sábado, agosto 31, 2013

PINTURA ABSTRACTA



PINTURA ABSTRACTA

Eu, genial pintor me imaginava,
Pintando teu perfil, o teu regaço,
Enquanto que ao alcance do meu braço...
Teu corpo juvenil, p'ra mim posava.

A minha insana mente desenhava
Tua gentil figura, de um só traço,
E em sonhos, envolvi-te num abraço...
Mais forte do que as cores com que pintava.

Sorrias-me em ondas de ternura,
Incentivando a pueril loucura
Em que eu, alucinado me perdia,

Posaste para mim, a noite inteira,
Amei, como se fosse a vez primeira...
Só acordei do sonho... era já dia !

ORLANDO FERNANDES

segunda-feira, agosto 12, 2013

OS ANOS SÃO DEGRAUS


OS ANOS SÃO DEGRAUS


Os anos são degraus, a vida a escada
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada,
Só Deus pode fechá-la,
Pode abri-la.

São vários os degraus; alguns sombrios,
Outros ao sol, na plena luz dos astros,
Com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros
Nas mãos dos vendavais.

Mas tudo são degraus; tudo é fugir
À humana condição.
Degrau após degrau,
Tudo é lenta ascensão.

Senhor, como é possível a descrença.
Imaginar, sequer, que ao fim da Estrada
Se encontre após esta ansiedade imensa
Uma porta fechada
E mais nada?


FERNANDA DE CASTRO



INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...