sábado, novembro 14, 2009

GLOSA À CHEGADA DO INVERNO




Ao frio suave, obscuro e sossegado,
e com que a noite, agora, se anuncia
depois de posto, ao longe, um sol dourado
que a uma rosada fímbria arrasta e esfia...

Da solidão dos homens apartado,
e entregue a tal silêncio, que devia
mais entender as sombras a meu lado
que a terra nua onde se atrasa o dia...

Recordo o amor distante que em mim vive,
sem tempo ou espaço, e apenas amarrado
à liberdade imensa que não tive,

e que não há. Como o recordo agora
que a luz do dia já se não demora,
se apenas de si próprio é recordado?



Jorge de Sena


1 comentário:

lena disse...

não sinto aqui o frio, a poesia aquece-me

um poema que me recorda tantos momentos

o silêncio
o sol dourado no horizonte
a terra onde um dia nasci
um amor distante...


bela "GLOSA À CHEGADA DO INVERNO"

de Jorge Sena o poeta que já descansa entre nós

beijinho meu

lena

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