segunda-feira, julho 28, 2008
sábado, julho 26, 2008
AO LUAR
Pintura de Jaoni
Que linda vai a noite, que calor!
Tudo em repouso já ... Só o luar
Nostálgico e morno anda a boiar
Encharcando de luz tudo em redor
Que aroma subtil, jasmins em flor...
Há restos de canções ainda no ar
E dentro em mim o sangue, a latejar,
Arde em desejos loucos de amor
Ah, pudesse eu beijar-te, longamente...
Apertar-te em meus braços como outrora,
Aninhar-te em meu peito ternamente,
Sentir-te toda minha nesta hora.
Já que tão triste e só e descontente
Sem ti, a minha vida corre agora!
António Melenas
terça-feira, julho 08, 2008
ÚLTIMA FRONTEIRA
Foto de Arian Bahrami
Delirando entre sonhos,
verdades, desejos
e loucuras,
entre o toque da caneta no papel
e o teu sorriso,
é tão curta a distância
dos meus braços aos teus.
É tão fácil tocar os nossos lábios.
É tão curto o caminho.
Fico a pensar o que busco em ti,
na cor do silêncio nocturno
enquanto o desejo alastra,
insubmisso,
como se procurasse
um esconderijo urgente.
Como se a penumbra tivesse olhos
e pudesse ver através da noite.
Depois,
deslizas como o vento
propagando sem destino
surpresas e carícias,
suavidade e tumulto.
Tão subtil, tão viva,
azul... sempre azul…
Júbilo da nudez,
insana fantasia
num delírio fulvo de luz.
Encantado gozo
como rios de prosa a versejar
ao longo do teu corpo
transbordando poesia.
Corpos ondulantes
em delírios de amor,
esperando suplicantes
o momento redentor.
ALBINO SANTOS
domingo, julho 06, 2008
PRESENTE
Foto de Gregória Correia - Olhares
PRESENTE
Queria neste poema a cor dos teus olhos
e queria em cada verso o som da tua voz:
depois, queria que o poema tivesse a forma
do teu corpo, e que ao contar cada sílaba
os meus dedos encontrassem os teus,
fazendo a soma que acaba no amor.
Queria juntar as palavras como os corpos
se juntam, e obedecer à única sintaxe
que dá um sentido à vida; depois,
repetiria todas as palavras que juntei
até perderem o sentido, nesse confuso
murmúrio em que termina o amor.
E queria que a cor dos teus olhos e o som
da tua voz saíssem dos meus versos,
dando-me a forma do teu corpo; depois,
dir-te-ia que já não é preciso contar
as sílabas, nem repetir as palavras do poema,
para saber o que significa o amor.
Então, dar-te-ia o poema de onde saíste,
como a caixa vazia da memória, e levar-te-ia
pela mão, contando os passos do amor.
Nuno Júdice
O Estado dos Campos
quarta-feira, julho 02, 2008
NÃO ADORMEÇAS: O VENTO AINDA ASSOBIA NO MEU QUARTO
Foto de Nuno Manuel Baptista-Olhares
Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas húmidas e chãs
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
Maria do Rosário Pedreira
de A Casa e o Cheiro dos Livros
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