sexta-feira, novembro 25, 2005

MANUEL ALEGRE o Nosso CANDIDATO



Manuel Alegre em entrevista ao Público

Esta candidatura é um facto novo que desarruma os hábitos e o sistema

Por Maria José Oliveira e José Manuel Fernandes
24.11.2005


Manuel Alegre assume que o seu "contrato presidencial" apresenta propostas concretizáveis e defende que realizar um pacto económico e social não é uma aproximação ao "bloco central". Para além da estabilidade política, é necessário dar prioridade
ao combate a tensões sociais que possam surgir com a crise económica. Por isso, o candidato entende que o Presidente da República deve ter um papel mais interventivo, tentando restabelecer a confiança dos portugueses no sistema político-partidário. Alegre advoga ainda que o magistério não deve ser apenas de influência, mas também de "essência"




A alternativa Manuel Alegre
O passado de luta de Manuel Alegre, a sua postura política e o prestígio de que goza como poeta e escritor permitem-lhe ambicionar um resultado positivo e eventualmente a passagem a uma segunda volta nas eleições. E, se isso acontecer, pode até vir a vencê-las. De resto, para surpresa de muitos, esse cenário aparece como perfeitamente plausível, segundo as sondagens até agora efectuadas.
[Elísio Estanque, Professor Universitário, Militante do PS, 24.11.2005]







Debaixo das Oliveiras


Este foi o mês em que cantei
dentro de minha casa
debaixo
das oliveiras.

O mês em que a brisa me pôs nas mãos
uma harpa de folhas
e a terra me emprestou
sua flauta e sua lua.
Maré viva. Meu sangue atravessado
por um cometa visível a olho nu
tangido por satélites e aves de arribação
navegado por peixes desconhecidos.

Este foi o mês em que cantei
como quem morre e ressuscita
no terceiro dia
de cada sílaba.

O mês em que subi a uma colina
dentro de minha casa
olhei a terra e o mar
depois cantei
como quem faz com duas pedras
o primeiro lume. Palavras
e pedras. Palavras e lume
de uma vida.

Este foi o mês em que fui a um lugar santo
dentro de minha casa.
O mês em que saí dos campos
e me banhei no rio como quem se baptiza
e cantei debaixo das oliveiras
as mãos cheias de terra. Palavras
e terra
de uma vida.

Este foi o mês em que cantei
como quem espelha ao vento suas cinzas
e cresce de seu próprio adubo
carregado de folhas. Palavras
e folhas
de uma vida.

O mês em que a mulher
tocou meus ombros com sua graça
e me deu a beber
a água pura do seu poço.
Este foi o mês em que o filho
derramou dentro de mim
o orvalho e o sol
de sua manhã.

O mês em que cantei
como quem de si se perde e reencontra
nas coisas novamente nomeadas.

Este foi o mês em que atravessei montanhas
e cheguei a um lugar onde as palavras
escorriam leite e mel.
MILAGRE MILAGRE gritaram dentro de mim
as aves todas da floresta.

Então reparei que era o lugar do poema
o lugar santo onde cantei
entre mulher e o filho
como quem dá graças.

Este foi o mês em que cantei
dentro de minha casa
debaixo
das oliveiras.


(Manuel Alegre)





Nota do "Beja": Se estiver interessado em conhecer mais notícias e pormenores da Candidatura à Presidência da República clique em MANUEL ALEGRE

16 comentários:

Mónica disse...

Neste momento não sou fiel a nenhum candidato. E a verdade é que de certa forma ando desiludida com a política e os políticos do nosso país...

É pena que estta campanha se tenha transformado numa guerra de partidos, intra partidos e entre cidadão que se candidatam para representar o nosso país.

Já não basta as cenas de guerra que assistimos todos os dias pelo mundo...

Acho que não estamos no caminho certo para um Portugal maior e melhor!

:)

sónia disse...

Só para desejar um bom fim de semana e felicitar a sua militância nesta causa! :)

Kalinka disse...

Sobre Política não me manifesto.
Também que política e que políticos temos que mereça a pena estar a perder tempo? São sempre os mesmos, infelizmente.
Estamos a precisar e muito de gente mais nova, tanto na idade como nas ideias...
Portugal só irá para a frente com outras ideias diferentes das que se repetem há quase 30 anos.

Daí...que te deseje um bom fim de semana, no entanto, visita-me sempre que possas, pois a porta do meu kalinka está sempre aberta aos Amigos. Beijokas.

Menina Marota disse...

Um soberbo Poema de Manuel Alegre.

Concordo com as palavras da Mónica.

Acho que devia de haver mais respeito por Portugal e pelos Portugueses.

Mas desejo muita Sorte a manuel Alegre.

Um abraço ;)

wind disse...

Poema bonito como todos dele, e como já aqui o escrevi, o "meu" candidato. beijos e bom fim de semana

bomdebola disse...

É o meu candidato, motivos não me faltam para o apoiar, entre os quais porque...

… é tão difícil encontrar pessoas assim… bonitas!

agua_quente disse...

Então aqui estão as nossas outras afinidades, para além do amor pelo Alentejo... :)
É também o meu candidato e, se quisermos e trabalharmos para isso, até é possível o sonho! :)
Beijos

Dulce Gabriel disse...

Também gosto muito do Manuel Alegre.só é pena que não tenha o apoio do PS,o poeta merece ganhar as eleições.

João Fialho disse...

Desde há algum tempo que venho manifestando o meu apoio ao candidato Manuel Alegre.

E o meu voto é, mais ou menos, 50% a favor de Manuel Alegre e 50% contra os sebastianismos e os revivalismos injustificados.

Saudações alentejanas.

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Gosto sempre tanto das músicas com que nos presenteias e com os posts também, este blog cheira a alentejo puro e é tão bom!

Bom fim de semana

beijos da Lina/Mar Revolto

Nina disse...

Passei para deixar um beijinho e desejar um BOM FDS :)

segurademim disse...

Olha que os blogs têm dado um óptimo contributo a esta candidatura...
Beijo e bom fim-de-semana para ti também

lena disse...

um bom poema de Manuel Alegre e lembrei-me de outro que deixo para ti também de Manuel Alegre

Última Página

Vou deixar este livro. Adeus.
Aqui morei nas ruas infinitas.
Adeus meu bairro página branca
onde morri onde nasci algumas vezes.

Adeus palavras comboios
adeus navio. De ti povo
não me despeço. Vou contigo.
Adeus meu bairro versos ventos.

Não voltarei a Nambuangongo
onde tu meu amor não viste nada. Adeus
camaradas dos campos de batalha.
Parto sem ti Pedro Soldado.

Tu Rapariga do País de Abril
tu vens comigo. Não te esqueças
da primavera. Vamos soltar
a primavera no País de Abril.

Livro: meu suor meu sangue
aqui te deixo no cimo da pátria
Meto a viola debaixo do braço
e viro a página. Adeus.

Manuel Alegre

palavras para quê?

beijinhos meus

lena

Anónimo disse...

Que o seu sobrenome "Alegre" traga realmente alegria ao povo português.
Beijos.
Anne. http://www.anne_voce.blogger.com.br

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Agradeço a todos, os comentários aqui deixados e irei visitá-los nos vossos blogs. Até já.

Graza disse...

E porque não desta vez: a Cultura à Presidência!
Força aí amigos.

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...