Vieram de longe
montados em “jeeps
novinhos de ver.
Com ares de cidade
e dinheiro batido,
compraram-te os montes
velhos de cem anos …
Pintaram de cores,
o branco caiado.
Nem poiais de pedra,
nem barras azuis.
Mármores, cantaria,
madeiras pau-santo.
Bancos de baloiço,
mesas em forjado.
Há vinhos franceses,
charutos cubanos,
e amigos de longe,
nos fins-de-semana.
Alentejo, meu país,
não chores as tuas mágoas
atráz dos chaparros velhos …
que essa gente não é tua !
Compram-te as casas,
arruinadas pela pobreza,
e mudam-te as terras de pão,
em jardins …
Moram-te os espaços,
mas não te habitam a alma,
nem sabem cantar como nós …
o lírio roxo do campo !
In POIESIS – Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea. Ed. Minerva, Out./1999
ORLANDO FERNANDES - in Alentejo ... e Outros Poemas
.
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Feira dos Santos em Alvito
Que bom fim de semana prolongado passei em Alvito para assistir à Feira dos Santos. Nem a chuva que copiosamente caiu nos dias anteriores e que já é uma tradição impediu uma multidão de visitantes de ir até esta feira.
Evento que ocupa todas as ruas e praças principais da vila impedindo a circulação normal do trânsito automóvel mas que nos lembra tempos medievais com seu vetusto castelo assistindo a tudo mudo e quedo.
Os frutos secos imperam aqui e todos regressam aos seus lares com um ou mais sacos de nozes, figos, castanhas, amêndoas, avelãs, batata doce eu sei lá que mais.
Tendas onde se vendem presuntos, chouriços, entremeadas, linguiças, de porco branco e do muito apreciado porco preto. Mobiliário decorativo de madeira e de verga.
Mantas, conjuntos de cama, almofadas decorativas, todo o género de quinquilharia, casacos, blusões, camisas e outras peças de vestuário. Carrousséis e pistas de automóveis. Mais comes e bebes por todo o lado. Chineses, ciganos, indianos, africanos, algarvios, beirões e alentejanos, todos mostram e tentam vender os seus produtos.
Uma autêntica grande superfície comercial de levante.
À parte a zona comercial diversas manifestações culturais: Bandas de Música, Ranchos folclóricos,
Chocalheiros, Grupos Corais de Cante Alentejano, Exposição de Antiguidades e Velharias para leiloar, Exposição de cerâmica e pintura “O Cante e o Alentejo” de António Duro, etc. etc. Muito para se ver e apreciar.
Havia de tudo para todos os gostos.
Que bom fim de semana prolongado passei em Alvito para assistir à Feira dos Santos. Nem a chuva que copiosamente caiu nos dias anteriores e que já é uma tradição impediu uma multidão de visitantes de ir até esta feira.
Evento que ocupa todas as ruas e praças principais da vila impedindo a circulação normal do trânsito automóvel mas que nos lembra tempos medievais com seu vetusto castelo assistindo a tudo mudo e quedo.
Os frutos secos imperam aqui e todos regressam aos seus lares com um ou mais sacos de nozes, figos, castanhas, amêndoas, avelãs, batata doce eu sei lá que mais.
Tendas onde se vendem presuntos, chouriços, entremeadas, linguiças, de porco branco e do muito apreciado porco preto. Mobiliário decorativo de madeira e de verga.
Mantas, conjuntos de cama, almofadas decorativas, todo o género de quinquilharia, casacos, blusões, camisas e outras peças de vestuário. Carrousséis e pistas de automóveis. Mais comes e bebes por todo o lado. Chineses, ciganos, indianos, africanos, algarvios, beirões e alentejanos, todos mostram e tentam vender os seus produtos.
Uma autêntica grande superfície comercial de levante.
À parte a zona comercial diversas manifestações culturais: Bandas de Música, Ranchos folclóricos,
Chocalheiros, Grupos Corais de Cante Alentejano, Exposição de Antiguidades e Velharias para leiloar, Exposição de cerâmica e pintura “O Cante e o Alentejo” de António Duro, etc. etc. Muito para se ver e apreciar.
Havia de tudo para todos os gostos.
20 comentários:
Uma triste realidade reflectida em poema.
