terça-feira, março 21, 2006





ODE ALENTEJANA

Alentejo mal amado,
Solo agreste, meu irmão;
Teu sonho não é ceifado,
Enquanto houver um montado,
E quem cultive teu chão.


Nesse teu cantar dolente,
Grito da terra esquecida,
Há uma queixa pendente,
Adiada eternamente
Pela madrasta da vida.


Vives sonhos de abastança,
Na planície sem fim;
E tens espigas de esperança,
Que calam na tarde mansa,
A dor dum viver ruim.

Não há suão que te vença,
Nem seca que te amedronte,
Nem chuva a mais é sentença,
Que te alague a fé imensa.
De haver fartura no monte.


Os homens alentejanos,
Não renegam a raiz.
Podem viver desenganos,
Separá-los oceanos…
Que Alentejo…é seu país.



Orlando Fernandes in Alentejo…e Outros Poemas


6 comentários:

Lagoa_Azul disse...

No dia da poesia...
Uma maravilhosa ode alentejana,

Deixo ao Orlando Fernandes um beijo por seu lindo poema,

Para ti beijos com carinho.

pedro oliveira disse...

«Eu cheguei e não falei
Aos senhores que aqui estão
Mesmo cantando lhes digo
Boa noite como vão
Viva a bela sociedade
Viva a bela união
Vivam os da minha idade
E os mais velhos que aqui estão»

retirado do livro:
"Altos silêncios da noite minhas vozes vão rompendo" de J.M. Monarca Pinheiro

Um abraço e até breve...

Isabel Filipe disse...

Belo poema...
como todas as tuas escolhas.

Bjs

wind disse...

Apesar da dureza o povo alentejano não desiste:) beijos

O Micróbio II disse...

O Micróbio faz hoje anos...

Mocho Falante disse...

o que eu gosto dos cantigos alentejanos.....

Abraços

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

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