terça-feira, setembro 06, 2005

À Beleza








Não tens corpo, nem pátria, nem familia,

Não te curvas ao jugo dos tiranos.

Não tens preço na terra dos humanos,

Nem o tempo te rói.

És a essência dos anos,

O que vem e o que foi.



És a carne dos deuses,

O sorriso das pedras,

E a candura do instinto.

És aquele alimento

De quem, farto de pão, anda faminto.



És a graça da vida em toda a parte,

Ou em arte,

Ou em simples verdade.

És o cravo vermelho,

Ou a moça no espelho,

Que depois de te ver se persuade.



És um verso perfeito

Que traz consigo a força do que diz.

És o jeito

Que tem, antes de mestre, o aprendiz.



És a beleza, enfim. És o teu nome.

Um milagre, uma luz, uma harmonia,

Uma linha sem traço...

Mas sem corpo, sem pátria e sem família,

Tudo repousa em paz no teu regaço.



À Isabel Filipe que me ofereceu a imagem que abre o post de hoje retribuo com todo o carinho ofertando este poema de Miguel Torga.



INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...