Debaixo do lenço azul com sua barra amarela
os lindos olhos que tem!
Mas o rosto macerado
de andar na ceifa e na monda
desde manhã ao sol posto,
mas o jeito das mãos
torcendo o xaile nos dedos
é de mágoa e abandono...
Ai, Maria Campaniça,
levanta os olhos do chão
que eu quero ver nascer o Sol!
(Manuel da Fonseca)
Maria Campaniça, camponesa, campaniça, da aldeia de Salvada, militante do P.C.P desde que se lembrava, trazia pregado na roupa, todo o ano, o emblema do partido em que acreditava.
Aguardava reformas, concretizações.
Morreu nova quando ainda tinha coisas importantes em que pensar, maiores lutas para travar, galeras para subir, manifestações onde erguer o punho, as paredes da sua aldeia para caiar, 4 homens em casa para cuidar, modas alentejanas para cantar.
(Adaptação do texto do blog "Pelos olhos de Caterina")