terça-feira, julho 26, 2011

ESVELTA SURGE !





Esvelta surge! Vem das águas, nua,
Timonando uma concha alvinitente!
Os rins flexíveis e o seio fremente...
Morre-me a boca por beijar a tua.

Sem vil pudor! Do que há que ter vergonha?
Eis-me formoso, moço e casto, forte.
Tão branco o peito! — para o expor à Morte...
Mas que ora — a infame! — não se te anteponha.

A hidra torpe!... Que a estrangulo... Esmago-a
De encontro à rocha onde a cabeça te há-de,
Com os cabelos escorrendo água,

Ir inclinar-se, desmaiar de amor,
Sob o fervor da minha virgindade
E o meu pulso de jovem gladiador.

CAMILO PESSANHA (1867 - 1926)

(John William Waterhouse)

1 comentário:

MARIA disse...

Fantástico!
Como são sempre as escolhas poéticas deste blogue. É por isso que um dia o conheci e o apreciei e desde então o estimei e estimo sempre mais.

Um beijinho amigo

Maria

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

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