terça-feira, novembro 29, 2005

Triste Outono




Que triste o fim da tarde vai ficando
com árvores a chorar ramos despidos,
e as folhas amarelas esvoaçando…
São pássaros perdidos!
Com o rosto colado na vidraça
mergulho neste céu meio pardacento,
manto dum tempo, insípido e sem graça…
Nostálgico e cinzento!
Murmúrios sem calor, soltos no ar
povoam um crepúsculo de Outono
e as vozes das gaivotas sobre o mar…
São gritos de abandono!
Pudesse eu agarrar a fé perdida,
gritando ao triste Outono: quem me dera,
que minha alma, que no mundo anda perdida…
Encontre a Primavera!
Quem sabe, se na contra luz do espaço,
dum igual fim de dia tão agreste,
não nascerá espontâneo o teu abraço…
Como uma flor silvestre!
A noite vem caindo, mansamente,
um odor a chão molhado anda no ar,
sereno, cerro meus olhos docemente…
E deixo-me embalar!




(Orlando Fernandes in Alentejo ... e Outros Poemas)

21 comentários:

Mónica disse...

Pássaros perdido na busca da Primavera.

Eu gosto de pensar que quando o Outono chega, é sinal que a natureza se prepara para se renovar e novamente preparar-se para receber a primavera!

:)

Isabel Filipe disse...

Belo.

Acho mesmo o Outono triste.

Bjs

wind disse...

Tão lindo:)))) beijos

lena disse...

guardo nos meus olhos a beleza das cores do Outono e embalo-me nos dias nostásgicos e perdidos

gostei deste poema, tens sempre algo de especial para partilhares

beijinhos

lena

Conceição Paulino disse...

é 1 belo poema k transmite bem o sentmento sentido/ pretendido comunicar. Mas, a minha ? interior, malli o texto foi: pq: "triste outono"?
O outono aqui falado é outro. Um interior e não o das estações. Esse serve de pretexto. bj de luz e paz

fotArte disse...

Simplesmente espectacular!

Anónimo disse...

Um poema retratando um estado de espirito fundado numa estação que é o Outono. Momento agradavel de leitura. Beijinhos.

paper life disse...

Belo poema com uma imagem de solidão alentejana.
:)

Lmatta disse...

Olá
Beja
TIRO ali umas palavritas.
Junto-me a vocês no apoio a Manuel Alegre!
Gostei de ouvir o Zeca.
Olha quanto ao Outono as folhas caiem mas nascem lindas na Primavera não lamentes é a natureza ela é Mãe ela sabe
beijinhos muitos

Anónimo disse...

É melhor cerrar os olhos e deixar-nos embalar na melodia deste texto e na música de fundo. Rica simbiose que parece um sonho.Abraço.

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Olha, eu hoje vi nascer em mim a primavera há muito esperada :)

Um beijo grande da Lina/Mar Revolto

pinky disse...

bonito poema, não conhecia o autor, vivendo e aprendendo!

Anónimo disse...

venho agradecer a visita pelo meu blog
e como tu,alentejana de raca
nao poderia vir de deixar te de te cumprimentar e de dizer q tens um blog lindo
jocas

Anónimo disse...

Agradeço tuas palavras e ao mesmo tempo a tua compreensão, bem hajas por isso. Aqui vim ler um poema bem enquadrado com a época do ano, muito bonito, boa a tua escolha, assim como esta musica que me fez lembrar quando ela tocava antes do 25 de Abril na RR num programa ás 20h. Este Zeca era um cantor muito especial.
Boa semana, zezinhomota

fotArte disse...

Obrigado pela visita e por me ter linkado.
Uma Abraço e viva o Manuel Alegre!
;)

Raio de Sol disse...

tão belo este poema,deixei-me embalar nele...é demasiado belo e acolhedor...beijo

Anónimo disse...

Caro Lumife, sou uma leitora assídua do seu blog. Também sou apoiante de M. Alegre e, por isso mesmo, gostava de lhe dar conhecimento de um evento. Para tal, agradecia que entrasse em contacto comigo através do seguinte e-mail : Alentagana@hotmail.com
Obrigada pela atenção

Anónimo disse...

Venho agradecer tua passagem no meu cantinho. Muitas vezes deixamos de visitar blogs amigos, por absoluta falta de tempo, como bem o disseste. Tenho estado sempre aqui. Muitas vezes sem deixar registro, quando se trata de acontecimentos de tua terra, e outras vezes por querer apenas absorver o encanto dos poemas postados. Quero deixar-te este texto canônico, bastante conhecido, que versa sobre o tempo:

"Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derribar e tempo de edificar, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de saltar de alegria, tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras, tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar, tempo de buscar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de deitar fora, tempo de rasgar e tempo de coser, tempo de estar calado e tempo de falar, tempo de amar e tempo de aborrecer, tempo de guerra e tempo de paz." (Santo Agostinho).
Deixo tambem o registro de minha admiração pelo teu belo trabalho, assim como um abraço fraterno e os votos de dias iluminados de paz, esperança e amor.

Páginas Soltas disse...

Mais um bocadinho da tua alma para partilhares connosco.....
Obrigada Lumife....tudo o que vem de ti....vem com um aroma a sol e ventos do Alentejo!!
Abraço amigo da...........
gesto.de.mulher (maria)

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Luto com o Tempo, que me não dá tempo, para em oportuno tempo vos visitar.
Por isso venho, reconhecidamente, agradecer aos que passam e comentam nos meus blogs.
Também quero saudar os que, talvez como eu, não tenham tempo para me visitar.

Abraços para todos

IC disse...

Já há muito que manifestei que apoio Manuel Alegre. Tenho passado aqui sem comentar porque há poemas e canções que se ouvem em silêncio e a recordar ao menos a esperança.
Saudações! :)

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