sexta-feira, maio 12, 2006







A JANGADA


Gostava de fazer uma jangada
Com os destroços do meu barco à vela,
Meter-me ao Mar, e, em lírica jornada,
Beber a Luz da minha antiga estrela.


Fugir de toda a gente, não ter nada,
Senão os próprios olhos fixos nela,
Alheio mesmo aos golpes da nortada
Que os mares e os lagos encapela.


E fui ao Mar. Nas ondas, uma a uma,
Busquei e rebusquei, sofregamente,
Os restos dessa antiga embarcação.


Não trouxe mais que uns frémitos de espuma,
E alguns punhados dessa areia ardente
Onde se perde a voz do coração!




(António Celso in Asas Cinzentas)

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...