terça-feira, dezembro 18, 2007

Votos de Boas Festas





PRESÉPIO

A noite era fria
Mas bem estrelada,
A geada caía
Na terra molhada.

No estábulo deitado
Com bafo aquecido,
Em panos enrolado
O Menino nascido.

A Virgem enlevada
Em gestos de amor,
Os anjos cantavam
Hinos de louvor.

Os Anjos cantavam
Chamando os pastores,
E eles abalaram
P`ra adorar o Senhor.

S. José bem feliz
A todos sorria,
Junto do Menino
E da Virgem Maria.

Os Magos chegaram
Olhando a estrela,
O Menino louvaram
E prendas ofereceram.

O Menino nasceu
Em palhas deitado,
Mostrando humildade
Foi assim adorado.

Presépio é recordação
Do primeiro Natal,
Em que Amor e União
São o elo principal.


Olinda Bonito - (12/07)


domingo, dezembro 16, 2007

Poeta de Rua

Foto Anthony Schubert





Vivi pelas noites brincando com a lua,
catando nas ruas poemas do povo de deus.
As rimas são deles, mas os versos são meus.
A inspiração... dormia na rua.

Poeta dos becos que ainda cultua
o fútil lirismo dos versos de amor:
Eu sou, pois que vivo, fiel tradutor
dos belos poemas que a noite insinua.

Parceiros, que fomos, de mil poesias,
que, juntos, catamos poemas escritos
nas noites, nas luas, nas tantas orgias...

ainda dizemos os versos não ditos:
Aqueles, proscritos, das noites sombrias,
que só eu e ela achamos bonitos...


Vinícius Linck

Prémio/Anarca



O BLOG A DESENHAR concedeu ao "Beja" este Prémio/Anarca que agradecemos.
Convidamos os amigos a visitar o A DESENHAR pois tem sempre motivos de interesse. Muitas vezes são problemas intrincados mas que têm sempre solução... ainda que muitos para lá chegar "queimem" os neurónios...

terça-feira, dezembro 04, 2007

Nuvens correndo num rio




Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.



Natália Correia

sábado, dezembro 01, 2007

PETIÇÃO EM DEFESA DAS CRIANÇAS




PETIÇÃO

EM DEFESA DAS CRIANÇAS



Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa
Prof. Aníbal Cavaco Silva
Palácio de Belém, Calçada da Ajuda, nº 11, 1349-022 Lisboa



Assunto: PETIÇÃO para estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.





Excelência,

No exercício do direito de petição previsto na Constituição da República Portuguesa, verificado o cumprimento dos pressupostos legais para o seu exercício, vêm os signatários abaixo assinados, por este meio, expor e peticionar a V. Exa. o seguinte:



Somos um conjunto de cidadãos e de cidadãs, conscientes de que o abuso sexual de crianças não afecta apenas as vítimas mas toda a sociedade, e de que “a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado” (Elie Wiesel).



Estamos unido(a)s por um sentimento de profunda e radical indignação contra a pedofilia e abuso sexual de crianças, de acordo com a noção de criança do art. 1.º da Convenção dos Direitos da Criança, que define criança como todo o ser humano até aos 18 anos de idade, e partilhamos a convicção de que não há Estado de Direito, sem protecção eficaz dos cidadãos mais fracos e indefesos, nomeadamente, das crianças especialmente vulneráveis, a viver em instituições ou em famílias maltratantes.

Os direitos especiais das crianças são dotados da mesma força directa e imediata dos direitos e liberdades e garantias, previstos na Constituição da República Portuguesa, nos termos dos arts. 16.º, 17.º e 18.º da CRP e constituem uma concretização dos direitos à integridade pessoal e ao livre desenvolvimento, consagrados nos arts 25.º e 26.º da CRP, e do direito da criança à protecção do Estado e da sociedade (art. 69.º da CRP).



Indo ao encontro das preocupações reveladas por V. Exa. relativamente às investigações em curso sobre crimes de abuso sexual de crianças a viver em instituições, e também ao anterior apelo de Vossa Excelência para que não nos resignemos e que não nos deixemos vencer pelo desânimo ou pelo cepticismo face ao que desejamos para Portugal, sendo que é dever do Estado de fiscalizar a actividade e o funcionamento das instituições particulares de solidariedade social e outras instituições de reconhecido interesse público (art. 63.º, n.º 5 da CRP) e de criar condições económicas, sociais, culturais e ambientais para garantir a protecção da infância, da juventude e da velhice (art. 64.º, n.º 2, al.d) da CRP), vimos requerer a intervenção de V. Exa, através de uma mensagem à AR, ao abrigo do art. 133.º, al. d) da CRP, para a concretização dos seguintes objectivos:



1) A criação de uma vontade política séria, firme e intransigente no combate ao crime organizado de tráfico de crianças para exploração sexual e na protecção das crianças confiadas à guarda do Estado;

2) O empenhamento do Estado, na defesa dos direitos das crianças em perigo e das crianças vítimas de crimes sexuais, em ordem a assegurar a protecção e a promoção dos seus direitos;


