domingo, junho 22, 2008

CONVITE





Dia 28 de Junho (Sábado), em Beja, pelas 13h00.

Preço: 15€/pessoa (a pagar no local)

Restaurante: Adega 25 de Abril.

Inscrições, até 26/6, via e-mail, com indicação de restrições alimentares e número de pessoas.

Para amigos e simpatizantes da Praça.

João Espinho

PRAÇA DA REPÚBLICA EM BEJA

quinta-feira, junho 12, 2008

HOMENAGEM A DOIS POETAS





Escrevo

Escrevo já com a noite
em casa. Escrevo
sobre a manhã em que escutava
o rumor da cal ou do lume,
e eras tu somente
a dizer o meu nome.
Escrevo para levar à boca
o sabor da primeira
boca que beijei a tremer.
Escrevo para subir
às fontes.
E voltar a nascer.


Eugénio de Andrade









Eugénio de Andrade (Fundão, 19 de Janeiro de 1923 — Porto, 13 de Junho de 2005) foi um poeta português que, em 2001, ganhou o Prémio Camões, o nobel para a língua portuguesa.




Biografia

Eugénio de Andrade foi o pseudónimo de José Fontinhas Rato poeta português do séc. XX, nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923, fixando-se em Lisboa em 1932 com a mãe, que entretanto se separara do pai.

Estudou no Liceu Passos Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado "Narciso", publicou três anos mais tarde.

Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de inspector administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

A sua consagração já acontecera dois anos antes, em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).

Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca" (1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986).

Durante os anos que se seguem até hoje, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros...

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com "essa debilidade do coração que é a amizade".

Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube. Viveu em Lisboa de 1932 a 1943. Fixou-se no Porto, a partir de 1950, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais. Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.


Vida e obra literária
Estreou-se em 1940 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos Adolescente, e afirma-se como poeta na cole(c)tânea As mãos e os frutos. A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.


Livros de Poesia
Pureza (1945)
As Mãos e os Frutos (1948)
Os amantes sem dinheiro (1950)
As palavras interditas (1951)
Até amanhã (1956)
Coração do dia (1958)
Mar de Setembro (1961)
Ostinato rigore (1964)
Obscuro domínio (1971)
Véspera de água (1973)
Escrita da Terra (1974)
Limiar dos pássaros (1976)
Matéria solar (1980)
Vertentes do olhar (1987)
O outro nome da Terra (1988)
Rente ao dizer (1992)
Ser dá trabalho (1993)
Ofício de Paciência
Antologia Breve
Ofício de Paciência
O Sal da Língua (1995)

Antologias
Daqui houve nome Portugal (1968)
Variações sobre um corpo (1972)
Versos e alguma prosa de Luís de Camões (1972)
Foi também tradutor de alguma obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luís Borges.


Literatura Infantil
História da Égua Branca (1977)
Aquela Nuvem e Outras (1986)

Prosa
"Os Afluentes do Silêncio". Porto, Editorial Inova, 1968.
"História da Égua Branca". Porto, Edições Asa, 1976.
"Rosto Precário". Porto, Limiar, 1979.
"À Sombra da Memória".

Obras Traduzidas
Alemanha
"Die weiße Stute", in "Dichter Europas erzählen Kindern". Trad. de Helmut Frielinghaus, Colónia, Midlhauve, 1972.

Ex-Checoslováquia
"Portugalski Kvartet" (Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, Eugénio de Andrade, Herberto Hélder). Trad. de Mirko Tomasovic, Zagreb, Znanje Zagreb, 1984.

Espanha
"Antología Poética 1940-1980". Versão de Ángel Crespo, Barcelona, Plaza & Janes, 1981.

"Escritura de la Tierra", III. Trad. de José Luís García Martín, in "Fin de Siglo", nº8, Jerez de la Frontera, 1984.
"Memoria d'Outru Riu". Trad. (em bable) de António García, Oviedo, Libros de Frou, 1985.

"Blanco en lo Blanco". Trad. de Fidel Villar Ribot, Granada, Editorial D.Quijote, 1985.

"Vertientes de la Mirada y Otros Poemas en Prosa". Trad. de Ángel Crespo, Madrid, Ediciones Júcar, 1987.

"Ostinato Rigore". Trad. de Manuel Guerrero, pref. de Eduardo Lourenço, Barcelona, Ediciones de Mall, 1987.

"Matéria Solar". Trad. (em catalão) de Vicente Berenguer, Valência, Gregal Llibres, 1987.

"Contra la Escuridade". Trad. (em bable) de Antonio García, Oviedo, Academia de Língua Asturiana, 1987.

