domingo, fevereiro 12, 2006





PÁSSARO CINZENTO


Voa agora, meu pássaro cinzento,
leva contigo a alma de presente;
meus sonhos, minha vida, meu lamento,
transporta em tuas asas mansamente.


Leva para o mar, para o céu, para a eternidade,
logo que hoje desponte a madrugada;
o meu grito de dor e esta saudade,
do tempo em que te davas, descuidada.


Solto de mim, enceta outra viagem,
inventa-me outra vida, outra passagem,
põe cobro ao meu penar, ao meu tormento.


Procura outro começo sem cansaço:
voa livre na vastidão do espaço…
meu coração, meu pássaro cinzento!


(Orlando Fernandes in Alentejo... e outros poemas)

3 comentários:

Abade.anacleto disse...

Espectacular! Adoro poesia. Este poema onde a saudade e a nostalgia se entranham numa esperança não perdida é como que um símbolo, uma bandeira desta nossa alma alentejana de branco e azul caiada, de planície nunca calada...Sim! a Planície chama-nos. Parabéns por nos teres dado a conhecer esta pequena jóia.

wind disse...

Este poeta é mesmo bom:) Gosto muito! beijos

Isabel Filipe disse...

Um belo poema...como aliás todas as tuas escolhas...não conhecia...gostei muito.

Boa semana
Bj

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

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