segunda-feira, agosto 22, 2011

SÓ TU FALTASTE...





Só tu faltaste

Inesperada e mansa
a chuva começou a descer
sobre a cidade.
E a cidade ficou deserta, num instante.

E então,
eu que tinha um encontro marcado
com a chuva
com a cidade
e contigo,
corri a esse encontro
em que a cidade me esperava
e a chuva não faltou.

E eu a recebi no rosto
como uma bênção. E a cidade
ganhou magia, pronta
para ti.

Mas TU faltaste ....
E a magia se foi.

E tarde
Se pôs triste, feia,
escura, molhada,
como são, sem ti,
as tardes de chuva.

Como, sem ti,
São, afinal, as tardes
e as manhãs
E as noites

De todos os dias


António Melenas


Foto de António Carreteiro - Olhares

3 comentários:

Branca disse...

Lumife,

Que belo poema aqui encontrei deste poeta que se bem me lembro já cá trouxeste várias vezes, tão belo que me deixa muda de espanto a olhar para ele, que é como quem diz a percorrê-lo com o olhar e a interpretá-lo com a alma toda, porque gosto de chuva e porque acho realmente que quando estamos felizes ela é uma benção que cai dentro de nós,

Beijos

Branca disse...

Parabéns para o fotógrafo, porque a imagem é belíssima, traduz tão bem o sentimento no olhar e era realmente da foto que ia começar por falar e acabei por não o fazer. Peço desculpa.

Parabéns aos dois artistas, o da palavra e o da imagem.


Beijos

Lara disse...

António Melenas... que saudade da sua escrita, do seu blogue, recordo como ontem o dia que partiu.
Mas cá ficou, por quem foi e por aquilo que escreveu.
Pessoas que fazem parecer todos os dias tardes de chuva, quando faltam... Lindo!...

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

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