quarta-feira, agosto 03, 2005

Ternura

Foto de Paulo Ferreira




Desvio dos teus ombros o lençol

que é feito de ternura amarrotada,

da frescura que vem depois do Sol,

quando depois do Sol não vem mais nada...



Olho a roupa no chão: que tempestade!


há restos de ternura pelo meio,

como vultos perdidos na cidade

em que uma tempestade sobreveio...



Começas a vestir-te, lentamente,

e é ternura também que vou vestindo,

para enfrentar lá fora aquela gente

que da nossa ternura anda sorrindo...



Mas ninguém sonha a pressa com que nós


a despimos assim que estamos sós!




(David Mourão Ferreira)

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...