sábado, maio 12, 2007

S. Leonardo de Galafura




"Aquele poema de Torga não lhe saía da cabeça. O autor dos Contos da Montanha nasceu ali ao lado e a sua visão telúrica sempre o impressionara. Algo terá este lugar para tanto ter fascinado o poeta."(palavras e foto de A Desenhar a quem dedico este "post" desejando rápida e franca recuperação)









À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.


Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.


Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e rosmaninho!

Miguel Torga – Ordonho, 2 de Outubro de 1961 (Antologia Poética)




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