segunda-feira, outubro 15, 2007
Não digo adeus...
Foto de Ana Franco-Olhares
Largo no barco
Que ao largo se faz
Olhos rasos de água
- o meu adeus
Das horas más!
Levo-te no coração
Teu lugar preferido
Meu lugar de eleição
Beijo esses lábios
Sentindo o sabor
Que sempre recorda
Momentos de amor
Não digo adeus
Só até à volta
Vejo os olhos teus
Sentindo revolta
Haja o que houver
Ao meu lado estarás
Para ti voltarei
Por mim esperarás
Um último aceno
Um profundo olhar
Amo-te muito!
Sempre te hei-de amar!
LM – 15/10/07
domingo, outubro 14, 2007
Cinzas do Tempo
Foto Paulo Madeira-Olhares
A maré, a vazante,
O mar retirante
Recua diante
Da minha tristeza,
Presa de lembranças,
Represa de imagens,
Personagens, história
Que desenhei na memória
Com as cinzas do tempo.
Um dia de sol,
Trevas na alma,
Um momento, uma calma,
A pausa na dor.
Um alento, uma passagem,
Entre o amor e a amargura,
Entre a culpa e a tortura.
A frescura, a brisa
Me seduz, me abraça,
Festeja, me envolve
E assim me devolve a paz
Que deseja ficar
Mas, fraqueja e passa.
Um dia de sol,
A praia, a vida,
Na contrapartida
O escuro, o mergulho
Na saudade antiga,
Amiga, inimiga,
Refúgio, pensar,
Que agora me obriga
A rever e chorar.
FRANCISCO SIMÕES
sábado, outubro 13, 2007
PAZ!
sexta-feira, outubro 12, 2007
O nosso amor nasceu como um poema
Foto João Camilo-Olhares
"O Amor é a memória que o tempo não mata,
a canção bem-amada, feliz e absurda...
É a música inaudível...
O silêncio que treme e parece ocupar o coração
que freme quando a melodia do canto de
um pássaro parece ficar..."
- Vinícius de Moraes -
O nosso amor nasceu como um poema.
Como se nossas mãos não fossem duas.
Como se o teu corpo fosse o universo,
onde nos teus olhos cintilam outras luas
que enchem de luar estes meus versos.
O nosso amor nasceu como um poema.
Que tanto se excedia. E nos excedendo,
sempre o horizonte mais ficou distante.
Absorvente amor de tal forma absorvendo,
amando o amor talvez mais que o amante.
O nosso amor nasceu como um poema.
Com palavras que a amar se escreveram
em páginas de sonho, beleza e esplendor.
E tantas vezes as palavras se envolveram
que de um poema nasceu o nosso amor.
Albino Santos
quinta-feira, outubro 11, 2007
Sem Saída
Foto de Alex Krivtsov
Da tua sombra nasce a minha luz
do teu puro silêncio a minha fala
e ainda é teu o olhar que me seduz
no presságio do sono que me embala
Queria poder amar-te sem motivo
já sem corpo nem alma nem passado
quando só tu me provas que estou vivo
no teu sorriso mais que desesperado
Vem ter comigo, vem, enquanto a vida
nos abandona à flor do seu segredo:
ambos sabemos que não há saída
fora do nosso amor – ainda é cedo
e a noite é uma criança distraída
até ficarmos sós: não tenhas medo
Fernando Pinto do Amaral (A Luz da Madrugada)
Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa em 1960. Frequentou a Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso, vindo a licenciar-se em Línguas e Literaturas Modernas, concluindo o Mestrado e o Doutoramento em Literatura Portuguesa.
É Professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa. Publicou, desde 1990, cinco livros de poesia, dois volumes de ensaio e traduziu poemas de Baudelaire, Verlaine, Jorge Luis Borges e Gabriela Mistral.
Prefaciou edições de poesia de Camões, Bocage, Antero de Quental, Cesário Verde, Ruy Cinatti, Tomaz Kim e Luís Miguel Nava, entre outros. Alguns dos seus poemas estão traduzidos e publicados em espanhol, francês, neerlandês, alemão, checo, inglês, búlgaro e turco.
Área de Serviço e Outras Histórias de Amor é a sua estreia no domínio da ficção narrativa.
