quarta-feira, julho 26, 2006

Suão


Foto de Joâo Espinho








A terra sequiosa, gretada de sede,
deitada num mar amarelo de restolho,
queda-se adormecida até ao por do sol
nos silêncios da planície.


Os sobreiros angustiados,
ardendo na febre do suão,
erguem aos céus os ramos secos
feitos mãos em súplica.


As aves, esvoaçando inquietas,
choram gritos de sede
nas margens desalentadas
de ribeiras sem água.


Um Alentejo queimado,
de entranhas em fogo,
mastiga em desespero,
a poeira quente, das últimas eiras.


Na charneca, prisioneira do suão,
calando amarguras,…ainda cantam
as cigarras, os grilos, os moscardos…
e os homens alentejanos!



(Orlando Fernandes – Alentejo … e outros poemas)






7 comentários:

Isabel Filipe disse...

belo poema...não conhecia...

bjs

Barão da Tróia II disse...

Excelente, meu amigo excelente.

Lmatta disse...

lindo poema
gostei
beijos

O Micróbio II disse...

Programas bem atractivos... mas só de pensar no calor! :-)

Maria Papoila disse...

Adorei o seu blog. É que eu também sou apaixonada pelo Alentejo!

wind disse...

Muito bem descrito o Alentejo nesse belíssimo poema1:) beijos

Isabel Filipe disse...

bfds

bjs

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...