Estados Unidos
"Inhabited Heart: The Select Poems of Eugénio de Andrade". Trad. de Alexis Levitin, Van Nuys, Califórnia, Perivale Press, 1985.

"White on White". Trad. de Alexis Levitin, in "Quaterly Review of Literature", Princeton, New Jersey.

"Memory of Another River". Trad. de Alexis Levitin, St. Paul, Minnesota, New Rivers Press, 1988.

"The Slopes of a Gaze". Trad. de Alexis Levitin, Plattsburgh, New York, Apalachee Press, 1992. (Edição bilingue: português e inglês)

França
"Vingt-sept Poèmes d'Eugénio de Andrade". Trad. e impressão de Michel Chandeigne, Paris, 1983.

"Une Grande, Une Immense Fidélité". Trad. de Christian Auscher, Paris, Chandeigne, 1983.

"Matière Solaire". Trad. de Mª Antónia Câmara Manuel, Michel Chandeigne e Patrick Quiller, Paris, La Différence, 1987.

"Les Poids de l'Ombre". Trad. de Mª Antónia Câmara Manuel, Michel Chandeigne e Patrick Quiller, Paris, La Différence,1987.

Itália
"Ostinato Rigore, Antologia Poetica". Trad. de Carlo Vittorio Cattaneo, Roma, Edizioni Abete, 1975.

"Memoria d'un Altro Fiume". Trad. de Carlo Vittorio Cattaneo, Luxemburgo, Éditions Internationales Euroeditor, 1984.

México
"Brevisima Antología". Trad. de A. Ruy Sánchez, México, Universidad Nacional Autónoma, 1981.

Ex-URSS
"Poesia Portuguesa Contemporânea": José Gomes Ferreira, Jorge de Sena, Carlos Oliveira e Eugénio de Andrade. Trad. de Elena Riáuzova, Moscovo, Editorial Progress, 1980.

Venezuela
"Blanco no Blanco". Trad. de Francisco Rivera, Caracas, Fundarte, 1987.

Portugal
"Ostinato Rigore", edição bilingue (português e francês), com traduções de Bruno Tolentino e de Robert Quemserat, 1971.

"Escrita da Terra e Outros Epitáfios", edição bilingue (português e italiano), com traduções de Vottorio Cattaneo,1974.

"Changer de Rose, Poèmes de Eugénio de Andrade traduits em espagnol, français, italien, anglais et alemand." Trad. de Ángel Crespo, Xosé Lois García, Pilar Vásques Cuesta, Armand Guibert, Robert Quemserat, Isabel Magalhães, Sophia de Mello Breyner e Guillevic, Bruno Tolentino, Carlo Vittorio Cattaneo, Giuseppe Tavani, Luciana Stegagno Picchio, Jonathan Griffin, Jean R. Longland, Mário Cláudio e Michel Gordon Lloyd, Erwin Walter Palm, Curt Meyer-Clason, Porto, 1978.


Prémios
Eugénio foi galardoado com inúmeras distinções, entre as quais:

Prémio Pen Clube (1986)
Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986)
Prémio D. Dinis (1988)
Prémio Jean Malrieu (França, 1989)
Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (APE) (1989)
Prémio APCA (Brasil,1991)
Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996)
Prémio Vida literária da APE (2000)
Prémio Celso Emilio Ferreiro (Espanha, 2001)
Prémio Camões (2001)
Prémio PEN (2001)
Doutoramento "Honoris Causa" (2005).
Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube.










Sem Título e Bastante Breve

Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa
tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e
com elas quero construir um templo em forma de ilha
ou de mãos disponíveis para o amor....

na verdade, estou derrubado
sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde,
não sei onde
procuro as aves recolhidas na tontura da noite
embriagado entrelaço os dedos
possuo os insectos duros como unhas dilacerando
os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...

dizem que ao possuir tudo isto
poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito
interrogar-se acerca da melancolia das mãos....
...esta memória lamina incansável

um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
....que sei eu sobre as tempestades do sangue?
E da água?
no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...

amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão

Al Berto






Alberto Raposo Pidwell Tavares, (Coimbra, 11 de Janeiro de 1948 — Lisboa, 13 de Junho de 1997), que adoptou o pseudónimo de Al Berto, foi um poeta e editor português.

Nascido no seio de uma família da alta burguesia (origem inglesa por parte da avó paterna). Um ano depois foi para o Alentejo, é em Sines onde passa toda a infância e adolescência até que a família decide enviá-lo para o estalebecimento de ensino artístico Escola António Arroio, em Lisboa.

A 14 de Abril de 1967 foi estudar pintura para a Bélgica, na École Nationale Supérieure d’Architecture et des Arts Visuels (La Cambre), em Bruxelas.

