quarta-feira, julho 26, 2006

Suão


Foto de Joâo Espinho








A terra sequiosa, gretada de sede,
deitada num mar amarelo de restolho,
queda-se adormecida até ao por do sol
nos silêncios da planície.


Os sobreiros angustiados,
ardendo na febre do suão,
erguem aos céus os ramos secos
feitos mãos em súplica.


As aves, esvoaçando inquietas,
choram gritos de sede
nas margens desalentadas
de ribeiras sem água.


Um Alentejo queimado,
de entranhas em fogo,
mastiga em desespero,
a poeira quente, das últimas eiras.


Na charneca, prisioneira do suão,
calando amarguras,…ainda cantam
as cigarras, os grilos, os moscardos…
e os homens alentejanos!



(Orlando Fernandes – Alentejo … e outros poemas)






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