sexta-feira, dezembro 19, 2008
quinta-feira, dezembro 18, 2008
domingo, dezembro 14, 2008
ANTÓNIO REBORDÃO NAVARRO - CONVITE
Dia 17 de Dezembro pelas 21horas no Palacete dos Viscondes Balsemão.
Leitura de textos a cargo do actor António Reis.
Comparece e...divulga.
NOTA - CLICA NA IMAGEM E AMPLIA O CONVITE
SOBRE O AUTOR:
António Augusto Rebordão e Cunha Navarro nasceu no Porto em 1 de Agosto de 1933. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi Delegado do Ministério Público em Vimioso e Amarante, Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto e Director Editorial, tendo exercido a advocacia.
Secretariou e dirigiu a Revista Literária Bandarra, fundada por seu pai, o escritor Augusto Navarro.
Foi co-director e também co-autor de Notícias do Bloqueio e director-adjunto da revista literária Sol XXI.
Colaborou em diversas publicações e encontra-se representado em várias antologias.
Fez parte da direcção e foi Presidente da Assembleia-geral da Associação de Jornalistas e Homens das Letras do Porto e Vogal do Conselho Fiscal da Sociedade Portuguesa de Autores.
Alguns dos seus poemas estão traduzidos para castelhano, francês, checo, neerlandês e sueco. Em 2002 foi-lhe atribuído o “Prémio Seiva” (Literatura).
_______________
Natureza morta de Paul Cézanne
Poema quase triste
Os homens passam sem darem por nada
carregados assim como eles vão
com suas sombras a ganharem gibas,
com os seus olhos a ficarem baços,
cheios de presbitia e astigmáticos.
Não lhes importa que nos frutos estejam
confissões de poetas e de heróis.
Os homens passam e não vêem nada,
olham apenas para as suas vidas,
para a filha doente ou para os filhos mortos.
Não se apercebem das árvores e das rochas,
sangue e nervos da terra.
Seguem tristes e com os seus olhares
voltados para dentro,
para os seus crimes ou para os seus sonhos.
Não param a escutar o coração da terra
que bate, tranquilo, sob o chão.
Tristemente aguardam os eléctricos
que os hão-de levar a suas casas
de paredes forradas pelos retratos
dos fantasmas antigos e até próximos.
É sem amor que trincam os frutos
coloridos no sangue de todos os mortos
e nem pensam que a terra se abrirá
a seus corpos alheios, certo dia.
Procuram suas chaves
e, de cabeça baixa, penetram em casa,
sentam-se à mesa e choram
com suas mulheres, livros, diários íntimos,
mas não falam sequer à Natureza
que lhes oferece, em vão,
todos os seus segredos e mistérios.
Deitam-se sonolentos,
fecham a luz e dão-se aos pesadelos
ou aos sonhos de quando eram meninos. . .
Embriagam-se ou matam-se
e entregam-se aos vícios ou às lágrimas. . .
Tristes os homens passam
sem verem que a terra lhes oferece
juntamente com frutos e canções.
António Rebordão Navarro
A Condição Reflexa
Poemas (1952 - 1982)
Imprensa Nacional Casa da Moeda
quinta-feira, dezembro 11, 2008
APELO À POESIA
APELO À POESIA
Por que vieste? - Não chamei por ti!
Era tão natural o que eu pensava,
(Nem triste, nem alegre, de maneira
Que pudesse sentir a tua falta...)
E tu vieste,
Como se fosses necessária!
Poesia! nunca mais venhas assim:
Pé ante pé, covardemente oculta
Nas ideias mais simples,
Nos mais ingénuos sentimentos:
Um sorriso, um olhar, uma lembrança...
- Não sejas como o Amor!
É verdade que vens, como se fosses
Uma parte de mim que vive longe,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível;
Mas não regresses mais sem que eu te chame,
- Não sejas como a Saudade!
De súbito, arrebatas-me, através
De zonas espectrais, de ignotos climas;
E, quando desço à vida, já não sei
Onde era o meu lugar...
Poesia! nunca mais venhas assim,
- Não sejas como a Loucura!
Embora a dor me fira, de tal modo
Que só as tuas mãos saibam curar-me,
Ou ninguém, se não tu, possa entender
O meu contentamento,
Não venhas nunca mais sem que eu te chame,
- Não sejas como a Morte!
UMA HISTÓRIA VULGAR
Ouvir a tua voz, outrora, era o bastante
Para sentir, enfim, justificada, a vida;
E supor que podia, a partir desse instante,
Abrir, impunemente, ao mundo, confiante,
Minh'alma enternecida.
Fitar o teu olhar, era um deslumbramento,.
Que me transfigurava e me fazia crer
Que depois de viver, na terra, esse momento,
-- Sereno, como após o extremo sacramento --,
Já podia morrer.
Premia as tuas mãos nas minhas e dizia,
Com profunda emoção: -- É só por ti que existo!
-- Como foi isto, amor? Do nosso olhar, um dia,
Caiu neve no fogo em que a minh'alma ardia...
Amor, como foi isto?!
Passas por mim, agora, e nada me insinua
Ser a tua presença o derradeiro elo
Que me prendia à vida. -- E a vida continua!
E tudo, como outrora, (o sol, o mar, a lua...)
Mesmo sem ti, é belo!
Como havemos de ter, nos outros, confiança?
Que humano sentimento a nossa fé merece?
De que servem, na vida, os ideais e a esperança,
Se o próprio Amor, -- como os brinquedos, em criança --,
Tão cedo, para nós, perde o encanto e esquece?!
DESAPARECIDO
Sempre que leio nos jornais:
«De casa de seus pais desapar’ceu...»
