terça-feira, novembro 29, 2005

Triste Outono




Que triste o fim da tarde vai ficando
com árvores a chorar ramos despidos,
e as folhas amarelas esvoaçando…
São pássaros perdidos!
Com o rosto colado na vidraça
mergulho neste céu meio pardacento,
manto dum tempo, insípido e sem graça…
Nostálgico e cinzento!
Murmúrios sem calor, soltos no ar
povoam um crepúsculo de Outono
e as vozes das gaivotas sobre o mar…
São gritos de abandono!
Pudesse eu agarrar a fé perdida,
gritando ao triste Outono: quem me dera,
que minha alma, que no mundo anda perdida…
Encontre a Primavera!
Quem sabe, se na contra luz do espaço,
dum igual fim de dia tão agreste,
não nascerá espontâneo o teu abraço…
Como uma flor silvestre!
A noite vem caindo, mansamente,
um odor a chão molhado anda no ar,
sereno, cerro meus olhos docemente…
E deixo-me embalar!




(Orlando Fernandes in Alentejo ... e Outros Poemas)

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