quarta-feira, novembro 30, 2011
quinta-feira, novembro 24, 2011
NO MEU CÉU AO CREPÚSCULO...
No meu céu ao crepúsculo tu és como uma nuvem
e a tua cor e forma são tal e qual as quero.
Tu és minha, tu és minha, mulher de lábios doces
e vivem na tua vida os meus infinitos sonhos.
A lâmpada da minha alma ruboriza-te os pés,
o acre vinho meu é mais doce em teus lábios,
ó segadora da minha canção ao entardecer,
como te sentem minha os meus sonhos solitários!
Tu és minha, tu és minha, vou gritando na brisa
da tarde, e o vento arrasta a minha voz viúva.
Caçadora do fundo dos meus olhos, o teu roubo
estanca como a água o teu olhar nocturno.
Na rede da minha música estás presa, meu amor,
e as minhas redes de música são largas como o céu.
Nasce-me a alma à beira dos teus olhos de luto.
Nos teus olhos de luto começa o país do sonho.
PABLO NERUDA
"Vinte Poemas de Amor" Parte IV
Foto de Ognyan Geshev
domingo, novembro 20, 2011
IMPETUOSO, O TEU CORPO É COMO UM RIO
quarta-feira, novembro 16, 2011
DEIXA-ME AMAR-TE
Deixa-me amar-te em meus silêncios,
Na calmaria do teu coração que me acolhe,
E de onde se desprendem meus sonhos,
Em voos etéreos de plena liberdade.
Deixa-me amar-te em minha solidão,
Ainda que meus labirintos te confundam,
E que teus fios generosos de compreensão
Emaranhem-se no tapete dos meus enigmas.
Deixa-me amar-te sem qualquer explicação
Na ternura das tuas mãos que me sorriem,
Escrevendo desejos em versos despidos
Na minha tez morena que te cobre e descobre.
Deixa-me amar-te em meus segredos,
Para que desvendes o que também desconheço,
A alma dos meus abismos onde anoiteço.
E meus olhos adormecem embalados pelo mistério.
Deixa-me amar-te em tuas demoras, longas horas.
Em que meu corpo se veste de céu à tua espera,
E minhas mãos em frenesi acendem estrelas
Para alumiar-te, ainda que ausente estejas…
FERNANDA GUIMARÃES
Imagem de Jacob Collins
sexta-feira, novembro 11, 2011
JURO
Por tua culpa, Mulata,
Meu coração
Anda à toa
Sem saber onde se acoite.
Perdeu-se na escuridão
Dos teus olhos cor da noite.
Por tua culpa, só tua culpa,
Pois sei que foi causa disso
O feitiço
Do teu corpo.
Mas... Deus é grande
E... talvez
Ainda voltes outra vez
A abrasar-te em desejos,
Quianda dos meus amores.
Nesse dia
Hei-de cobrir o teu corpo
Com um vestido de beijos
E um manto de carícias.
Hei-de esmagar contra a minha
A tua boca vermelha.
Será nesse dia, então
Que terei onde me acoite,
Mesmo na escuridão
Dos teus olhos cor da noite.
AIRES DE ALMEIDA SANTOS(Angola)
Pintura de Nide Bacellar
quinta-feira, novembro 03, 2011
QUANDO ESTIVERES TRISTE
Quando estiveres triste,
Amor,
e não souberes porquê ...
E o mundo inteiro
à tua volta pareça desabar ...
Quando
te apetecer gritar ...
Quando
inexplicavelmente só
te sintas
em meio à multidão
e, perdida,
não saibas que fazer ...
Quando
te sentires vazia
como um balão furado,
amarfanhada
como um vestido
de baile
após o Carnaval ...
Quando
estiveres confusa,
indecisa,
angustiada,
como, sem mo dizeres,
eu sei que estás, por vezes...
Então, Amor
basta que venhas
junto a mim
e no meu peito
confiadamente
repouses tua fronte.
para eu conhecer toda a tristeza
que os teus olhos mudos
me dirão.
Não te farei perguntas
nem direi
as palavras idiotas
que, longe de ajudar,
só ferem, nessa altura.
Apenas te prenderei
pela cintura
e em silêncio,
longamente,
afagarei os teus cabelos,
até que a angústia
de todo te abandone
e não te sintas só,
porque eu estou contigo
sempre,
meu Amor.
ANTÓNIO MELENAS
Foto de Sergey Ryzhkov
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