sábado, abril 23, 2011

ADEUS





Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

EUGÉNIO DE ANDRADE

terça-feira, abril 12, 2011

ABRI A MINHA JANELA...





Abri minha janela ao vento norte

A ver se o frio me acordava

De um sonho em que eu próprio duvidava.

- No céu brilhavam estrelas mais que nunca.

Em vão, desde então, eu procurei

Lembrar o seu olhar, a sua imagem

Tão bela, tão perfeita, mais miragem.

- No céu brilhavam estrelas mais que nunca.


Ruy Cinatti


Foto Aleksandr Talyuka

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...