domingo, julho 16, 2017

CATILINA





Eu sou o solitário e nunca minto.
Rasguei toda a vaidade tira a tira
E caminho sem medo e sem mentira
À luz crepuscular do meu instinto.
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De tudo desligado, livre sinto
Cada coisa vibrar como uma lira,
Eu – coisa sem nome em que respira
Toda a inquietação dum deus extinto.
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Sou a seta lançada em pleno espaço
E tenho de cumprir o meu impulso,
Sou aquele que venho e logo passo.
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E o coração batendo no meu pulso
Despedaçou a forma do meu braço
Pr’além do nó de angústia mais convulso.
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Sofia de Mello Breyner
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Foto de Reda Danaf

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