sexta-feira, janeiro 21, 2022

ECO

 


ECO


Vagas são as promessas e ao longe,

muito longe, uma estrela.

 

Cruel foi sempre o seu fulgor:

sonâmbulas cidades, ruas íngremes,

passos que dei sem onde.

 

Era esse o meu reino e era talvez essa

a voz da própria lua.

Aí ficou gravada a minha sede.

Aí deixei que o fogo me beijasse

pela primeira vez.

 

Agora tenho as mãos vazias,

regresso e sei que nada me pertence

- nenhum gesto do céu ou da terra.

Apenas o rumor de breves sombras

e um nome já incerto que por mágoa

não consigo esquecer.

 

FERNANDO PINTO DO AMARAL

 

Foto de Olga Maleeva


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