Sou filho da terra quente,
das searas, do montado …
Trago das canções dolentes,
o passo cadenciado.
Saudoso das leiras trigo,
vivendo em terra emprestada,
nas longas noites sem sono,
perdido neste abandono,
vou desfiando comigo,
contos perdidos na estrada …
Tenho na pele marcados
os traços de mil suões,
e os olhos tristes, magoados,
que eu herdei dos ganhões.
Guardo raízes profundas
dum campo velho, cansado,
onde mesmo em tempo agreste,
nascia uma flor silvestre,
naquelas terras fecundas,
de Alentejo ignorado.
Eu nasci p’ra lá do Tejo,
guardo da terra a lembrança …
Eu pertenço ao Alentejo,
que me conheceu criança!
Voltarei um destes dias,
com um bando de pardais …
hei-de voar pelos montes,
beber as águas das fontes,
cantar velhas melodias,
e embebedar-me em trigais.
Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho
“O poeta é natural do país-do-Sonho. Entre o país-Comum e o país-do-Sonho existe uma fronteira a que chamamos condição-humana. Só é possível passar tal fronteira com um cavalo-alado. Para o país-do-Sonho não é preciso levar bagagem material. No país-do-Sonho as grandes cidades são construídas com Amor, Liberdade, Infinito e Eternidade.
Que num qualquer mágico dia-físico nos possamos lá encontrar!”
Ângelo Rodrigues
O “BEJA” tem o grato prazer de editar estes trabalhos de Orlando Fernandes e, em breve, de novo voltaremos às Fronteiras do Sonho.
Bem haja !
Sou filho da terra quente,
das searas, do montado …
Trago das canções dolentes,
o passo cadenciado.
Saudoso das leiras trigo,
vivendo em terra emprestada,
nas longas noites sem sono,
perdido neste abandono,
vou desfiando comigo,
contos perdidos na estrada …
Tenho na pele marcados
os traços de mil suões,
e os olhos tristes, magoados,
que eu herdei dos ganhões.
Guardo raízes profundas
dum campo velho, cansado,
onde mesmo em tempo agreste,
nascia uma flor silvestre,
naquelas terras fecundas,
de Alentejo ignorado.
Eu nasci p’ra lá do Tejo,
guardo da terra a lembrança …
Eu pertenço ao Alentejo,
que me conheceu criança!
Voltarei um destes dias,
com um bando de pardais …
hei-de voar pelos montes,
beber as águas das fontes,
cantar velhas melodias,
e embebedar-me em trigais.
Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho
“O poeta é natural do país-do-Sonho. Entre o país-Comum e o país-do-Sonho existe uma fronteira a que chamamos condição-humana. Só é possível passar tal fronteira com um cavalo-alado. Para o país-do-Sonho não é preciso levar bagagem material. No país-do-Sonho as grandes cidades são construídas com Amor, Liberdade, Infinito e Eternidade.
Que num qualquer mágico dia-físico nos possamos lá encontrar!”
Ângelo Rodrigues
O “BEJA” tem o grato prazer de editar estes trabalhos de Orlando Fernandes e, em breve, de novo voltaremos às Fronteiras do Sonho.
Bem haja !
4 comentários:
... e eu tenho o grato prazer de vir aqui ler a edição destes trabalhos de Orlando Fernandes !! e apaziguar as minhas "saudades do Alentejo" enquanto aguardo as "Fronteiras do Sonho".
Beijo
Bem haja para ti, por me dares a conhecer este poeta:) beijos
Aqui me sinto em casa, já o disse... nesses versos/canções me embala a saudade d'uma terra que só conheço em sonhos.
Um abraço, amigo.
k bom:) Mergulhei por inteiro. Bjs e ;)
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