Após concluir o curso, decide abandonar a pintura em 1971 e dedicar-se exclusivamente à escrita. Regressa a Portugal a 17 de Novembro de 1974 e aí escreve o primeiro livro inteiramente na língua portuguesa, À Procura do Vento num Jardim d'Agosto.

O Medo, uma antologia do seu trabalho desde 1974 a 1986, é editado pela primeira vez em 1987. Este veio a tornar-se no trabalho mais importante da sua obra e o seu definitivo testemunho artístico, sendo adicionados em posteriores edições novos escritos do autor, mesmo após a sua morte. Deixou ainda textos incompletos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava.

Morreu de linfoma.



Obra

Poesia
1977 - À Procura do Vento num Jardim d'Agosto.
1980 - Meu Fruto de Morder, Todas as Horas.
1982 - Trabalhos do Olhar.
1983 - O Último Habitante.
1984 - Salsugem.
1984 - A Seguir o Deserto.
1985 - Três Cartas da Memória das Índias.
1985 - Uma Existência de Papel.
1987 - O Medo (Trabalho Poético 1974-1986).
1989 - O Livro dos Regressos.
1991 - A Secreta Vida das Imagens.
1991 - Canto do Amigo Morto.
1991 - O Medo (Trabalho Poético 1974-1990).
1995 - Luminoso Afogado.
1997 - Horto de Incêndio.
1998 - O Medo.
2007 - Degredo no Sul.

Prosa
1988 - Lunário.
1993 - O Anjo Mudo.
2006 - Apresentação da Noite.

Prémios
1988 - Prémio Pen Club de Poesia pela obra O Medo.

domingo, junho 08, 2008

A FLOR

Foto de Alex Krivtsov




por onde passo
e sinto flores
revejo crianças
brincando
conversando
sorrindo
ou mesmo
caladas
alheias ao tempo

por onde passo
e sinto flores
quer seja nos jardins
quer seja nos campos
ou nas dunas
lembro
de uma flor
cor de sonho
numa manhã de abril

o tempo
que tingiu meus cabelos
descoloriu casas
encurtou meus passos
sepultou ilusões
não conseguiu murchar
a lembrança da flor
que um dia colhi
e jamais entreguei

BATISTA FILHO


Visite este meu amigo brasileiro no seu blog ILHA DOS MUTUNS. Terá óptimas razões para lá voltar.

quarta-feira, junho 04, 2008

MENINA MAROTA - UM DESNUDAR DE ALMA



O "BEJA" não podia deixar de se associar ao lançamento promocional do livro MENINA MAROTA-UM DESNUDAR DE ALMA, que terá lugar no dia 15 de Junho de 2008, pelas 16 horas, na Fnac do Galashopping.
A apresentação estará a cargo do Dr. Fernando Peixoto.

Desejamos a Otília Martel, a nossa Menina Marota, muitas felicidades e os maiores êxitos.

Para dar mais cor a esta notícia fui ao blog "Menina Marota" e "roubei" a imagem acompanhada deste poema da Amiga, editado em Agosto de 2005.




ESPERANÇA


Desenha em ti
cores vivas
de felicidade
mesmo que adiada
mesmo que não consentida
não deixes que o negro
tome conta de ti...
Exala o perfume
das flores
o aroma dos frutos
e pinta a Vida
de mil cores
mil pensamentos
felizes
audazes
coloridos...


domingo, junho 01, 2008

ENTRE AS ONDAS E A BRUMA

Foto de Paul Mahder



O meu rumo é o que o mar quiser!
De horizonte ausente
na penumbra silenciosa
atravesso madrugadas
sem fronteiras,
invento rumos, rotas e marés,
desfraldo as velas do sonho
e navego entre ondas de espuma

Deixo o meu mundo para trás
e dissolvo-me em místico nevoeiro,
pois sei que haverá um momento
em que me perderei na bruma,
o sol me queimará o rosto,
e alvas e alterosas ondas
serão nossos lençóis agitados
nas correntes loucas do desejo.

Nos lábios rubros da manhã,
molhados de sal e orvalho
haverá um impulso metafísico
de mergulhar neles num afago,
e neles voar como gaivota,
partindo livre e clandestino
até a um pôr-de-sol eterno…

Oiço-me então no meu silêncio!
Fecho os meus olhos de espanto.
E na avidez de tanto te amar,
descubro no imenso abismo azul
montes de páginas em branco
que haveremos de escrever
em bordados de espuma,
nos revoltos lençóis do oceano
com as cores da nossa paixão!...



Albino Santos

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...