3) O estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que assegurem o respeito pela dignidade e necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal, que evitem a vitimização secundária e o adiamento desnecessário dos processos, e que consagrem um dever de respeito pelo sofrimento das vítimas, nos termos dos arts. 8.º e 9.º do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os direitos da criança, relativo à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis, documento ratificado pelo Estado Português, nomeadamente:




a) Proibição de repetição dos exames, dos interrogatórios e das perícias psicológicas;

b) O direito da criança à audição por videoconferência, sem «cara a cara» com o arguido;

c) O direito da criança se fazer acompanhar por pessoa da sua confiança sempre que tiver que prestar declarações;

d) Formação psicológica e jurídica especializada da parte das pessoas que trabalham com as vítimas, de magistrados e de pessoas que exercem funções de direcção em instituições que acolhem crianças, assim como de funcionário(a)s das mesmas;

e) Assistência às vítimas e suas famílias, particularmente a promoção da segurança e protecção, recuperação psicológica e reinserção social das vítimas, de acordo com o art. 39.º da Convenção sobre os Direitos da Criança e o art 9.º, n.º 3 do Protocolo Facultativo à mesma Convenção relativo à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis;

f) Uma política criminal que dê prioridade à investigação de crimes de abuso sexual de crianças e de recurso ao sexo pago com menores de 18 anos;

g) Proibição da aplicação de pena suspensa ou de medida de segurança em regime aberto ou semi-aberto (ou tutelar educativa, no caso de o abusador ter menos de 16 anos), a abusadores sexuais condenados;

h) A adopção de leis, medidas administrativas, políticas sociais e programas de sensibilização e de informação da população, nomeadamente das crianças, sobre a prevenção da ocorrência de crimes sexuais e sobre os seus efeitos prejudiciais, no desenvolvimento das vítimas;

4) Proibições efectivas da produção e difusão de material que faça publicidade às ofensas descritas no Protocolo Facultativo à Convenção dos Direitos da Criança.



Requeremos a Vossa Excelência, que num discurso solene, dirigido às crianças, as cidadãs mais importantes do nosso país, assuma, para com elas, estes compromissos, prestando uma manifestação de solidariedade para com o sofrimento das vítimas, pois como disse Albert Camus “não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento”.
.

Com os melhores cumprimentos,

Os signatários


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ASSINE e DIVULGE
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http://www.petitiononline.com/criancas/petition.html
..
ENCAMINHE A TODOS OS SEUS CONTACTOS
.

COPIE ESTE POST E PUBLIQUE NO SEU BLOGUE

Fronteira

Foto de José Varela




É doce
a tentação do labirinto
assim que o sono chega e se propaga
ao contorno das coisas. Mal as sinto
quando confundo a onda sempre vaga

deste falso cansaço que regressa
ao som da minha estranha e dócil fala
cada vez mais submersa como essa
pequena luz da rua que resvala

plo interior da noite. É quase um sonho
A respirar lá fora enquanto o quarto
se dilui na fronteira que transponho
e afoga a consciência de onde parto

agora sem direito nem avesso
no incerto momento em que adormeço.



Fernando Pinto do Amaral

quinta-feira, novembro 29, 2007

Pressentimento

Foto Martin Kovalik



O amor de agora é o mesmo amor de outrora
Em que concentro o espírito abstraído,
Um sentimento que não tem sentido,
Uma parte de mim que se evapora.
Amor que me alimenta e me devora,
E este pressentimento indefinido
Que me causa a impressão de andar perdido
Em busca de outrem pela vida afora.
Assim percorro uma existência incerta
Como quem sonha, noutro mundo acorda,
E em sua treva um ser de luz desperta.
E sinto, como o céu visto do inferno,
Na vida que contenho mas transborda,
Qualquer coisa de agora mas de eterno.


Dante Milano

quarta-feira, novembro 28, 2007

Perguntas-me quem sou?

Foto Marta Ferreira-Olhares


Perguntas-me quem sou? Sou astro errante
Que um sol dominador a si chamou,
E, cego do seu brilho rutilante,
Se queima nessa luz que o encantou!

Meus passos de inseguro caminhante,
Submissos ao olhar que os escravizou,
Caminham para ti em cada instante
E tu ainda perguntas quem eu sou!

Eu sou aquilo que de mim fizeste,
Sou as horas sombrias que me deste
A troco da ternura que te dei

Perguntas-me quem sou? Nome de Cristo,
Eu nada sou, Amor, eu nem existo,
Mas querendo tu, Amor, tudo serei!


[Reinaldo Ferreira]

Lançamentos de Novos Livros







A EDIUM EDITORES com cerca de 80 títulos publicados, prestes a fazer dois anos de actividade, vai editar o meu novo livro: «Salvador, o Homem e Textos InConSequentes»

Sinopse:
«Salvador, o Homem e Textos InConSequentes»

O livro pode ser dividido em duas partes, das quais, «Salvador, o Homem» abrange cerca de um terço.
Mais próximo da novela do que do conto relata a experiência de Salvador ao descobrir o fantástico que a vida encerra e que o mundo é muito mais do que o que vemos no dia-a-dia, assim como nele, enquanto ser humano, existem dimensões inexploradas, até ignoradas, as quais, quando as descobre e as integra alteram a sua vida e a de todos ao seu redor.

Os textos restantes enquadram-se mais no conceito americano de short-stories e diversificam o leque de leitura de uma forma que cremos será de vosso agrado e em que o próprio título vos permite intuir a existência de nexos, aparentemente inexistentes.


Como na VIDA»



A apresentação do livro ocorrerá no dia 7 de Dez. 21H30, Salão Nobre da Junta de Fregª de S. Mamede de Infesta - entrando pelo Ameal: 1,5 Km. e estão desde já convidados.



- Preço de capa: 10,00€/unidade
- Nº de pág.: cerca de 80



Quem quiser pode (e deve, digo eu), fazer desde já a PRÉ-RESERVA do nº de exempares pretendidos - LEMBREM-SE QUE O NATAL ESTÁ À PORTA . VÃO NECESSITAR DE LEMBRANÇAS E PRENDINHAS (MUITAS), MIMINHOS PARA FAMÍLIA E AMIGOS - para EDIUM EDITORES, email:

ediumeditores@gmail.c0m


Podem optar por duas modalidades de pagamento:

1 - na recepção do livro enviado à cobrança.

