A VERDADE É QUE FOMOS de RAUL DE CARVALHO
.
A verdade é que fomos
feitos do mesmo sangue
violento e humilde
.
A verdade é que temos
ambos a graça de compreender
todos os homens e todas as estrelas
.
A verdade é que Deus
nos ensinou
que este é o tempo da razão ardente.
.
Deus hoje deu-me um pouco
do que toda a vida lhe pedi
foi esta calma e simples aceitação
de que é preciso que estejas
longe de mim
para que amando eu possa conservar
o meu coração puro.
.
As ruas hoje pareciam mais largas
e mais claras
.
As casas e as pessoas
pareciam diferentes
.
Foi só o tempo de pedir a Deus
que prolongasse o generoso engano.
.
Tu ensinaste-me as palavras simples
as palavras belas
as palavras justas
.
E fizeste com que eu já não saiba
falar de outra maneira.
.
O amor substitui
o Sol — que tudo ilumina.
.
Sonhar contigo é quase como
saber que existo para além de mim.
.
Se basta que de mim te lembres
para que o sono facilmente venha
porque não hás-de dar-me amor a paz
com que o meu coração de há tanto tempo sonha
.
Vês como é tão simples
ter o coração
tão perto da terra
e os olhos nos olhos
e a alma tão perto
da tua alma
.
Por que será
que quanto mais repartimos
o coração
maior e mais nosso ele fica?
.
Raul Maria de Carvalho (Alvito, 4 de Setembro de 1920 — Porto, 3 de Setembro de 1984), foi um poeta português.
Foi incluído no lote dos 100 melhores poetas do século XX português, por Jorge de Sena e Eduardo Lourenço considerou-o herdeiro de Álvaro de Campos.
.
Em 1997, a Câmara Municipal de Alvito instituiu o "Prémio de poesia Raul de Carvalho". Para além de homenagear o poeta local, este prémio pretende ainda apoiar e divulgar de novos talentos.
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A verdade é que fomos
feitos do mesmo sangue
violento e humilde
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A verdade é que temos
ambos a graça de compreender
todos os homens e todas as estrelas
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A verdade é que Deus
nos ensinou
que este é o tempo da razão ardente.
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Deus hoje deu-me um pouco
do que toda a vida lhe pedi
foi esta calma e simples aceitação
de que é preciso que estejas
longe de mim
para que amando eu possa conservar
o meu coração puro.
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As ruas hoje pareciam mais largas
e mais claras
.
As casas e as pessoas
pareciam diferentes
.
Foi só o tempo de pedir a Deus
que prolongasse o generoso engano.
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Tu ensinaste-me as palavras simples
as palavras belas
as palavras justas
.
E fizeste com que eu já não saiba
falar de outra maneira.
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O amor substitui
o Sol — que tudo ilumina.
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Sonhar contigo é quase como
saber que existo para além de mim.
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Se basta que de mim te lembres
para que o sono facilmente venha
porque não hás-de dar-me amor a paz
com que o meu coração de há tanto tempo sonha
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Vês como é tão simples
ter o coração
tão perto da terra
e os olhos nos olhos
e a alma tão perto
da tua alma
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Por que será
que quanto mais repartimos
o coração
maior e mais nosso ele fica?
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Raul Maria de Carvalho (Alvito, 4 de Setembro de 1920 — Porto, 3 de Setembro de 1984), foi um poeta português.
Foi incluído no lote dos 100 melhores poetas do século XX português, por Jorge de Sena e Eduardo Lourenço considerou-o herdeiro de Álvaro de Campos.
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Em 1997, a Câmara Municipal de Alvito instituiu o "Prémio de poesia Raul de Carvalho". Para além de homenagear o poeta local, este prémio pretende ainda apoiar e divulgar de novos talentos.
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