domingo, setembro 30, 2007



Solidariedade com os oprimidos! Darfhur.

Antigamente havia em mim...

Foto de Mariah-Olhares



Antigamente havia em mim um nome gravado a fogo e eu
morria por ele. Eu fechava os olhos e o nome pedia-me a luz,
a manhã, a música. Antigamente eu imaginava a delicadeza,
as florestas, os bosques reduzidos ao silêncio pelos subterrâneos

da tarde, e ser tocado no rosto era ser ferido por uma imensa
beleza, pelos olhos da planície, como um animal adormecido,
como um lugar onde deitar a cabeça e adormecer sonhando
com o deserto. No deserto eu estava a salvo, caminhando nos

declives e havia palavras imensas, palavras como o trigo e o mar
e as raízes e os relâmpagos e um rosto e os campos do Outono
e isso era como ficar cego no meio da luz estremecendo entre
as poeiras, as cores da manhã, as veredas dos bosques. E eu olho

fixamente esse rosto de fogo, toco uma vez essas mãos, amo
demoradamente a distância, comovo-me perdido na sua
voz, enquanto passa no mundo uma estranha ventania.



Francisco José Viegas

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...