2 - desde já, via cheque ou transferência bancária para a Editora e, neste caso os portes dos CTT ficam a cargo da editora. E vocês sabem bem como os portes encarecem o livro em cerca de 50%...



Hei, não deixes para amanhã. Faz já as tuas reservas.



Esta política prende-se com o facto de a Editora estar em fase de transição direccionando-se mais para públicos-alvo via internet o que não onera o preço de capa com encargos de distribuidoras e, assim, melhor servir a cultura através da disseminação do livro a preço mais reduzido.



Ainda não encomendaste? Bora lá gente boa.



Conto contigo, contigo e mais contigo...............



Com todos vós agora e depois, em Dezembro, ao vivo e a cores :))


Conceição Paulino (TMara)











A autora Ana Maria Costa e a Editora "Edium Editores" convidam Vs. Exas, família e amigos para o evento do lançamento do livro de pensamentos "Nascido tarde" a realizar no dia 15 de Dezembro pelas 16 horas nas instalações da Sonae Holding, espaço "Sonae Learning Centre", lugar do Espido, EN 13 - Cidade da Maia.
O livro contém opiniões escritas dos poetas e amigos: Alexandra Oliveira, Francisco Coimbra, José Félix, Maria João Oliveira, Mónica Correia e Xavier Zarco. A apresentação estará a cargo do Professor Doutor José Gil e do Dr. Jorge Vicente. Animado com intervalos de música, performance e declamação dos meus pensamentos pelos actores: Otília Costa, Joana Resende e Ruben Correia.

Finaliza com uma sessão de autógrafos e o cocktail, oferta do espaço "Sonae Learning Centre".

Dado este espaço obedecer a um determinado rigor nas questões de segurança, agradeço as confirmações das vossas presenças até ao dia 10 de Dezembro para o e-mail:

amsoarescosta@gmail.com.

OBS: para aqueles que não podem estar presentes mas desejam adquirir o livro podem reservá-lo através dos e-mails:

amsoarescosta@gmail.com e ediumeditores@gmail.com, fornecendo os vossos dados e a forma de pagamento.

Obrigada e não percam o lançamento do meu primeiro livro "Nascido tarde".

Ao vosso dispôr.

Ana Maria Costa

segunda-feira, novembro 26, 2007

A VERDADE ERA BELA






A verdade era bela,
como vinha nos livros.
À beirinha das águas
a verdade era bela.

Os que deram por ela
abriram-se e contaram
que a verdade era bela,

Quase todos se riram.
Os que punham nos livros
que a verdade era bela,
muito mais do que os outros.

A verdade era bela
mas doía nos olhos
mas doía nos lábios
mas doía no peito
dos que davam por ela.


Sebastião da Gama



Sebastião da Gama nasceu no dia 10 de Abril de 1924 em Vila Nogueira de Azeitão. Licenciado em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi professor do Ensino Técnico Profissional. Estreou-se nas letras no ano de 1945, com o livro Serra-Mãe. Colaborador de revistas como Mundo Literário, Árvore e Távola Redonda, realizou também algumas palestras e conferências. A sua carreira foi abruptamente interrompida pela morte, causada pela tuberculose, decorria o ano de 1952.

domingo, novembro 25, 2007

25 de NOVEMBRO: DIA MUNDIAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA





Em Portugal foram registados em 2006, segundo a UMAR, 20.595 situações de violência doméstica. Entre as agressões, incluem-se 39 casos de homicídio e outras 43 tentativas.No entanto, estes números não revelam toda a realidade: muitos casos não são participados.




Para MEDITAR

e AGIR




Alertas
(se fores vítima...se fores testemunha)
Não ter medo de denunciar!!

Ligar em caso de urgência 800202148.

Apresentar queixa às autoridades competentes.

Pedir apoio à APAV- Associação de Apoio à Vítima
Telef. 707200077 -
Podes também enviar um email: apav.sede@apav.pt





As imagens apresentadas são trabalhos da nossa companheira e amiga da blogosfera ISABEL FILIPE,propositadamente feitos para esta data em anos anteriores.
Visitem o blog ART & DESIGN DE ISABEL FILIPE e admirem também o post de hoje.



sábado, novembro 24, 2007

Livro de Horas

Salvador Dali



Aqui, diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.

Me confesso
possesso
de virtudes teologais,
que são três,

e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.

Me confesso
o dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas,
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
andanças
do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.

Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
do tal Céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!

Miguel Torga

sexta-feira, novembro 23, 2007

Justiça para Flávia



Flávia está em coma há quase 10 anos.


Visite SÓ VERDADES e saiba tudo sobre este caso. Há pouco estive neste blog e os comentários a este assunto ascendiam a cerca de 500.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Eu sei, nao te conheço mas existes

Foto de Paulo César




Eu sei, não te conheço mas existes,
por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.

Não me perguntes como mas ainda me lembro
quando no outono cresceram no teu peito
duas alegres laranjas que eu apertei nas minhas mãos
e perfumaram depois a minha boca.

Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te,
não é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos
sobre a tua nudez
como uma sombra no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti.
Porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares
em todas as palavras do meu canto.

Tenho construído o teu nome com todas as coisas,
tenho feito amor de muitas maneiras,
docemente,
lentamente,
desesperadamente
à tua procura, sempre á tua procura
até me dar conta que estás em mim,
que em mim devo procurar-te,
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só
porque é a ti,

a ti que eu amo.



Joaquim Pessoa

terça-feira, novembro 20, 2007

É assim que te quero, amor...

Foto de Reno




É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.



Pablo Neruda

domingo, novembro 18, 2007

Arte

Artur Bual


Porquê tentar explicar a poesia?
Quem afinal, explica o amanhecer?
ou a luz numa pintura abstracta,
olhada por prazer!


