quinta-feira, setembro 30, 2010

QUANDO SURGES NA NOITE ...






Quando surges na noite, quando avanças
porque o som do batuque por ti chama,
teu corpo negro é chama que me inflama,
quando surges na noite, quando danças...

Quando danças, cantando as esperanças
e os desesperos todos de quem ama,
teu corpo negro é fogo que derrama
febre nas almas que repousam mansas.

Tu vens dançando (tudo em mim se agita)
e vens cantando (tudo em mim já grita),
quando surges em noite de queimada...

Depois, somos os dois, no mesmo abraço,
num batuque só nosso, num compasso
mais febril do que toda a batucada !


Geraldo Bessa Victor

1917/1990


Foto de Ilya Rashap


5 comentários:

alfacinha disse...

a senhora é tão bela como o poema

Unknown disse...

Belíssimo poema, com ritmo e imagens intensas. A foto é magnífica.

Joaquim André Marreiros disse...

como não vi o contacto, deixo aqui mais um blogue que vale a pena visitar

http://caboandre.blogspot.com/

Muito obrigado

Branca disse...

Sempre belas escolhas as tuas.
Poema deslumbrante com os ritmos e o sangue Africano, que se não me engano já comentei numa outra página tua.

Obrigada por passares pelo Brancamar, já tinha saudades das tuas visitas.

Um abraço.
Branca

Manuel Luis disse...

Com cheiro a África.
Bela escolha, activa os sentimentos acompanhado pelo ritmo.
Abraço

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...