segunda-feira, setembro 03, 2007

Quanto, quanto me queres ?

Foto Anthony Schuber



Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto (1900-1959)

6 comentários:

Lúcia Laborda disse...

Oie Beja, sem dúvida um belo poema. A verdade é que costumamos avaliar depois que perdemos. Mas acredito que precisamos apenas vivê-lo intensamente.
Que sua semana seja de grandes realizações.
Beijos

Lisa disse...

Olá Lu...

Muito lindo o post e a imagem demonstra toda a sensibilidade de ternura e amor...

Desejo a ti uma linda semana com ternura...

Beijosss...

peciscas disse...

Excelente o Botto( como sempre), a imagem e a música.

MARIA disse...

Caro Lumife,
Como sempre é extraordinário o poema que tu escolheste: belíssimo!
Pessoalmente não o subscrevo porque para mim o amor, que é mesmo amor, nunca se perde.
Para mim um grande amor só se avalia em função da coragem com que somos capazes de o fazer Ser e pela persistência em o manter.
Se não tivermos nem uma coisa, nem outra, nunca temos nada a perder. E nem perdemos.
Um beijinho para ti e uma boa semana.
Maria

Anónimo disse...

Só avaliamos a angústia da perda depois de experimentar o seu gosto amargo. De que vale dizer-se a dor da queimadura sem nunca ter sentido a carne em fogo a consumir-se?
Somos feitos disso; das alegrias, mas muito mais daquilo que lhes dá valor: as mágoas...

BF disse...

verdade ...só depois de perdermos valorizamos o amor que existiu.

Beijos
BF

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