Não peças ao poeta ou ao pintor,
o porquê dos traços geniais;
o som, a cor, a dança, a escrita…
são gestos naturais!


Tortura-se o pintor perante a tela,
compõe-se com tristezas a poesia,
doi a música ao criar uma ária,
sonhando a melodia.


No dia em que o artista for capaz
de explicar aquilo que criou…
evaporou-se a arte, a fantasia
do sonho que sobrou!


O poeta, cheira a flor… cria um poema.
O pintor, olha para o céu… e pinta a lua.
Se crias sinfonia ao ouvir aves…
então a arte é tua!



Orlando Fernandes
(Fronteiras do Sonho)

quarta-feira, novembro 14, 2007

Bruno Alexandre






Comunico aos amigos do meu avô Lumife que hoje, 14 de Novembro, pelas 21 Horas, nasci com 3,085 kg e 49 cms.
Chamo-me Bruno Alexandre.
Tudo está a correr bem, felizmente.
E já vim espreitar o blog do meu avô...

Agora vou fazer óó.

Até amanhã

Beijinhos para todos

terça-feira, novembro 13, 2007

Os Cantos do Zeca

CLICA PARA VER EM TAMANHO MAIOR




"OS CANTOS DO ZECA"


18 de Novembro, Domingo, 16 horas, Fórum da Maia

Espectáculo, Exposição, Bancas, etc.

(participa e divulga o melhor possível)

Informações: ajanorte@gmail.com

segunda-feira, novembro 12, 2007

Quero fazer uma confissão...

Imagem de Xtian Coulombe




Quero fazer uma confissão esta noite
porque a noite e a rua foram jantar juntas.
Quero dizer que amo uma mulher
cujo corpo não me dá
o seu calor esta noite,
cuja ausência é um ronsel laranja.
Quero dançar com minha sombra
para que o seu rumor chegue até ela
e ela saiba que eu lhe dou a noite,
toda senhora.
Quero escrever coisas que não se esvaeçam
com o sol,
que a chuva as faça flores
que cheirem a ela.
Quero que as minhas mãos voem,
voem em silêncio
onde ela guarda os seus sonhos...
sonhos que me pertencem
porque eu lhe pertenço.
Quero que ela fique, fique sempre,
quero ser a sua voz
quero ser o seu sorriso verde,
quero ser a sua chuva no cabelo,
quero amá-la mais do que ninguém
ama ninguém.
Quero dizer-lhe, aqui e agora, que a amo
com a minha voz baixa,
com o meu ar de outono lento,
com o meu sabor de beijos possíveis.
Quero que os pássaros sejam
os meus mensageiros de saudade.
Quero que o mundo comece quando ela vir.
Quero sonhar acordado com o seu tacto entre as
minhas mãos
a percorrer ela em silêncio o meu peito
e acordar com ela junto de mim,
calada e doce.
Quero só eu dizer-lhe sentimentos
que aceleram o coração,
o seu coração apaixonado,
eu gosto da sua timidez.
Quero nadar na sua boca sem horizontes.
Quero os versos todos do planeta
a falarem dela,
versos curtos de violetas,
versos firmes de cravos,
versos perfumados de rosas.
Quero suster os seus pés no ar
e trazer ao seu peito gaivotas fiéis
que sempre deixam pegadas na praia.
Quero ser eu no seu corpo
da alva ao sol-pôr,
de lua a lua
de eternidade a eternidade.

Quero amá-la até o meu último alento.



Xavier F. Conde


sexta-feira, novembro 09, 2007

Quanto de ti, Amor...

Foto de Piostr Kowalik



Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
em que de penetrar-te me senti perdido
no ter-te para sempre -
Quanto de ter-te me possui em tudo
o que eu deseje ou veja não pensando em ti
no abraço a que me entrego -
Quanto de entrega é como um rosto aberto,
sem olhos e sem boca, só expressão dorida
de quem é como a morte -
Quanto de morte recebi de ti,
na pura perda de possuir-te em vão
de amor que nos traiu -
Quanta traição existe em possuir-se a gente
sem conhecer que o corpo não conhece
mais que o sentir-se noutro -
Quanto sentir-te e me sentires não foi
senão o encontro eterno que nenhuma imagem
jamais separará -
Quanto de separados viveremos noutros
esse momento que nos mata para
quem não nos seja e só -
Quanto de solidão é este estar-se em tudo
como na auséncia indestrutível que
nos faz ser um no outro -
Quanto de ser-se ou se não ser o outro
é para sempre a única certeza
que nos confina em vida -
Quanto de vida consumimos pura
no horror e na miséria de, possuindo, sermos
a terra que outros pisam -
Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
recebo gratamente como se recebe
não a morte ou a vida, mas a descoberta
de nada haver onde um de nós não esteja.



