quarta-feira, agosto 22, 2007

NOCTURNO




O desenho redondo do teu seio
Tornava-te mais cálida, mais nua
Quando eu pensava nele...Imaginei-o,
À beira-mar, de noite, havendo lua...

Talvez a espuma, vindo, conseguisse
Ornar-te o busto de uma renda leve
E a lua, ao ver-te nua, descobrisse,
Em ti, a branca irmã que nunca teve...

Pelo que no teu colo há de suspenso,
Te supunham as ondas uma delas...
Todo o teu corpo, iluminado, tenso,
Era um convite lúcido às estrelas....

Imaginei-te assim á beira-mar,
Só porque o nosso quarto era tão estreito...
- E, sonolento, deixo-me afogar
No desenho redondo do teu peito...

Poema de David Mourão Ferreira

Foto de Oleg Kosirev

4 comentários:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Bela escolha, lindo o seu blogue.
Beijos,

Fany

Espaços abertos.. disse...

A fonte inspiradora do mar,a grande metáfora entre este e a escultura de um corpo feminino.
Bjs Zita

Teresa David disse...

É bom ver-te com a sensualidade ainda latente através das palavras de grandes escritores e poetas.
Bem hajas
Bjs amigos
TD

Lisa disse...

Olá Lu...

Preferi comentar neste post neste momento...como vê..somos dois a sonhar...linda poesia (lembra mto meus sonhos a que tanto almejo um dia acontecer...como esta poesia...no mar ...na brisa que sopra e toca nosso rosto...é tudo mto mágico e nisso me deixo sonhar e ficar no mundo da lua...)...

Beijosss...

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...