sexta-feira, dezembro 19, 2008

BOAS FESTAS

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Vou estar ausente até princípios de Janeiro de 2009.

Desejo a todos os Amigos/as, comentadores ou simples visitantes umas Boas Festas.

Para o ano cá nos encontraremos.

Aqui vos ofereço um óleo sobre tela de Bento Coelho da Silveira (1620 - 1708)Adoração dos Magos existente no Museu de S. Roque em Lisboa.


domingo, dezembro 14, 2008

ANTÓNIO REBORDÃO NAVARRO - CONVITE




Dia 17 de Dezembro pelas 21horas no Palacete dos Viscondes Balsemão.


Leitura de textos a cargo do actor António Reis.


Comparece e...divulga.


NOTA - CLICA NA IMAGEM E AMPLIA O CONVITE


SOBRE O AUTOR:


António Augusto Rebordão e Cunha Navarro nasceu no Porto em 1 de Agosto de 1933. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi Delegado do Ministério Público em Vimioso e Amarante, Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto e Director Editorial, tendo exercido a advocacia.

Secretariou e dirigiu a Revista Literária Bandarra, fundada por seu pai, o escritor Augusto Navarro.

Foi co-director e também co-autor de Notícias do Bloqueio e director-adjunto da revista literária Sol XXI.

Colaborou em diversas publicações e encontra-se representado em várias antologias.

Fez parte da direcção e foi Presidente da Assembleia-geral da Associação de Jornalistas e Homens das Letras do Porto e Vogal do Conselho Fiscal da Sociedade Portuguesa de Autores.

Alguns dos seus poemas estão traduzidos para castelhano, francês, checo, neerlandês e sueco. Em 2002 foi-lhe atribuído o “Prémio Seiva” (Literatura).
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Natureza morta de Paul Cézanne





Poema quase triste

Os homens passam sem darem por nada
carregados assim como eles vão
com suas sombras a ganharem gibas,
com os seus olhos a ficarem baços,
cheios de presbitia e astigmáticos.
Não lhes importa que nos frutos estejam
confissões de poetas e de heróis.
Os homens passam e não vêem nada,
olham apenas para as suas vidas,
para a filha doente ou para os filhos mortos.
Não se apercebem das árvores e das rochas,
sangue e nervos da terra.
Seguem tristes e com os seus olhares
voltados para dentro,
para os seus crimes ou para os seus sonhos.
Não param a escutar o coração da terra
que bate, tranquilo, sob o chão.
Tristemente aguardam os eléctricos
que os hão-de levar a suas casas
de paredes forradas pelos retratos
dos fantasmas antigos e até próximos.
É sem amor que trincam os frutos
coloridos no sangue de todos os mortos
e nem pensam que a terra se abrirá
a seus corpos alheios, certo dia.
Procuram suas chaves
e, de cabeça baixa, penetram em casa,
sentam-se à mesa e choram
com suas mulheres, livros, diários íntimos,
mas não falam sequer à Natureza
que lhes oferece, em vão,
todos os seus segredos e mistérios.
Deitam-se sonolentos,
fecham a luz e dão-se aos pesadelos
ou aos sonhos de quando eram meninos. . .
Embriagam-se ou matam-se
e entregam-se aos vícios ou às lágrimas. . .
Tristes os homens passam
sem verem que a terra lhes oferece
juntamente com frutos e canções.



António Rebordão Navarro
A Condição Reflexa
Poemas (1952 - 1982)
Imprensa Nacional Casa da Moeda

quinta-feira, dezembro 11, 2008

APELO À POESIA




APELO À POESIA

Por que vieste? - Não chamei por ti!

Era tão natural o que eu pensava,

(Nem triste, nem alegre, de maneira

Que pudesse sentir a tua falta...)

E tu vieste,

Como se fosses necessária!



Poesia! nunca mais venhas assim:

Pé ante pé, covardemente oculta

Nas ideias mais simples,

Nos mais ingénuos sentimentos:

Um sorriso, um olhar, uma lembrança...