Jorge de Sena
in Visão Perpétua
Agosto 1967



Jorge Cândido de Sena nasceu em 1919, em Lisboa. Depois de concluir os estudos liceais, ingressou na Escola Naval (curso que não concluiu por impedimentos vários), vindo a formar se em Engenharia Civil na Universidade do Porto. Ainda durante os estudos universitários, publicou sob o pseudónimo Teles de Abreu, as suas primeiras composições poéticas em periódicos como a "Presença" e foi nessa altura que travou conhecimento com um grupo de poetas que viriam a reunir se em torno de "Cadernos de Poesia", convivendo então, com José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti, Alberto Serpa e Casais Monteiro, entre outros.
Foi no âmbito das edições de "Cadernos de Poesia" que em 1942, foi publicada a sua primeira obra poética: "Peregrinação". Ainda durante os anos 40, colaborou com "Aventura", "Litoral", "Portucale", "Seara Nova", e "Diário Popular", encetando ainda uma actividade importante na sua actividade literária como tradutor de poesia ("90 e Mais Quatro Poemas de Constantino Cavafy", "Poesia de Vinte e Seis Séculos: I de Arquiloco a Calderón, II – de Bashó a Nietzsche", ?Poesia do Século XX?, entre outros). A partir de meados dos anos 40, intensificou, paralelamente à actividade profissional como engenheiro, a sua actividade de conferencista, proferindo comunicações que incidiam frequentemente sobre dois dos seus temas preferidos: Camões e Fernando Pessoa (de quem editaria, em 1947, as "Páginas de Doutrina Estética"). Durante os anos 50, afirmou se como uma das presenças mais influentes e complexas da cultura e literatura portuguesas; e foi durante essa década que publicou algumas das suas mais conhecidas obras poéticas ("Metamorfoses", "Evidências", "Fidelidades"); que publicou a sua primeira tentativa dramática, a tragédia "O Indesejado"; que colaborou com publicações como a "Gazeta Musical e de Todas as Artes", "Árvore", "Notícias do Bloqueio", "Cadernos do Meio Dia"; e que organizou a terceira série da antologia "Líricas Portuguesas". A sua postura contra a ditadura fascista levou o em 1959, após o envolvimento numa tentativa falhada de golpe de Estado militar contra o regime salazarista, a optar por um exílio voluntário no Brasil, onde exerceu funções de docência nos domínios da Literatura Portuguesa e da Teoria da Literatura, nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Assis e de Araraquara, em S. Paulo. Publicou então, uma série de obras ensaísticas como "Da Poesia Portuguesa" e desenvolveu uma intensa actividade como congressista, não deixando ainda de, como redactor no jornal "Portugal Democrático", participar em acções de denúncia da ditadura a partir do exterior. Em 1960 publicou o seu primeiro livro de ficção, a colectânea de contos "Andanças do Demónio". No ano seguinte publicou o primeiro volume da sua obra poética completa. Face aos obstáculos que sistematicamente eram levantados à sua progressão na carreira académica (a sua naturalidade e a inadequação curricular entre a sua formação e a leccionação), em 1965 transferiu se para a Universidade do Wisconsin, Madison, nos Estados Unidos da América, em cujo departamento de Espanhol e Português seria nomeado professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira. Em 1970 transferiu se para a Universidade de Califórnia, em Santa Bárbara, onde viria a ser nomeado dois anos depois, chefe do Departamento de Literatura Comparada e, em 1975, chefe do Departamento de Espanhol e Português. Entretanto, participou em inúmeros congressos internacionais; tornou se membro da Modern Languages Association e da Renaissance Society of America, nunca interrompendo a edição, quer de títulos de teoria e história literária e estudos literários clássicos, modernos e contemporâneos, quer a obra poética pessoal, publicando, antes e depois da primeira visita autorizada a Portugal em nove anos de exílio, entre 1968 e 1969, os livros de poesia "Arte de Música" e "Peregrinatio ad Loca Infecta". Após o 25 de Abril, recebeu várias homenagens públicas em Portugal, tendo sido condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique e, a título póstumo, com a Grã Cruz da Ordem de Santiago e Espada. No ano da sua morte, em 1978, vieram a público, revistos pelo autor, os volumes "Poesia II" e "Poesia III", a que se seguiriam, postumamente, os volumes "40 Anos de Servidão" e "Post Scriptum II".
(Notas retiradas de www.truca.pt/ouro/biografias1/jorge_de-sena.htm)




quarta-feira, novembro 07, 2007

Cecília Meireles - Homenagem




Canção Mínima

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta



Cântico VI

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.



Cecília Meireles nasceu, no Rio de Janeiro, a 07 de Novembro de 1901 e faleceu a 09 de Novembro de 1964

terça-feira, novembro 06, 2007

Amor e Medo

Foto de Edward Aninaru



Estou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.


Affonso Romano de Sant'Anna

quinta-feira, novembro 01, 2007

A L V I T O - Feira dos Santos




Um certame de grande tradição instituído, de acordo com documentos existentes, em 1579, mas ainda assim, há outros dados que dão conta que Alvito já tinha uma feira em 1295 no reinado de D.Dinis.
Os séculos foram passando e ao contrário daquilo que aconteceu noutros pontos do Alentejo e até do País, a Feira dos Santos, em Alvito, conseguiu sobreviver e alcançar uma grande notoriedade.
A Feira dos Santos é a última que se realiza em cada ano na região alentejana. Tal facto, aliado à sua intensa actividade comercial, contribui para o enorme prestígio de que desfruta na região.

Esperamos por si!







PROGRAMA


31 Outubro (4ª Feira)
19h00 – Abertura oficial da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
21h30 – Espectáculo musical com ORTIGÕES no Palco da Feira
23h00 - Festa Bacardi/Caipirinha no “Club Casa de Alvito” (Org.: Chico d’Alvito)
24h00 – Fecho da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
02h00 – Fecho dos Bares da Feira

01 Novembro (5ª Feira - Feriado)

9h00 - Reabertura da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
10h00 – Abertura de exposição de Antiguidades e Velharias para leiloar na Galeria de Arte (Largo das Alcaçarias, 3A)
15h30 - Leilão de Antiguidades e Velharias na Galeria de Arte (Largo das Alcaçarias, 3A)
15h30 – Actuações dos grupos de Cante Coral Alentejano do Concelho de Alvito
17h00 – Concerto pela Banda Filarmónica dos Bombeiros Voluntários de Alvito
21h00 – Espectáculo musical com CAMPOS DO ALENTEJO no Palco da Feira
24h00 – Fecho da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
02h00 – Fecho dos Bares da Feira

