sexta-feira, dezembro 05, 2008

HELENA MONTEIRO




Correndo a net e espreitando pelas suas frinchas indo aqui e ali investigando nomes conhecidos ou não desta vez fui encontrar uns poemas de Helena Monteiro.É um sítio que desconhecia ainda que soubesse que a Autora em outros locais nos delicia com sua arte e suas escolhas das palavras da poesia ou da pintura.

Aqui vos deixo os endereços dos seus blogs que merecem vivamente ser conhecidos e apreciados:

ALICERCES

LINHA DE CABOTAGEM

TRAÇOS E CORES

Para além dos poemas de sua autoria que a seguir apresento Helena Monteiro tem muito para partilhar connosco.

Aproveitem este fim de semana mais comprido para conhecer alguma da sua obra.








ENCOSTANDO O OUVIDO À NOITE

Se tu soubesses da solidão das palavras
enrolarias o silêncio
na noite sem pirilampos

depois
como numa prece

ouvirias do mar o canto.





COMO UM CASTIGO

Quando as tuas mãos rolarem
as palavras como seixos
ouvirás a melodia
o som do mar
ou será do grito?

Só contam as palavras na tua mão
as que abarcares e rolares
despreza as que tombarem
a ganância não as engrandecerá
as mais pequenas permitir-te-ão
ampliá-las
com a leveza da brisa
ou a finura da bruma
e quando órfãos quase vazias
mudá-las-ás de lugar
num fervor só teu
isento de enredos ou de modas.

Descobrirás então as tuas palavras
e com elas escreverás uma canção
de amor
simples como o primeiro beijo
clara como a neve sobre as árvores
livre
porque saberás
como Sisífo
que a montanha é obstinadamente íngreme
e por ela rolarás cada palavra
na quotidiana emenda da harmonia.



PROPOSITADAMENTE SEM TÍTULO

não sei das sombras
das verdadeiras
conheço aquelas onde respiro
ou as outras por onde meço o sol
mas das sombras
das reais
não lhe conheço o contexto
é temente que as percorro
quando o azul as domina
e no insólito do instante me trazem
a projecção de um sonho ou de um assobio
vivo-as temerosa e incrédula
como, quando criança,
os pirilampos enchiam de fantasia e medos
as noites de maresia

não sei das sombras
quando para além de mim
o ruído instala as dúvidas
na frágil teia do dia-a-dia.




INTROSPECÇÃO

Convoco-te, dualidade
por entre os labirintos da noite
face a face
deslocaremos as peças
deste xadrez sem futuro
de balizas temporais

díptico de extremos exangues

Convoco-te, dualidade
na planura do tempo
a alba se cumprirá.



são de seda e de vento as tuas crinas
indomável o teu porte
quando ante todos e tudo
és a concisão da palavra
liberdade

só o incauto julga o poder pelas rédeas.




NOTA: Todas as aguarelas e esboços são de Helena Monteiro.


10 comentários:

hfm disse...

Obrigada pelo trabalho e pelas palavras. Um abraço.

Adriana disse...

A cada dia suas postagens ficam mais interessantes e lindas!bom fim de semana

mfc disse...

Visito a Helena faz alguns anitos.
É sem dúvida (Não, não é um elogio gratuito) uma das vozes que fazem a boa diferença nestas andanças dos blogs.

Peter disse...

Gostei do poema ENCOSTANDO O OUVIDO À NOITE e do esboço sobre a praia da Ericeira.

ASPÁSIA disse...

GOSTEI DE CONHECER ESTA POETISA-PINTORA QUE POR MOMENTOS ME PRENDEU, PELAS IMAGENS E PELAS PALAVRAS, SUBTILMENTE ENTRANÇADAS COM A NATUREZA QUE NOS RODEIA!

OBRIGADA POR DAR A CONHECER E UM BOM FIM DE SEMANA PARA SI, LUMIFE.

pin gente disse...

gosto muito de visitar os blog's da helena... de ler as suas palavras e ver os seus traços.

beijos a ambos... a ti que a mostras e a à helena pela obra.
luísa

ps- obrigada pela tua simpatia. vais aparecer?

Isamar disse...

Conheço a sua obra mas nunca é de mais divulgá-la. Bem-hajas, amigo!
Fazes um trabalho de muito valor.

Beijinhos

Unknown disse...

Bela e interessante postagem!
Aceito o conselho, passarei por lá.

Beijinhos

Anónimo disse...

Excelente trabalho aqui postado...

Beijo doce

jorge vicente disse...

uma grande poetisa e pintora.

bem-hajas, lumife

um abraço
jorge

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