quinta-feira, janeiro 05, 2006

Sebastião Penedo um Poeta de Alvito


Sebastião Penedo. Um amigo que já não está entre nós mas que deixou obra feita e apreciada que terei todo o prazer em publicar neste blog. Esta a minha homenagem.

Sebastião Penedo é natural de Alvito.

De entre as obras que deixou chegou-me às mãos o Poesia (Edição da Câmara Municipal de Alvito) que iremos a pouco e pouco colocando para vossa apreciação.

Depoimentos:

-“Sebastião Penedo é um poeta marcado pela terra que julgamos nativa e os seus melhores poemas foram-lhe segregados pela planície heróica. A sedução do Alentejo é conhecida. Os poetas de lá são como as casas: francos, receptivos. Um belo livro que de contínuo nos empurra para o meio de uma província muito amada “
João Maia


-“Em certos passos da sua poesia não sabemos bem se ele nos fala das coisas ou dos elementos, tão intimamente se conjugam nos seus versos a obra do homem com a obra da natureza.
Sagrado ou não pela crítica, a verdade é que Sebastião Penedo tem desde já lugar entre os mais castiços líricos da poesia portuguesa do seu tempo.”
João Gaspar Simões


-“Uma torrente de poemas que cantam como a água dos açude do Guadiana, que falam com sotaque alentejano, que são furos legítimos, desambiciosos e, ás vezes, em sua singeleza, muito belos, muito ricos, de imensas coisas: vida, amor, fraternidade, luz”
Urbano Tavares Rodrigues


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CEGUINHO SEM MÚSICA


No passeio, a meu lado,
vai indo
uma criança cega
pela mão de alguém.


Mas é minha dor silenciosa
que pela rua fora a conduz
e lhe vai contando
uma história.
Escuta, menino:
Era uma vez a luz…


E uma espécie de aragem,
estranha,
que não sei donde vem,
traz à minha dor
a fina música,
prolongada e triste,
de um violino
que o menino ainda não tem.





A NOITE ALENTEJANA


A planície já pôs sua roupagem
nocturna. Agora dorme, sem sentir,
um sono entre acordada e a dormir.
À noite, o Alentejo é a paisagem


dum brando sonho: a lua mira os olhos
ao espelho nos pegos das ribeiras.
Há malteses deitados pelas eiras,
além, uma queimada nos restolhos.


Ouvem-se as rãs nos poços coaxar.
Um cão vigia os gados ao relento
e o pastor dorme à porta da cabana.


Cheio de vultos, grilos e luar
e de rumores e de encantamento,
oh, como é grande a noite alentejana!




P O E S I A


Quando nós éramos crianças e morria
alguém amigo ou de família, o avô, lembro,
punham-nos uma tarja preta na manga
verde-axadrezada do bibe mais bonito.


Era o fumo no braço – sinal de finados.
O distintivo, o rótulo para certo tempo de luto,
conforme o grau de parentesco, a proximidade.


Era proibido rir, cantar e assobiar,
como se a morte castrasse o sentimento,
ou as lágrimas da vontade despida de chorar.


Não se sabia que não há luto por um grande amigo.
Não se sabia que a dor pode vestir aliviado,
verde, de todas as cores, vermelho e azul,
e pode, naturalmente, chorando, apetecer cantar.


Sebastião Penedo

21 comentários:

Conceição Paulino disse...

desconhecia, desconheçopara além dok hoje nos ofertaste. rara e doce sensibilidade. Obrigada. bjs de luz epaz

Grilinha disse...

Bonita homenagem e belos trabalhos que ele nos deixou. beijinhos amigo Lumife.

Anónimo disse...

Olá Lu...desculpa só agora vi o comentário de boa vinda...obrigada...desejo td de bom pra ti...beijosss...

lena disse...

uma revelação para mim e surpreendente, adorei, pareceu-me ouvir cantar o Alentejo

bela homenagem!

gosto das tuas partilhas, bons poemas que aqui li, parabéns por o divulgares

um beijo especial à Carolina que deve estar encantadora

beijinhos meus para ti mum abraço com carinho

lena

Anónimo disse...

Finalmente, uma boa notícia para todos!



Peço desculpa por me intrometer neste tema mas… há novidades que não podem esperar.

A partir do dia 22 deixa de haver motivo para nos preocuparmos com problemas inventados por este governo, como que a fazer-nos crer que isto está mau.

Todos a jogarem para o Sr. Silva que o Sr. Silva resolve.

wind disse...

Belos poemas! beijos

Anónimo disse...

Uma bonita homenagem , não conhecia o poeta.

Beijos e bom fim de semana*

Mónica disse...

Quando perdemos um poeta, apenas o corpo nos abandona, porque o seu espírito fica em cada palavra que deixou escrita para a eternidade.

Beijinhos

:)

MariaCareto disse...

Olá

parabéns pela netinha

uma vez que deixou um comentário na nossa página decidimos deixar lá um link para o seu blog

esperemos que retribua da mesma forma uma vez que o Cantinho precisa, masi do que nunca, de divulgação

desde já agradecemos

abraços e patinhas

MJ Careto

Anónimo disse...

Tantos e tão bons poetas temos! Desconhecidos, tantos deles!

Grata por me dar a conhecer este, Sebastião Penedo. Durante o fim de semana, voltarei para reler.

Porque é dia de Reis, um especial abraço.

(e a pequenota? :-)

Nilson Barcelli disse...

Parabéns pela tua iniciativa. Sem isso, provavelmente nunca leríamos nada do Sebastião Penedo.
É uma poesia sentida, vivida. Gostei de ler.
Abraço.

Anónimo disse...

Bonita homenagem e belos poemas deixados.Bom fim de semana.

Cristina disse...

Olá lumife,
Uma linda homenagem a quem parece ter tido muito talento.
Tem um lindo fim de semana.
Beijinhuu

Diolindinha disse...

Bonita homengem, vizinho. É verdade, às vezes chorando apetece cantar... outras vezes cantando apetece chorar...

Um abraço.

Conceição Paulino disse...

amigo, desejo-te um bom domigo pleno de luz e paz e aproveito para anunciar o nascimento da Amla e do
FRAG(mo)MENTOS
bjocas e ;)

Anónimo disse...

Belos são os poemas de Sebastião Penedo. Uma ternura de versos que ele nos presenteia em CEGUINHO SEM MÚSICA. Uma justa homenagem que fazes a esse grande poeta. Quero deixar-te os votos de um ano de grandes conquistas e realizações. Um afetuoso abraço.

Thiago Forrest Gump disse...

A poesia acalma a alma.

Bem escrito! :)

Anónimo disse...

Bonne Anée, Bonne Anée!!!

e bom fim de semana tambem!

...a sulista esstá de volta ;-D

Muito obrigada pelo postal e pelos comentários de Boas Festas!

Beijinho a toda a fammília ;-)

O Turista disse...

Desconhecia...
Aquele abraço!
Boa Semana!

Manuel Poppe disse...

Obrigado! Soube, hoje, da poesia de Sebastião Penedo, através da Crítica de João Gaspar Simões.

Manuel Poppe disse...

Obrigado! Soube, hoje, da poesia de Sebastião Penedo, através da Crítica de João Gaspar Simões.

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