02 Novembro (6ª Feira)

10h00 – III Corta-Mato Escolar – CECA 2007. S. Romão (Org.: CECA e CNA)
18h00 - Reabertura da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais




20h30 – Reflexão/Debate sobre “Contribuição dos Partidos Políticos para as Práticas de Cidadania” no Centro Cultural de Alvito
22h30 - Espectáculo de FADO VADIO, com a actuação de MARIA DOS SANTOS e ANTÓNIO PINTO BASTO no Stand do Município de Alvito (interior da tenda)
23h00 - Festa Karaoke no “Club Casa de Alvito” (Org.: Chico d’Alvito)
23h00 – Fecho da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
24h00 – Fecho dos Bares da Feira

03 Novembro (Sábado)

14h00 – Reabertura da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
14h30 – Inauguração da Rota de Sant’Águeda e Marcha dos Santos (Org.: CNA)
17h00 –3º Festival Etnográfico dos Santos (Org.: INATEL Beja)
21h30 - Actuação dos COUPLE COFEE, no Palco da Feira
23h00 - Festa de encerramento Feira dos Santos 2007 no “Club Casa de Alvito” (Org.: Chico d’Alvito)
23h00 – Encerramento da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
24h00 – Fecho dos Bares da Feira

04 Novembro (Domingo)

09h00 – Abertura do Secretariado do 3º CROSSALVITO (Org.: Clube Natureza de Alvito)
10h00 – Inicio do 3º CROSSALVITO (Org.: Clube Natureza de Alvito)
14h00 – Reabertura da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais
18h00 – Encerramento da XII Mostra de Produtos e Serviços Locais e Regionais

Visite a exposição de pintura e escultura de Óscar Alves e Domingos Oliveira
no Centro Cultural de Alvito.

terça-feira, outubro 30, 2007

Quantas vezes...

Foto de Elblura


Quantas vezes caminhei pela praia
à espera que viesses. Luas
inteiras. Praias de cinza invadidas
pelo vento. Quantas estações quantas noites
indormidas. Embranqueceram-me
os cabelos. E só hoje
quando exausto me deitei em mim
reparei
que sempre estiveste a meu lado. Na cal frágil
dos meus ossos. Nas hastes do mar
infiltradas no sangue. Na película
dos meus olhos quase cegos.


Casimiro de Brito


segunda-feira, outubro 29, 2007

1-Fotos do Alentejo

Vento suão


Vento Suão - Foto de Manuel Dinis Cortes

Nasceu em Vila Real em 1955 e reside em Beja desde 1980. É Médico e tem como hobbies diversas actividades outdoor , incluindo a fotografia.

domingo, outubro 21, 2007

As ondas

Foto de Marko Schimanski



As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.



Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, outubro 20, 2007

Uma dor fina...

Foto de Reno



Uma dor fina que o peito me atravessa,

A escuridão que envolve o pensamento,

Um não ter para onde ir cheio de pressa,

Um correr para o nada em passo lento,



Um angustiante urgir que não começa,

Um vazio a boiar no alheamento,

Uma trôpega ideia que tropeça

No vácuo de um estranho abatimento.



É tédio? É depressão? Talvez loucura?

É, para um além de mim, passagem escura?

Um ir por ir que não tem outro lado?



É, sem máscaras, a esperança enfim deposta,

Ou no extremo da verdade exposta

A ironia feroz de um deus calado?




Natália Correia

(in Sonetos Românticos)

sexta-feira, outubro 19, 2007

BLOG SOLIDÁRIO




MARIA amiga que encontrei nas voltas da net e a quem por motivo de nossas sensibilidades se aproximarem na leitura e no sentir da poesia, pois esta MARIA quis mais uma vez distinguir o "Beja" com o prémio e o carinho do "BLOG SOLIDÁRIO". Ainda que o considere imerecido aceito-o com todo o prazer, dado de quem vem, retribuindo com um beijo amigo.

Vou, seguindo as regras, distribuí-lo por outros 10 blogs enviando as minhas saudações aos que não pude agora nomear.Provavelmente alguns blogs agora indicados já terão recebido este prémio mas esse facto mais reforçará esta atribuição.


1 - BLOG DO ZIG

2 - ADESENHAR

3 - ALÉM TEJO

4 - BLOG DO CANTINHO

5 - CHUVISCOS

6 - PALAVRAS AO VENTO

7 - PECISCAS

8 - POEMAS DE AMOR E DOR

9 - EREMITÉRIO

10- MOENDO CAFÉ

quinta-feira, outubro 18, 2007

Canção Grata




Por tudo o que me deste:
- Inquietação, cuidado,
(um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
- Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão,
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
- Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: - Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!


Carlos Queirós







1907-1949

Carlos Queirós de seu nome completo José Carlos Queirós Nunes Ribeiro nasceu em Lisboa em 1907 e faleceu em Paris em 1949. Um dos seus livros mais conhecidos é Desaparecido e Outros Poemas.
Foi através dele que Fernando Pessoa conheceu Ofélia a quem escreveu as suas cartas e poemas de amor.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Reflexão

Foto de Denisse Herrera







Nas longas horas vividas,
procuro as rotas que perdi.


Prisioneiro de causas inúteis,
componho poemas à pressa
e descubro pétalas murchas
em diários de infância.


Há histórias nunca lidas
que um dia te escrevi.


Adormeço recordações
em leito de flores,
moldo-lhe formas,
sorvo-lhe a fragrância.


Irreais e já sem vida,
restam imagens a falar de ti.


Ao bom ou mau passado
jamais alguém regressa;
daí ter-me perdido,
no tempo… no sonho… e na distância!



Orlando Fernandes (Fronteiras do Sonho)

terça-feira, outubro 16, 2007

segunda-feira, outubro 15, 2007

Não digo adeus...

