quarta-feira, dezembro 27, 2017

RENÚNCIA



Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
toda a expressão do humano sofrimento.
A gente esquece assim como se fosse

um voo de andorinha em céu nevoento.

Anoiteceu de súbito. Acabou-se
tudo... A miragem do deslumbramento...
Se a vida que rolou no esquecimento
era doce, a saudade inda é mais doce.

Sofre de ânimo forte, alma intranquila!
Resume na lembrança de um momento
teu amor. Olha a noite: ele cintila.

Que o grande amor, quando a renúncia o invade
fica mais puro porque é pensamento,
fica muito maior porque é saudade.


OLEGÁRIO MARIANO


OLEGÁRIO MARIANO CARNEIRO DA CUNHA (Olegário Mariano), poeta, político e diplomata. Nasceu em Recife - PE, em 24 de março de 1889, e faleceu no Rio de Janeiro - RJ, em 28 de novembro de 1958.

.
Foto de Anna Gorbenko

quinta-feira, dezembro 07, 2017

SONETO



Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento ...

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado ...
Pára e fica e demora-se um momento

Pára e fica na doida correria ...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora ...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora .


ANGELO DE LIMA

(1872/1921)

Foto de Wahid Nour Eldin


quarta-feira, dezembro 06, 2017

A TUA ROSA




A bela rosa é a que tenho na mão
quando o amor faz durar cada instante,
e em cada segundo se ouve o coração
que faz bater o pulso do amante.

Abro-a com os dedos, até ao fundo,
e vejo-a fechar-se quando se oferece,
os olhos prendendo ao seu secreto mundo,
de cada vez que a olho e ela me esquece.

Nenhuma rosa é como esta, que eu amo,
ao vê-la nascer de um campo de alegria:
tem a púrpura do teu rosto, quente e fria,

e a pureza da tua voz que eu reclamo.
Assim, nunca outro amor teve uma tal flor,
e é à minha vida que dás a sua cor.

Nuno Júdice

In O Estado dos Campos


Foto de Zeca

quinta-feira, novembro 30, 2017

BRINCADEIRA




Brinca comigo à procura
de uma estrela noutro céu
Brinca e lava a noite escura
com os sonhos que Deus te deu

Começa devagarinho
– por favor, não tenhas medo,
que o meu coração fez ninho
dentro do teu em segredo

Acorda os anjos que dormem
com a luz do teu sorriso
Faz com que não se conformem
e saiam do paraíso

Deixa-os entrar de repente
no teu quarto, a esta hora
em que a verdade mais quente
é o sono que te devora

Brinca comigo às escuras,
ensina-me o que não sei
Onde estás? Porque procuras
o coração que te dei?

Fernando Pinto do Amaral

domingo, novembro 26, 2017

QUANTAS VEZES TE ESPEREI NESTE LUGAR ...






Quantas vezes te esperei neste lugar
quantas vezes pensei que não chegavas
quantas vezes senti a rebentar
o coração se ao longe te avistava.

Quantas vezes depois de teres chegado
nos colámos no beijo que tardava
quantas vezes trementes e calados
nos entregámos logo sem palavras.

Quantas vezes te quis e te inventei
quantas vezes morri e já não sei.

Torquato da Luz

Foto Remi Aerts

quarta-feira, novembro 22, 2017

QUASE NADA





Tenho-te aqui ao meu lado;
se quiser tenho na mão 
teus cabelos negros, negros;
acaricio o teu rosto
com trejeitos meigos, sábios.
Se quiser beijo os teus lábios;
se quiser tenho o teu corpo
esbelto, de ébano loiro...
Tudo em ti me faz lembrar
que tenho um lindo tesoiro!
Não é preciso falar,
que é bela a nossa paixão,
sobre o chão
à luz da vela!

Se eu quisesse confessava
que eras agora o meu mundo.
Gosto de ti!
Sei que é pouco!
Sendo pouco,
É quase tudo! 

