quinta-feira, maio 18, 2006

Foto de Jorge Jacinto-1000 Imagens



Este inferno de amar - como eu amo!
Quem mo pôs aqui nalma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tam serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...


(Almeida Garrett)

2 comentários:

Anónimo disse...

O melhor poema de Garrett...para mim. Lindo...cheio de emoção...de sentir...um abraço alentejano

wind disse...

O amor em Garrett parecia sempre tão sofrido. Beijos

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

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