Foto de Ana Franco-Olhares




Largo no barco
Que ao largo se faz
Olhos rasos de água
- o meu adeus
Das horas más!

Levo-te no coração
Teu lugar preferido
Meu lugar de eleição
Beijo esses lábios
Sentindo o sabor
Que sempre recorda
Momentos de amor

Não digo adeus
Só até à volta
Vejo os olhos teus
Sentindo revolta
Haja o que houver
Ao meu lado estarás
Para ti voltarei
Por mim esperarás



Um último aceno
Um profundo olhar
Amo-te muito!
Sempre te hei-de amar!




LM – 15/10/07

domingo, outubro 14, 2007

Cinzas do Tempo

Foto Paulo Madeira-Olhares



A maré, a vazante,

O mar retirante

Recua diante

Da minha tristeza,

Presa de lembranças,

Represa de imagens,

Personagens, história

Que desenhei na memória

Com as cinzas do tempo.

Um dia de sol,

Trevas na alma,

Um momento, uma calma,

A pausa na dor.

Um alento, uma passagem,

Entre o amor e a amargura,

Entre a culpa e a tortura.

A frescura, a brisa

Me seduz, me abraça,

Festeja, me envolve

E assim me devolve a paz

Que deseja ficar

Mas, fraqueja e passa.

Um dia de sol,

A praia, a vida,

Na contrapartida

O escuro, o mergulho

Na saudade antiga,

Amiga, inimiga,

Refúgio, pensar,

Que agora me obriga

A rever e chorar.





FRANCISCO SIMÕES

sábado, outubro 13, 2007

PAZ!

CLIQUE na foto de Ive Volker para a ver em seu tamanho natural.



Paz é silêncio, é ajuda
É compreensão, é valor.
É riqueza que se conquista
Com a arma do amor.


Bom fim de semana!

sexta-feira, outubro 12, 2007

O nosso amor nasceu como um poema

Foto João Camilo-Olhares

"O Amor é a memória que o tempo não mata,
a canção bem-amada, feliz e absurda...
É a música inaudível...
O silêncio que treme e parece ocupar o coração
que freme quando a melodia do canto de
um pássaro parece ficar..."

- Vinícius de Moraes -




O nosso amor nasceu como um poema.
Como se nossas mãos não fossem duas.
Como se o teu corpo fosse o universo,
onde nos teus olhos cintilam outras luas
que enchem de luar estes meus versos.

O nosso amor nasceu como um poema.
Que tanto se excedia. E nos excedendo,
sempre o horizonte mais ficou distante.
Absorvente amor de tal forma absorvendo,
amando o amor talvez mais que o amante.

O nosso amor nasceu como um poema.
Com palavras que a amar se escreveram
em páginas de sonho, beleza e esplendor.
E tantas vezes as palavras se envolveram
que de um poema nasceu o nosso amor.





Albino Santos

quinta-feira, outubro 11, 2007

Sem Saída

Foto de Alex Krivtsov





Da tua sombra nasce a minha luz
do teu puro silêncio a minha fala
e ainda é teu o olhar que me seduz
no presságio do sono que me embala


Queria poder amar-te sem motivo
já sem corpo nem alma nem passado
quando só tu me provas que estou vivo
no teu sorriso mais que desesperado


Vem ter comigo, vem, enquanto a vida
nos abandona à flor do seu segredo:
ambos sabemos que não há saída


fora do nosso amor – ainda é cedo
e a noite é uma criança distraída
até ficarmos sós: não tenhas medo



Fernando Pinto do Amaral (A Luz da Madrugada)





Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa em 1960. Frequentou a Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso, vindo a licenciar-se em Línguas e Literaturas Modernas, concluindo o Mestrado e o Doutoramento em Literatura Portuguesa.

É Professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa. Publicou, desde 1990, cinco livros de poesia, dois volumes de ensaio e traduziu poemas de Baudelaire, Verlaine, Jorge Luis Borges e Gabriela Mistral.

Prefaciou edições de poesia de Camões, Bocage, Antero de Quental, Cesário Verde, Ruy Cinatti, Tomaz Kim e Luís Miguel Nava, entre outros. Alguns dos seus poemas estão traduzidos e publicados em espanhol, francês, neerlandês, alemão, checo, inglês, búlgaro e turco.

Área de Serviço e Outras Histórias de Amor é a sua estreia no domínio da ficção narrativa.

A Luz da Madrugada é o seu mais recente livro de poesia.


terça-feira, outubro 09, 2007

Muitos Anos Depois

Foto de Angela Vicedomini






Pouco me importa o que teci, o que perdi,

As lágrimas, as saudades, os desencantos,

Tantos disfarces, infernos, tantos véus,

E quantos céus que eu rejeitei, e quantos.



Pouco me importa agora esse tempo

Que traçou rugas, desenhando o envelhecer,

É o mesmo tempo que hoje pára e escuta

O que a vida sempre me ouviu dizer:

EU TE AMO.