Humberto Sotto Mayor

Foto de Svetlana Melik-Nubarova

terça-feira, novembro 21, 2017

MEU ANJO, ESCUTA



Meu anjo, escuta: quando junto à noite
Perpassa a brisa pelo rosto teu,
Como suspiro que um menino exala;
Na voz da brisa quem murmura e fala
Brando queixume, que tão triste cala
No peito teu?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Quando tu sentes lutuosa imagem
D'aflito pranto com sombrio véu,
Rasgado o peito por acerbas dores;
Quem murcha as flores
Do brando sonho? — Quem te pinta amores
Dum puro céu?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguém te acorda do celeste arroubo,
Na amenidade do silêncio teu,
Quando tua alma noutros mundos erra,
Se alguém descerra
Ao lado teu
Fraco suspiro que no peito encerra;
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguém se aflige de te ver chorosa,
Se alguém se alegra co'um sorriso teu,
Se alguém suspira de te ver formosa
O mar e a terra a enamorar e o céu;
Se alguém definha
Por amor teu,
Sou eu, sou eu, sou eu!


GONÇALVES DIAS
(poeta e teatrólogo brasileiro. 1823/1864)


Foto de Anton Postnikov

domingo, novembro 19, 2017

CANÇÃO DE ENGANAR A TRISTEZA



Se a tristeza um dia
te encontrar triste sózinho
trata bem dela
porque a tristeza quer carinho
E fala sobre a beleza
com tanta delicadeza
Por não ter nenhum carinho
que ela só existe
por não ter nenhum carinho
E dá-lhe um amor tão lindo
que quando ela se for indo
ela vai contente
de ter tido o teu carinho

Vinícius de Moraes


sábado, novembro 11, 2017

CARTA A ÂNGELA - CARLOS OLIVEIRA




Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e de sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!

Carlos Alberto Serra de Oliveira (n.em Belém do Pará a 10 de Ago 1921, m. em Lisboa a 1 Jul de 1981)

quarta-feira, novembro 08, 2017

NU




Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos –

Brilham. Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua...

Manoel Bandeira


Foto de Tailer Derden

UN SOUVENIR HEUREUX




UN SOUVENIR HEUREUX


Un souvenir heureux est peut-être sur terre
Plus vrai que le bonheur.
ALFRED DE MUSSET




Ó musa, por que vieste
E contigo me trouxeste
A vagar na solidão?
Tu não sabes que a lembrança
De meus anos de esperança
Aqui fala ao coração?


Não sabes o quanto dói
Uma lembrança que rói
A fibra que adormeceu?...
Foi neste vale que amei,
Que a primavera sonhei,
Aqui minh'alma viveu.



Eu vejo ainda a janela
Onde, à tarde, junto dela
Eu lia versos de amor...
Como eu vivia d'enleio
No bater daquele seio,
Naquele aroma de flor!

Creio vê-la inda formosa,
Nos cabelos uma rosa,
De leve a janela abrir...
Tão bela, meu Deus, tão bela!
Por que amei tanto, donzela,
Se devias me trair?



Minh'alma triste se enluta,
Quando a voz interna escuta
Que blasfema da esperança...
Aqui tudo se perdeu,
Minha pureza morreu
Com o enlevo de criança!

Ali, amante ditoso,
Delirante, suspiroso,
Eflúvios dela sorvi,
No seu colo eu me deitava...
E ela tão doce cantava!
De amor e canto vivi!

Na sombra deste arvoredo
Oh! quantas vezes a medo
Nossos lábios se tocaram!
E os seios, onde gemia
Uma voz que amor dizia,
Desmaiando me apertaram!



Foi doce nos braços teus,
Meu anjo belo de Deus,
Um instante do viver...
Tão doce, que em mim sentia
Que minh'alma se esvaía...
E eu pensava ali morrer!

ÁLVARES DE AZEVEDO
1831/1852

domingo, novembro 05, 2017

A CURVA DOS TEUS OLHOS...