Embora sejam outros os sinais,
Suponho sempre que sou eu.
Eu, verdadeiramente jovem,
Que por caminhos meus e naturais,
Do meu veleiro, que ora os outros movem,
Pudesse ser o próprio arrais.
Eu, que tentasse errado norte;
Vencido, embora, por contrário vento,
Mas desprezasse, consciente e forte,
O porto do arrependimento.
Eu, que pudesse, enfim, ser eu!
- Livre o instinto, em vez de coagido.
«De casa de seus pais desapar’ceu...»
Eu, o feliz desaparecido!
O AMIGO
Era bom encontrar o amigo
No Café, onde estava a olhar
Com um gesto elegante e ambíguo
Para o fumo a sumir-se no ar.
A poesia era o tema dilecto
Da conversa que o tempo engolia.
O real, o preciso, o concreto
Nem sabiam que a gente existia.
Nada era para nós maculado,
Nem um só sentimento era fosco:
Porque havia outra luz, outro lado,
E o mistério morava connosco.
Tudo isto foi antes de Orfeu
Ter levado o encanto consigo.
Esse amigo está vivo - e morreu.
(E de mim, que dirá êsse amigo?)
Carlos Queirós
Nasceu em 1907, em Paris.
Poeta, ensaísta, crítico literário e de arte, estudou Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se funcionário da Emissora Nacional, onde organizou programas culturais. Assíduo colaborador da Presença e de outras publicações literárias, foi considerado um elo de ligação entre a geração presencista e a de Orpheu.
Considerado um discípulo directo de Fernando Pessoa, a sua poesia caracteriza-se pela perfeição formal, pelo equilíbrio e sobriedade e pela sugestão musical. Denuncia alguma herança romântica e certa aproximação ao simbolismo.
Morreu em 1949, em Paris.
Algumas obras:
Poesia:
Desaparecido (1935)
Breve Tratado da Não-Versificação (1948)
Desaparecido e outros Poemas (1957)
Prosa:
Homenagem a Fernando Pessoa (1936)
Fonte:Instituto Camões
sexta-feira, dezembro 05, 2008
HELENA MONTEIRO
Correndo a net e espreitando pelas suas frinchas indo aqui e ali investigando nomes conhecidos ou não desta vez fui encontrar uns poemas de Helena Monteiro.É um sítio que desconhecia ainda que soubesse que a Autora em outros locais nos delicia com sua arte e suas escolhas das palavras da poesia ou da pintura.
Aqui vos deixo os endereços dos seus blogs que merecem vivamente ser conhecidos e apreciados:
ALICERCES
LINHA DE CABOTAGEM
TRAÇOS E CORES
Para além dos poemas de sua autoria que a seguir apresento Helena Monteiro tem muito para partilhar connosco.
Aproveitem este fim de semana mais comprido para conhecer alguma da sua obra.
ENCOSTANDO O OUVIDO À NOITE
Se tu soubesses da solidão das palavras
enrolarias o silêncio
na noite sem pirilampos
depois
como numa prece
ouvirias do mar o canto.
COMO UM CASTIGO
Quando as tuas mãos rolarem
as palavras como seixos
ouvirás a melodia
o som do mar
ou será do grito?
Só contam as palavras na tua mão
as que abarcares e rolares
despreza as que tombarem
a ganância não as engrandecerá
as mais pequenas permitir-te-ão
ampliá-las
com a leveza da brisa
ou a finura da bruma
e quando órfãos quase vazias
mudá-las-ás de lugar
num fervor só teu
isento de enredos ou de modas.
Descobrirás então as tuas palavras
e com elas escreverás uma canção
de amor
simples como o primeiro beijo
clara como a neve sobre as árvores
livre
porque saberás
como Sisífo
que a montanha é obstinadamente íngreme
e por ela rolarás cada palavra
na quotidiana emenda da harmonia.
PROPOSITADAMENTE SEM TÍTULO
não sei das sombras
das verdadeiras
conheço aquelas onde respiro
ou as outras por onde meço o sol
mas das sombras
das reais
não lhe conheço o contexto
é temente que as percorro
quando o azul as domina
e no insólito do instante me trazem
a projecção de um sonho ou de um assobio
vivo-as temerosa e incrédula
como, quando criança,
os pirilampos enchiam de fantasia e medos
as noites de maresia
não sei das sombras
quando para além de mim
o ruído instala as dúvidas
na frágil teia do dia-a-dia.
INTROSPECÇÃO
Convoco-te, dualidade
por entre os labirintos da noite
face a face
deslocaremos as peças
deste xadrez sem futuro
de balizas temporais
díptico de extremos exangues
Convoco-te, dualidade
na planura do tempo
a alba se cumprirá.
são de seda e de vento as tuas crinas
indomável o teu porte
quando ante todos e tudo
és a concisão da palavra
liberdade
só o incauto julga o poder pelas rédeas.
NOTA: Todas as aguarelas e esboços são de Helena Monteiro.
segunda-feira, dezembro 01, 2008
O blog ART & DESIGN DE ISABEL FILIPE decidiu atribuir a este sítio o seu prémio mensal "BLOG DESTAK".
Fiquei encantado com a distinção e agradeço penhorado o referido prémio.
Prometo continuar a manter no "Beja" a divulgação da Poesia e de tantos Poetas que não são do conhecimento geral.
Para a Isabel Filipe e seu blog ART & DESIGN DE ISABEL FILIPE votos de muitas felicidades.
Para todos os meus visitantes o convite para visitar o blog da Isabel onde encontrarão motivos bastantes de arte e beleza. Um trabalho já com anos de total dedicação.
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