- Não sejas como o Amor!



É verdade que vens, como se fosses

Uma parte de mim que vive longe,

Presa ao meu coração

Por um elo invisível;

Mas não regresses mais sem que eu te chame,

- Não sejas como a Saudade!



De súbito, arrebatas-me, através

De zonas espectrais, de ignotos climas;

E, quando desço à vida, já não sei

Onde era o meu lugar...

Poesia! nunca mais venhas assim,

- Não sejas como a Loucura!



Embora a dor me fira, de tal modo

Que só as tuas mãos saibam curar-me,

Ou ninguém, se não tu, possa entender

O meu contentamento,

Não venhas nunca mais sem que eu te chame,

- Não sejas como a Morte!








UMA HISTÓRIA VULGAR


Ouvir a tua voz, outrora, era o bastante
Para sentir, enfim, justificada, a vida;
E supor que podia, a partir desse instante,
Abrir, impunemente, ao mundo, confiante,
Minh'alma enternecida.

Fitar o teu olhar, era um deslumbramento,.
Que me transfigurava e me fazia crer
Que depois de viver, na terra, esse momento,
-- Sereno, como após o extremo sacramento --,
Já podia morrer.

Premia as tuas mãos nas minhas e dizia,
Com profunda emoção: -- É só por ti que existo!
-- Como foi isto, amor? Do nosso olhar, um dia,
Caiu neve no fogo em que a minh'alma ardia...
Amor, como foi isto?!

Passas por mim, agora, e nada me insinua
Ser a tua presença o derradeiro elo
Que me prendia à vida. -- E a vida continua!
E tudo, como outrora, (o sol, o mar, a lua...)
Mesmo sem ti, é belo!

Como havemos de ter, nos outros, confiança?
Que humano sentimento a nossa fé merece?
De que servem, na vida, os ideais e a esperança,
Se o próprio Amor, -- como os brinquedos, em criança --,
Tão cedo, para nós, perde o encanto e esquece?!








DESAPARECIDO


Sempre que leio nos jornais:

«De casa de seus pais desapar’ceu...»

Embora sejam outros os sinais,

Suponho sempre que sou eu.



Eu, verdadeiramente jovem,

Que por caminhos meus e naturais,

Do meu veleiro, que ora os outros movem,

Pudesse ser o próprio arrais.



Eu, que tentasse errado norte;

Vencido, embora, por contrário vento,

Mas desprezasse, consciente e forte,

O porto do arrependimento.



Eu, que pudesse, enfim, ser eu!

- Livre o instinto, em vez de coagido.

«De casa de seus pais desapar’ceu...»

Eu, o feliz desaparecido!







O AMIGO



Era bom encontrar o amigo

No Café, onde estava a olhar

Com um gesto elegante e ambíguo

Para o fumo a sumir-se no ar.



A poesia era o tema dilecto

Da conversa que o tempo engolia.

O real, o preciso, o concreto

Nem sabiam que a gente existia.



Nada era para nós maculado,

Nem um só sentimento era fosco:

Porque havia outra luz, outro lado,

E o mistério morava connosco.



Tudo isto foi antes de Orfeu

Ter levado o encanto consigo.

Esse amigo está vivo - e morreu.

(E de mim, que dirá êsse amigo?)








Carlos Queirós

Nasceu em 1907, em Paris.


Poeta, ensaísta, crítico literário e de arte, estudou Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se funcionário da Emissora Nacional, onde organizou programas culturais. Assíduo colaborador da Presença e de outras publicações literárias, foi considerado um elo de ligação entre a geração presencista e a de Orpheu.


Considerado um discípulo directo de Fernando Pessoa, a sua poesia caracteriza-se pela perfeição formal, pelo equilíbrio e sobriedade e pela sugestão musical. Denuncia alguma herança romântica e certa aproximação ao simbolismo.