A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume, 
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

Paul Eluard 
(1895-1952)

sábado, novembro 04, 2017

FRESCO VERGEL ...



Fresco vergel que o vento
da madrugada enflora:

As mãos são como foices
que vão ceifando a aurora.


Disperso, o amor recorda
a vida toda.

RAUL DE CARVALHO.
In Poesia.

domingo, outubro 29, 2017

SONETO DE CONTRICÇÃO




Eu te amo, Maria, eu te amo tanto

Que o meu peito me dói como em doença

E quanto mais me seja a dor intensa

Mais cresce na minha alma teu encanto.


Como a criança que vagueia o canto

Ante o mistério da amplidão suspensa

Meu coração é um vago de acalanto

Berçando versos de saudade imensa.


Não é maior o coração que a alma

Nem melhor a presença que a saudade

Só te amar é divino, e sentir calma...


E é uma calma tão feita de humildade

Que tão mais te soubesse pertencida

Menos seria eterno em tua vida.


VINICIUS DE MORAES



Foto de Игорь 

quinta-feira, outubro 26, 2017

FOI SEMPRE TÃO INCERTO ...



Foi sempre tão incerto o caminho até ti:
tantos meses de pedras e de espinhos, de
maus presságios, de ramos que rasgavam a
carne como forquilhas, de vozes que me
diziam que não valia a pena continuar, que
o teu olhar era já uma mentira; e o meu

coração sempre tão surdo para tudo isso,

sempre a gritar outra coisa mais alto para
que as pernas não pudessem recordar as
suas feridas, para que os pés ignorassem
as penas da viagem e avançassem todos
os dias mais um pouco, esse pouco que
era tudo para te alcançar. 


Foi por isso que, ao contrário de ti, não quis 
dormir nessa noite: os teus beijos ainda estavam todos
na minha boca e o desenho das tuas mãos
na minha pele. Eu sabia que adormecer

era deixar de sentir, e não queria perder os
teus gestos no meu corpo um segundo que
fosse. Então sentei-me na cama a ver-te
dormir, e sorri como nunca sorrira antes
dessa noite, sorri tanto. 


Mas tu falaste de repente do meio do teu sono, 
estendeste o braço na minha direcção e chamaste baixinho.
Chamaste duas vezes. Ou três. E sempre tão
baixinho. Mas nenhuma foi pelo meu nome.

.

Maria do Rosário Pedreira (Escritora e poetisa portuguesa, 1959- )

quarta-feira, outubro 25, 2017

OS SILÊNCIOS

OS SILÊNCIOS
Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo


Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo que não
digo

Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei, não te persigo

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo



Maria Teresa Horta

segunda-feira, outubro 16, 2017

PALAVRAS MINHAS


Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
- que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.

PEDRO TAMEN

Foto de Hamanov Vladimir






quarta-feira, outubro 11, 2017

VOZ DO OUTONO




VOZ DO OUTONO

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
‑ "Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devesa,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!" ‑
                


Antero de Quental


Foto de Silvia Marmori

domingo, outubro 08, 2017

TUA AUSÊNCIA




Tua ausência cala o mundo,
o mar, os ventos.
Tua ausência desaba
silenciosamente
sobre os meus dias, soterrando
meu outono…
ela magoa demais o meu sossego.
(Tua ausência é essa substância densa)
Tua ausência é tão presente que é pessoa…
E me abraça.

Marla de Queiroz


Imagem da net

















sexta-feira, outubro 06, 2017

ESCREVE-ME



ESCREVE-ME ...
.
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta...
Como um perfume casto d'açucenas!



Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração! "Amo-te!"


Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!


Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...


Florbela Espanca
(1894-1930)

terça-feira, outubro 03, 2017



ESCREVER UM ADEUS
.
"Escrever um adeus nunca é fácil
e senti-lo é bem pior.
Agora, sem o fulgor do teu reflexo
o céu vai perdendo a luz, a vida não tem cor
e a sombra de mim quase não a encontro.
Acho que entrei num horizonte distante
onde as luzes se apagam lentamente
talvez esperando, quem sabe, um pôr de sol."
.
albino santos
( in "Entre Margens/Excerto)

quinta-feira, setembro 28, 2017

NAVEGO NOS SENTIRES



navego nos sentires,
em palavras escritas
semeadas com afectos.

