quarta-feira, outubro 15, 2014

OLHANDO-SE

Olhando –se

O espelho enche-se com a tua
imagem; e queria tirá-lo da tua
mão, e levá-lo comigo, para
que o teu rosto me acompanhe
onde quer que eu vá. 

Mas sem ti, o espelho
fica vazio; e ao olhá-lo, vejo
apenas o lugar onde estiveste, e
os olhos que os meus olhos procuram
quando não sei onde estás.

Por que não fechas os olhos 
para que o espelho te prenda, e 
outros olhos te possam guardar, 
para sempre, sem que tenham de olhar,
no espelho, o rosto que eu procuro?

Nuno Júdice

Foto de Andrey Gogolev

Sem comentários:

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...