Soneto
Tempo das cerejeiras agressivas
A avançar pelo meu quarto dentro.
Velho tempo das noites explosivas
Em que o sangue crescia como o vento!
Tempo - aproximação das coisas vivas,
Do seu hálito doce, violento.
Tempo - horas e horas convertidas
No ouro raro e inútil dum lamento...
Tempo como ferida no meu lado,
Coração palpitando sobre a lama.
Tempo perdido, sangue derramado,
Resto de amor que se deixou na cama,
Horizonte de guerra atravessado
Pelo corpo audacioso duma chama.
Alexandre O'Neill, Poesias Completas, Assírio e Alvim
2 comentários:
Olá Lumife,
Há muito não lia O'Neill e foi bom recordar através deste belíssimo poema.
Eram tão bons os poetas daquela geração que tudo o que lemos deles nos toma a alma e a pele...
Jà não estou no facebook, não tinha tempo, nem aprecio tanto como os blogues, embora fosses tu que me embelezavas mais vezes a página com bela poesia que nem sempre conseguia comentar.
Virei sempre por aqui.
Beijinhos.
Branca
o grande O'Neill
há poema há poema
há ler e voltar!
[sempre]
grande abraço
jorge
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