Beijos
Gostaria que o amor fosse como a natureza...doce como um orvalho da manhã; infinito como o céu; certo e preciso como as estações do ano; lindo como as flores do campo; inspirador como a lua; quente como o sol e acolhedor como as noites de inverno; inocente como os filhotes de um pássaro; mas ao mesmo tempo devastador como um leão feroz; cristalino como as águas de um riacho...que toda natureza simplesmente se resuma em uma só palavra, você!
Beijos e te cuida...
Bem voltado:) Belo e triste poema. Ainda bem que te divertiste;) beijos
Boa noite amigo Lumife! Não tenho ido ao Alentejo...desde Setembro que aí não vou...e que saudades tenho!!!
e fiquei com saudaditas
adoro o alentejo
triste o poema mas muito forte, tem o cheiro do alentejo
beijinhos meus
lena
Lumife:
Durante os 4 dias de festa vim aqui algumas vezes mas não comentei nada, para não te incomodar pois sabia que não ias ter tempo para computadores...
Hoje aqui estou, para te dizer que adorei a tua visita ao «meu cantinho», continua a visitar-me sempre que possas e queiras.
Foste lá, enquanto estive de férias e por isso, não recebeste nenhuma resposta minha, cheguei de férias quando começaram as tuas festas...estou agora a responder-te e quero dizer que quando organizares aí uma almoçarada, avisa, pois podes contar comigo. Adoro o Alentejo e a sua gastronomia, as suas gentes e a sua pureza.
Vai dar uma espreitadela ao kalinka, pois está diferente, além de eu estar a descrever algumas partes das minhas férias.
Beijokas.
que bom divertimento e uma feira, com todo o cheirinho a "antigamente" .. nao fui a tua feira, mas tambem na minha cidade existe a Feira de Todos os Santos, mas nem uma castanha comi... esta vida nao nos deixa tempo para nada:((( Abraço ;**
Com um belo poema, a retratar uma situação que não tem nada de bela (e nessa época globalizada, cada vez mais frequente!), assinalas teu regresso.
Sê bem-vindo, amigo.
Lindo o teu refugio, adorei!
Voltarei!
Beijo meu
Um belo poema....
é pena darem cabo das tradições...
bjs
... e eu que disputo ficar com a casita dos meus bisavós (onde nasceu o meu avô, o meu pai) e não vejo forma de conseguir!!
Beijo
De facto é um Alentejo que vai ficando desfragmentado... transformado em terra estrangeira, mas de facto para ser franco são áreas ao abandono.
Lumife: Lamento contrariar-te, mas estive na feira e não consegui permanecer lá mais do que uma hora. Havia tanta gente, que para conseguir circular, tinha que acotevelar tudo o que passava à minha frente. Foi o primeiro e último ano que lá fui. Aquilo não é para mim.
Um poema que reflecte a realidade de um Alentejo, tão lindo, tão esquecido. tão maltratado...
Olá Lumife!
Sobre a realidade do poema acima só me ocorre o fragmento de outro "pode haver quem te defenda/ quem compre o teu chão sagrado/ mas a tua vida Não!"
Beijos. :)
Boa foto a da nossa feira com o Castelo como pano de fundo, bom ângulo mesmo, tirei uma praticamente do mesmo sítio, quando a revelar vou-lha enviar pode ser??
Daqui fala a "fotógrafa" de quem o caro Lumife se esqueceu do nome...
anix
Os montes...
um poema que espelha bem uma triste realidade que não é apenas da tua região mas estende-se a todo o meio rural deste belo país...
para alterar essa tendência, nada melhor que umas mostras da cultura local, onde é necessário ensinar e aprender novas culturas...
esta festa é um bom exemplo que deverá perdurar, mantendo assim as tradições, que muitos quererão enterrar...
:)
esquisso:chegou a altura de dar mais uma volta pela festa "virtual" e recrear-me um pouco provando os petiscos regionais "virtuais" enquanto saboreio a vossa rica cultura :)
notinha:Amigo lumife, o teu blog está muito lento, terás de rever o tamanho das muitas fotos que tens no Sidebar... talvez excesso de peso(tamanho), a soluçao poderá passar pela optimização das imagens. entendes o que quero dizer!...
abraço
deixas-me smp com um...brilhozinho nos olhos. Descaracterização da nossa terra....Dói. boa semana. Bjs de luz e paz :)
Na Feira de Alvito misturam-se sensações, umas muito boas outras nem por isso. Como na vida. Mas vale sempre a pena, malgré tout!
Gostámos da Reportagem...!
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