A manhã era clara, refulgente.
Uma manhã dourada. Tu passaste.
Abriu mais uma flor em cada haste.
Teve mais brilho o sol, fez-se mais quente.
E eu inundei-me dessa luz ardente.
Depois não sei mais nada. Olhei ... Olhaste ...
E nunca mais te vi ... - Raro contraste -
A madrugada transformou-se em poente.
Luz que nasceu e apenas cintilou !
Deixou-me triste assim que se apagou,
às vezes fecho os olhos; vejo-a ainda ...
E há tanto sol dourando esses trigais !
Olhaste, olhei, fugiste ... Ai nunca mais,
nunca mais tive outra manhã tão linda !
VIRGÍNIA VITORINO
(n. Alcobaça, em 13 de Agosto de 1895 - 1967) Poetisa e dramaturga .
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