Senhor Vento, ó Senhor Vento,
já não me posso conter,
veio a seca, tanto sol,
que anda por aqui a fazer?
Vá-se embora Senhor Vento,
não são horas daqui estar,
não há trevo nem há água
para o gado apascentar.
Tudo seco, Senhor Vento,
ai que morte, que morrer,
não há suco nem há seiva,
cinco meses sem chover...
Se cá ficar, Senhor Vento,
não tempera, só destapa
os horizontes de nuvens,
não há chuva neste mapa.
Tape a chaga, Senhor Vento,
siga siga para o mar,
já lhe disse, vá-se embora,
não são horas daqui estar!
Dou-lhe um tiro, Senhor Vento,
se andar aqui mais um dia,
gira gira, fora fora,
mande a chuva, não se ria.
Obrigado, Senhor Vento,
Empurre as nuvens, agora,
isso mesmo, traga as águas!
De contente, a terra chora.
(Antunes da Silva - Nasceu e faleceu em Évora - 1921-1997)
(Foto Adriana Oliveira - Alentejo - 1000Images)
5 comentários:
Poema bem apropriado para a tragédia que se vive nos campos alentejanos
Bonito poema e bem precisamos de chuva. beijos
Bem actual este poema....
quem diria que foi escrito há tantos anos...
Boa noite...
Bj
mas o senhor vento anda arredio e vira-nos as costas....vamos cantar juntos? muitas vozes para o sr. vento...Bj grande
E junto com o pó que é a terra cujas lágrimas secaram, seguem as palavras.
Todas as palavras do mundo, ditas e juradas cabem num voo duma brisa.
Charlie
xarly2@hotmail.com
Enviar um comentário