segunda-feira, julho 08, 2013

POEMA DA DESPEDIDA



Poema da despedida





Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
 os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
 nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

MIA COUTO


Foto de Sergey Ryzhkov


2 comentários:

Branca disse...

Adoro Mia Couto e este poema é lindíssimo.

Sauddaes de vir aqui.

Beijos

Branca (Brancamar)

alfacinha disse...

Mia Couto grande autor, econtrei numa apresentação de um livro
cumprimentos

PORQUE VOLTO

  PORQUE VOLTO . Volto, porque há dias antigos que ainda nos agarram com o cheiro da terra lavrada, onde em cada ano, enterrávamos os pés e ...