A Luz da Madrugada é o seu mais recente livro de poesia.
quarta-feira, outubro 10, 2007
terça-feira, outubro 09, 2007
Muitos Anos Depois
Foto de Angela Vicedomini
Pouco me importa o que teci, o que perdi,
As lágrimas, as saudades, os desencantos,
Tantos disfarces, infernos, tantos véus,
E quantos céus que eu rejeitei, e quantos.
Pouco me importa agora esse tempo
Que traçou rugas, desenhando o envelhecer,
É o mesmo tempo que hoje pára e escuta
O que a vida sempre me ouviu dizer:
EU TE AMO.
FRANCISCO SIMÕES
Francisco Mário Simões dos Santos é descendente de portugueses, filho de português e mãe brasileira, nascido em Belém do Pará. Foi locutor, produtor de programas e escritor de crónicas diárias. Durante cerca de vinte anos pertenceu ao quadro da ABAF — Associação Brasileira de Arte Fotográfica no Rio de Janeiro, quando ganhou mais de mil prémios nos seus salões mensais e anuais. No auge da bitola super-8 produziu vários filmes de curta-metragem durante o regime autoritário. Participou de muitos eventos do género no Brasil, principalmente, os realizados em universidades e centros de treinamento profissional. Ganhou vários prémios de destaque em festivais e mostras de filmes basicamente voltados para a crítica social e política, o que lhe garantiu problemas com a Censura. Trabalhou por trinta anos no Banco do Brasil, onde foi professor, coordenador e programador de cursos, chefe de um grupo que produzia módulos áudio-visuais para palestras e aulas e assessor do gabinete da presidência da PREVI, entre 1982 e 1986. Depois de aposentado, passou a realizar suas exposições "Fotografias Artesanais" e continuou a ganhar prémios, um deles, o título de cidadão honorário de Cabo Frio, cenário e motivo de muitas de suas fotos e vídeos. Em 1994 voltou a escrever poesia, o que parara de fazer há muito tempo. De dezembro de 1999 a dezembro de 2001, foi vencedor de vários concursos literários. Retornou à prosa, pelas crônicas, a partir de Janeiro de 2001, já com 64 anos de idade. Escreve para alguns sites de literatura no Brasil como Blocos e Rio Total, tem um espaço em Londres-Inglaterra, "O Cantinho do Francisco", integrante do Cantinho do Poeta, de Marc Fortuna e Richard Price, além do site pessoal.
segunda-feira, outubro 08, 2007
"Conheço o Sal..."
Foto de Piotr Kowalik
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu Inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena
domingo, outubro 07, 2007
Ideal
Foto de Marketa Uhlirova
Aquela que eu adoro não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazonas, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...
Antero de Quental
sábado, outubro 06, 2007
Aparição
Foto de Melan Chol Ie
Saudosamente, ao luar das minhas mágoas,
Vens para mim na tua graça de ave:
O teu andar, de longe, é brando e suave
Como um cisne vogando à flor das águas.
Vens para mim, ao luar que me entristece,
Em tua alada e mística figura:
Nos teus olhos se abisma a noite escura
E é a luz do luar que neles resplandece.
Há qualquer coisa em ti que me comove
E dá motivo ao meu desassossego:
Minhas falas por ti são as de um cego,
Tenho por ti o olhar de quem não ouve.
Quisera erguer em teu louvor um canto
De divina, quimérica harmonia:
Assim na primavera a cotovia
Festeja o sol que nasce e o seu encanto.
Digo o teu nome aos ventos, no martírio
Da ansiedade febril que me consome:
E logo os ecos rezam o teu nome,
Num êxtase que é irmão do meu delírio.
Grito por ti quando me encontro a sós,
Mentindo à dor de te saber ausente:
Mas vens ao meu amor, saudosamente,
E logo morre o alvor da minha voz.
Saudosamente, ao luar que me deslumbra,
Vens através a noite silenciosa:
E a tua graça, etérea e misteriosa,
É um outro luar surgindo na penumbra.
Anrique Paço d’Arcos
(Poesias Completas)
quinta-feira, outubro 04, 2007
FREE BURMA - PETIÇÃO
O movimento internacional de Bloggers de apoio à campanha Free Burma/Birmânia/Myanmar (International Bloggers' Day for Burma on the 4th of October) está a recolher adesões e a solicitar que nos Blogs de todo o Mundo sejam inseridos textos, no próximo dia 4, onde se apele à liberdade e ao respeito pelos direitos humanos.
