quinta-feira, março 23, 2017

A PRIMEIRA VEZ ...



Aceitaste o convite.
Encontrámo-nos.

Alguns passos dados
Demos as mãos.

Estremecemos ...
Tu coraste, eu corei.

Olhos nos olhos prosseguimos

As palavras não surgiam ...

Era a primeira vez...

L.M. /06

quinta-feira, março 16, 2017

MARIETA




Marieta
de Castro Alves



Como o gênio da noite, que desata
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos… bate a lua
nas alvas dobras de um lençol de prata.


O seio virginal que a mão recata,
embalde o prende a mão… cresce, flutua…
Sonha a moça ao relento… Além na rua
preludia um violão na serenata.


Furtivos passos morrem no lajedo…
Resvala a escada do balcão discreta…
Matam lábios os beijos em segredo…


Afoga-me os suspiros, Marieta!
Oh surpresa! Oh! Palor! Oh! Pranto! Oh! Medo!
Ai! Noites de Romeu e Julieta!…


Castro Alves


foto de Corwin von Kuhwede

quarta-feira, março 08, 2017

O ALBUM




Abri o álbum
Das recordações
Folheei-o
Arrepiado
Percorri as folhas
Olhando os rostos amarelecidos
Revi dias felizes
Sentindo saudades
Balbuceei palavras
Sem sentido
Fiz perguntas
A que ninguém respondeu
Passeei por lugares
Que já não existem
Dei o braço a quem
Já não precisa do meu apoio
Difícil continuar
A virar as folhas
Confundia as imagens
Os tempos, as pessoas
Cerrei os olhos
Fechei o álbum


                                                                       L.M.

domingo, março 05, 2017

TANTO TEMPO PASSOU ...



Tanto tempo passou ...
foi ontem, há pouco, 
na semana passada
ou noutro ano
não sei porque para mim é sempre hoje,
na dúvida, talvez ontem...

Passei por lá
olhando aquelas paredes
entrei
vi aquele quarto
e logo ali te vislumbrei
no olhar que não  engana

imagens a galope 
trouxeram momentos 
que julgava não ter vivido
teriam sido sonhos?
realidades ?
talvez...

A menina que foste
ali estava igualzinha
O tempo 
tanto tempo passou
mas tu eras a mesma
para me fazer feliz

LM 04/03/2017

Foto de Mauro Nervi
Área de anexos

quinta-feira, março 02, 2017

NO VERÃO PASSADO ...



Corria pela areia escaldante
Saltitando como pequena ave,
Elegante, sensual e amante
Atraíndo logo um olhar suave.

Atrás e mais sóbrio no andamento,
Seguia ele, sorrisos, esgares. 
Já perto um do outro lentamente
Trocaram longos cúmplices olhares.

As palavras foram curtas e poucas.
Chegaram p’ra serem apresentados.
Bem depressa s’encontraram as bocas
Trocando beijos quentes, demorados.

Momentos de luxúria e de prazer
Vividos entre os dois corpos suados
Alheios a olhos que q’riam ver,
Rolavam, loucos, na areia, molhados.

Finalmente chegou a despedida
Presos um no outro e enlaçados
Sonharam a beleza desta vida
Vida dos amantes enamorados.

Espreguiçando-se, qual sereia,
Olhos atravessando o horizonte
Ela riu estendida na areia
Sentindo o sol a bafejar-lhe a fronte.


LM – 27FEV2010 



Foto de Pascal Renoux

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...