FRANCISCO SIMÕES



Francisco Mário Simões dos Santos é descendente de portugueses, filho de português e mãe brasileira, nascido em Belém do Pará. Foi locutor, produtor de programas e escritor de crónicas diárias. Durante cerca de vinte anos pertenceu ao quadro da ABAF — Associação Brasileira de Arte Fotográfica no Rio de Janeiro, quando ganhou mais de mil prémios nos seus salões mensais e anuais. No auge da bitola super-8 produziu vários filmes de curta-metragem durante o regime autoritário. Participou de muitos eventos do género no Brasil, principalmente, os realizados em universidades e centros de treinamento profissional. Ganhou vários prémios de destaque em festivais e mostras de filmes basicamente voltados para a crítica social e política, o que lhe garantiu problemas com a Censura. Trabalhou por trinta anos no Banco do Brasil, onde foi professor, coordenador e programador de cursos, chefe de um grupo que produzia módulos áudio-visuais para palestras e aulas e assessor do gabinete da presidência da PREVI, entre 1982 e 1986. Depois de aposentado, passou a realizar suas exposições "Fotografias Artesanais" e continuou a ganhar prémios, um deles, o título de cidadão honorário de Cabo Frio, cenário e motivo de muitas de suas fotos e vídeos. Em 1994 voltou a escrever poesia, o que parara de fazer há muito tempo. De dezembro de 1999 a dezembro de 2001, foi vencedor de vários concursos literários. Retornou à prosa, pelas crônicas, a partir de Janeiro de 2001, já com 64 anos de idade. Escreve para alguns sites de literatura no Brasil como Blocos e Rio Total, tem um espaço em Londres-Inglaterra, "O Cantinho do Francisco", integrante do Cantinho do Poeta, de Marc Fortuna e Richard Price, além do site pessoal.

segunda-feira, outubro 08, 2007

"Conheço o Sal..."

Foto de Piotr Kowalik





Conheço o sal da tua pele seca

depois que o estio se volveu Inverno

da carne repousando em suor nocturno.



Conheço o sal do leite que bebemos

quando das bocas se estreitavam lábios

e o coração no sexo palpitava.



Conheço o sal dos teus cabelos negros

ou louros ou cinzentos que se enrolam

neste dormir de brilhos azulados.



Conheço o sal que resta em minhas mãos

como nas praias o perfume fica

quando a maré desceu e se retrai.



Conheço o sal da tua boca, o sal

da tua língua, o sal de teus mamilos,

e o da cintura se encurvando de ancas.



A todo o sal conheço que é só teu,

ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,

um cristalino pó de amantes enlaçados.




Jorge de Sena

domingo, outubro 07, 2007

Ideal

Foto de Marketa Uhlirova






Aquela que eu adoro não é feita

De lírios nem de rosas purpurinas,

Não tem as formas lânguidas, divinas,

Da antiga Vénus de cintura estreita...



Não é a Circe, cuja mão suspeita

Compõe filtros mortais entre ruínas,

Nem a Amazonas, que se agarra às crinas

Dum corcel e combate satisfeita...



A mim mesmo pergunto, e não atino

Com o nome que dê a essa visão,

Que ora amostra ora esconde o meu destino...



É como uma miragem que entrevejo,

Ideal, que nasceu na solidão,

Nuvem, sonho impalpável do Desejo...



Antero de Quental

sábado, outubro 06, 2007

Aparição


Foto de Melan Chol Ie




Saudosamente, ao luar das minhas mágoas,
Vens para mim na tua graça de ave:
O teu andar, de longe, é brando e suave
Como um cisne vogando à flor das águas.


Vens para mim, ao luar que me entristece,
Em tua alada e mística figura:
Nos teus olhos se abisma a noite escura
E é a luz do luar que neles resplandece.


Há qualquer coisa em ti que me comove
E dá motivo ao meu desassossego:
Minhas falas por ti são as de um cego,
Tenho por ti o olhar de quem não ouve.


Quisera erguer em teu louvor um canto
De divina, quimérica harmonia:
Assim na primavera a cotovia
Festeja o sol que nasce e o seu encanto.


Digo o teu nome aos ventos, no martírio
Da ansiedade febril que me consome:
E logo os ecos rezam o teu nome,
Num êxtase que é irmão do meu delírio.


Grito por ti quando me encontro a sós,
Mentindo à dor de te saber ausente:
Mas vens ao meu amor, saudosamente,
E logo morre o alvor da minha voz.


Saudosamente, ao luar que me deslumbra,
Vens através a noite silenciosa:
E a tua graça, etérea e misteriosa,
É um outro luar surgindo na penumbra.


Anrique Paço d’Arcos
(Poesias Completas)

quinta-feira, outubro 04, 2007

FREE BURMA - PETIÇÃO




O movimento internacional de Bloggers de apoio à campanha Free Burma/Birmânia/Myanmar (International Bloggers' Day for Burma on the 4th of October) está a recolher adesões e a solicitar que nos Blogs de todo o Mundo sejam inseridos textos, no próximo dia 4, onde se apele à liberdade e ao respeito pelos direitos humanos.
PETIÇÃO FREE BURMA


Vamos fazer chegar à ONU e à CHINA 1.000.000 de assinaturas

quarta-feira, outubro 03, 2007

Olhar

Foto de Leona L



Olhas-me entre a surpresa e o desencanto
e eu fico embaraçado ante esse olhar:
nada podia perturbar-me tanto
como uns olhos roubados ao luar
das noites em que o tempo e o lugar
se faziam de espuma, luz e espanto.
Mas o que importa, sobre a ruinosa
erosão dos desenganos,
é esta força de quem ousa
amar-te acima do passar dos anos.


Torquato da Luz

terça-feira, outubro 02, 2007

Fado Saudade

Foto de Nina de Villeneuve





O Sol da minha ventura,
Era dado p’la ternura
Com que viveste a meu lado.
E os beijos que tu me deste
Tinham o gosto silvestre
A mel, a rosas e a fado.


Mas decorreram os anos,
Vieram mil desenganos,
E perdidos no caminho,
Vivemos a pena imensa
Desta imerecida indiferença
De cada um estar sozinho.


Solidão nos meus sentidos,
Mágoa dum tempo perdido,
Quantas vezes já morri?
Sonhos não realizados,
Remorsos dos meus pecados…

Tenho saudades de ti!



Orlando Fernandes (Fronteiras do Sonho)

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...