terça-feira, novembro 03, 2009

A NOSSA TENTAÇÃO DE FLORIR





Figueira

ó árvore que irrompes da tua secura

suportando o penoso desdobrar de teus ramos

amaldiçoada

ofereces ainda a doçura de teus frutos

a sombra de tuas folhas

a firmeza do teu apego à terra



Ó dura bruta forma

heroína da escassez

ó teimosa

que insistes e insistes

e nos ensinas

que a vida é feita de incessantes mortes

e que a nós

suas futuras vítimas

nos aguarda

a todo o momento

a derrocada do templo

sem nenhum outro fruto

além da amargura



Ó doçura

porque amargas tanto

a nossa tentação de florir

ao mesmo tempo sendo tudo

e nada ?



Ana Hatherly


2 comentários:

O chavelhudo disse...

grandes enfeites saem daquela cabeçorra.

Diria o meu compadre Justino... grande par de cornos

vieira calado disse...

Olá, bom dia, meu caro!
Acabo de postar o endereço do seu blog,
numa lista de amigos que recentemente publicaram poemas meus,
ou à minha poesia se referiram.

Muito obrigado.

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...