.
navego no toque do prazer...
envolvida no olhar fugaz
sedento das marés do mar

.
navego nos sonhos
em encontros secretos,
nos murmúrios entre sussurros
ou nos sorrisos de um lábios ocultos

.
navego numa teia
confusa e disforme,
do lado de lá da janela interdita
sobre uma mágoa salgada.

.
navego fundida no desfrutar do silêncio
sem hora, onde sou cicuta sem segredos!

.
helena maltez

.

segunda-feira, setembro 25, 2017

JUVENÍLIA VII



Juvenília VII
.
Ah! quando face a face te contemplo,
E me queimo na luz de teu olhar,
E no mar de tua alma afogo a minha,
E escuto-te falar;
.
Quando bebo no teu hálito mais puro
Que o bafejo inefável das esferas,
E miro os róseos lábios que aviventam
Imortais primaveras,
.
Tenho medo de ti!... Sim, tenho medo
Porque pressinto as garras da loucura,
E me arrefeço aos gelos do ateísmo,
Soberba criatura!
.
Oh! eu te adoro como a noite
Por alto mar, sem luz, sem claridade,
Entre as refegas do tufão bravio
Vingando a imensidade!
.
Como adoro as florestas primitivas,
Que aos céus levantam perenais folhagens,
Onde se embalam nos coqueiros presas
.
Como adoro os desertos e as tormentas,
O mistério do abismo e a paz dos ermos,
E a poeira de mundos que prateia
A abóbada sem termos! ...
.
Como tudo o que é vasto, eterno e belo;
Tudo o que traz de Deus o nome escrito!
Como a vida sem fim que além me espera
No seio do infinito.
.
FAGUNDES VARELA
.
Foto de Aaron Gershon

segunda-feira, setembro 18, 2017

ESCREVO, NAS FOLHAS GASTAS DA MEMÓRIA ...





escrevo, nas folhas gastas da memória
amarelecidas, pela secagem
de um tempo
cansado


escrevo, com tinta fresca
para te sentir presente,
quando o sol
despontar


escrevo, no meu próprio sono
como se fosse voragem
sonhando nos teus braços
apressada


escrevo, nas estrelas
os teus olhos brilhantes
os espaços que damos em insónias
perigosas


escrevo, na chama cortada
por uma voz escutada,
entre os nossos olhares
cúmplices


escrevo,
perco-me em ti
e não trago mapa


helena maltez

foto de Irina Z

terça-feira, setembro 05, 2017

AS PALAVRAS DEVERIAM TER ASAS ...





As palavras deveriam ter asas,
a cor das borboletas,
o perfume das rosas de Maio.

Não me interessam os verbos
com demasiados tempos e modos

Quero escrever um poema
e ressuscitar em ti a Primavera!

ALBINO SANTOS

sexta-feira, setembro 01, 2017

O NOSSO TEMPO ...



Quanto tempo passou...?

Onde andaste ...?

Onde eu andei ...?

Não sabias de mim...

Nada sabia de ti...


E o tempo continuou a passar...


A tua imagem perdurava em meu coração...

Tu também não me esqueceste....

Muito tempo passou....


O amor, por ti, mantinha-se...

Continuavas a amar-me...


Novos rumos tomámos...

O tempo ganhou tempo....

Os dias fizeram anos...


O destino quis que nos reencontrássemos...

O destino quis apagar seus erros do passado...


O tempo, por momentos, parou...

Deixou-nos ser felizes por um tempo...


Mas o tempo é imparável...

E o destino também...

A vida continuou seu rumo...

Com lembranças mais vivas...

Que o tempo não pode apagar...



Luis Milhano (Lumife)

31 Agosto 2010


Foto de Vlad Belin

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...