Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus —
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Com toda a amizade dedico este poema de Casimiro de Abreu ao Batista Filho (Ilha dos Mutuns)
(Pintura de J.Lopes)
10 comentários:
Olá lumife,
Quando chegamos a uma certa idade, temos todos saudades da nossa infância, eu tenho muitas vezes...
Lindo texto
:)
beijinhu
Meu amigo, meu mui obrigado!
Te confesso uma coisa: na minha idade, 47 anos, dessa feita, nunca imaginei que pudesse, através das palavras encontrar tantos amigos, encontrar tanta generosidade e carinho. Por diversas vezes, em menos de um mês, meus olhos se encheram de lágrimas, não de tristeza, mas da mais pura emoção.
Inclusive declamei este poema de Casimiro de Abreu quando eu era criança, lá no Grupo Escolar Félix Pacheco, em Teresina, Piauí.
Mais uma vez, grato, meu irmão.
Um abraço carinhoso.
OI Lumife...
Bonito este poema em homenagem ao Batista Filho...que encontrei nesta Blogosfera e que tb prezo muito...
Bjs
Lindo este poema que dedicaste ao Baptista:) Bonita imagem. beijos
kerido Lumife
a imagem... é linda!
o poema... um hino!
a homenagem ao nosso amigo poeta...
um momento especial.
beijux létinha.
Pois, também eu...
Muito bonito este teu trabalho.
Parabéns
Pois, também eu...
Muito bonito este teu trabalho.
Abraço
Ai Lumife que gesto tão bonito!!! Beijos
que bela dedicatória...
não temos todos saudades da infãncia?
jinhuz
um belo poema. Mas o + importante é termos tido o privilégio de ter tido uma infância assim...Bjs e;)
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