PETIÇÃO FREE BURMA
Vamos fazer chegar à ONU e à CHINA 1.000.000 de assinaturas
quarta-feira, outubro 03, 2007
Olhar
Foto de Leona L
Olhas-me entre a surpresa e o desencanto
e eu fico embaraçado ante esse olhar:
nada podia perturbar-me tanto
como uns olhos roubados ao luar
das noites em que o tempo e o lugar
se faziam de espuma, luz e espanto.
Mas o que importa, sobre a ruinosa
erosão dos desenganos,
é esta força de quem ousa
amar-te acima do passar dos anos.
Torquato da Luz
terça-feira, outubro 02, 2007
Fado Saudade
Foto de Nina de Villeneuve
O Sol da minha ventura,
Era dado p’la ternura
Com que viveste a meu lado.
E os beijos que tu me deste
Tinham o gosto silvestre
A mel, a rosas e a fado.
Mas decorreram os anos,
Vieram mil desenganos,
E perdidos no caminho,
Vivemos a pena imensa
Desta imerecida indiferença
De cada um estar sozinho.
Solidão nos meus sentidos,
Mágoa dum tempo perdido,
Quantas vezes já morri?
Sonhos não realizados,
Remorsos dos meus pecados…
Tenho saudades de ti!
Orlando Fernandes (Fronteiras do Sonho)
segunda-feira, outubro 01, 2007
AMEMOS
Foto de Alex Krivtsov
DAMA NEGRA
POR QUE TARDAS, meu anjo! oh! vem comigo.
Serei teu, serás minha... É um doce abrigo
A tenda dos amores!
Longe a tormenta agita as penedias...
Aqui, ao som de errantes harmonias,
Se adormece entre flores.
Quando a chuva atravessa o peregrino,
Quando a rajada a galopar sem tino
Açoita-lhe na face,
E em meio à noite, em cima dos rochedos,
Rasga-se o coração, ferem-se os dedos,
E a dor cresce e renasce...
A porta dos amores entreaberta
É a cabana erguida em plaga incerta,
Que ampara do tufão...
O lábio apaixonado é um lar em chamas
E os cabelos, rolando em espadanas,
São mantos de paixão.
Oh! amar é viver... Deste amor santo
— Taça de risos, beijos e de prantos
Longos sorvos beber...
No mesmo leito adormecer cantando...
Num longo beijo despertar sonhando...
Num abraço morrer.
Oh! amar é ser Deus!... Olhar ufano
O céu azul, os astros, o oceano
E dizer-lhes: "Sois meus!"
Fazer que o mundo se transforme em lira,
Dizer ao tempo: "Não... Tu és mentira,
Espera que eu sou Deus!"
Amemos! pois. Se sofres terei prantos,
Que hão de rolar por terra tantos, tantos,
Como chora um irmão.
Hei de enxugar teus olhos com meus beijos,
Escutarás os doces rumorejes
D'ave do coração.
Depois... hei de encostar-te no meu peito,
Velar por ti — dormida sobre o leito —
Bem como a luz no altar.
Te embalarei com uma canção sentida,
Que minha mãe cantava enternecida
Quando ia me embalar.
Amemos, pois! P'ra ti eu tenho n´alma
Beijos, prantos, sorrisos, cantos, palmas...
Um abismo de amor...
Sorriso de uma irmã, prantos maternos,
Beijos de amante, cânticos eternos,
E as palmas do cantor!
Ah! fora belo unidos em segredo,
Juntos, bem juntos... trêmulos de medo,
De quem entra no céu,
Desmanchar teus cabelos delirante,
Beijar teu colo!... Oh! vamos minha amante,
Abre-me o seio teu.
Eu quero teu olhar de áureos fulgores,
Ver desmaiar na febre dos amores,
Fitos fitos... em mim.
Eu quero ver teu peito intumescido,
Ao sopro da volúpia arfar erguido
O oceano de cetim
Não tardes tanto assim... Esquece tudo...
Amemos, porque amar é um santo escudo,
Amar é não sofrer.
Eu não posso ser de outra... Tu és minha,
Almas que Deus uniu na balsa e ténue
Hão de unidas viver.
Meu Deus!... Só eu compreendo as harmonias,
De tua alma sublime as melodias
Que tens no coração.
Vem! Serei teu poeta, teu amante...
Vamos sonhar no leito delirante
No templo da paixão.
Castro Alves
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