Morreu em 1949, em Paris.








Algumas obras:



Poesia:

Desaparecido (1935)


Breve Tratado da Não-Versificação (1948)


Desaparecido e outros Poemas (1957)


Prosa:

Homenagem a Fernando Pessoa (1936)



Fonte:Instituto Camões


sexta-feira, dezembro 05, 2008

HELENA MONTEIRO




Correndo a net e espreitando pelas suas frinchas indo aqui e ali investigando nomes conhecidos ou não desta vez fui encontrar uns poemas de Helena Monteiro.É um sítio que desconhecia ainda que soubesse que a Autora em outros locais nos delicia com sua arte e suas escolhas das palavras da poesia ou da pintura.

Aqui vos deixo os endereços dos seus blogs que merecem vivamente ser conhecidos e apreciados:

ALICERCES

LINHA DE CABOTAGEM

TRAÇOS E CORES

Para além dos poemas de sua autoria que a seguir apresento Helena Monteiro tem muito para partilhar connosco.

Aproveitem este fim de semana mais comprido para conhecer alguma da sua obra.








ENCOSTANDO O OUVIDO À NOITE

Se tu soubesses da solidão das palavras
enrolarias o silêncio
na noite sem pirilampos

depois
como numa prece

ouvirias do mar o canto.





COMO UM CASTIGO

Quando as tuas mãos rolarem
as palavras como seixos
ouvirás a melodia
o som do mar
ou será do grito?

Só contam as palavras na tua mão
as que abarcares e rolares
despreza as que tombarem
a ganância não as engrandecerá
as mais pequenas permitir-te-ão
ampliá-las
com a leveza da brisa
ou a finura da bruma
e quando órfãos quase vazias
mudá-las-ás de lugar
num fervor só teu
isento de enredos ou de modas.

Descobrirás então as tuas palavras
e com elas escreverás uma canção
de amor
simples como o primeiro beijo
clara como a neve sobre as árvores
livre
porque saberás
como Sisífo
que a montanha é obstinadamente íngreme
e por ela rolarás cada palavra
na quotidiana emenda da harmonia.



PROPOSITADAMENTE SEM TÍTULO

não sei das sombras
das verdadeiras
conheço aquelas onde respiro
ou as outras por onde meço o sol
mas das sombras
das reais
não lhe conheço o contexto
é temente que as percorro
quando o azul as domina
e no insólito do instante me trazem
a projecção de um sonho ou de um assobio
vivo-as temerosa e incrédula
como, quando criança,
os pirilampos enchiam de fantasia e medos
as noites de maresia

não sei das sombras
quando para além de mim
o ruído instala as dúvidas
na frágil teia do dia-a-dia.




INTROSPECÇÃO

Convoco-te, dualidade
por entre os labirintos da noite
face a face
deslocaremos as peças
deste xadrez sem futuro
de balizas temporais

díptico de extremos exangues

Convoco-te, dualidade
na planura do tempo
a alba se cumprirá.



são de seda e de vento as tuas crinas
indomável o teu porte
quando ante todos e tudo
és a concisão da palavra
liberdade

só o incauto julga o poder pelas rédeas.




NOTA: Todas as aguarelas e esboços são de Helena Monteiro.


segunda-feira, dezembro 01, 2008

Blog Destak, de Novembro/2008




O blog ART & DESIGN DE ISABEL FILIPE decidiu atribuir a este sítio o seu prémio mensal "BLOG DESTAK".

Fiquei encantado com a distinção e agradeço penhorado o referido prémio.

Prometo continuar a manter no "Beja" a divulgação da Poesia e de tantos Poetas que não são do conhecimento geral.

Para a Isabel Filipe e seu blog ART & DESIGN DE ISABEL FILIPE votos de muitas felicidades.

Para todos os meus visitantes o convite para visitar o blog da Isabel onde encontrarão motivos bastantes de arte e beleza. Um trabalho já com anos de total dedicação.


INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...